spoiler visualizarilmatrbl 09/06/2024
O mar é o único inimigo.
Que surpresa agradável foi esse livro! Eu tinha grandes expectativas e estava esperando lançar e assim que lançou comecei a ler e nossa, ainda bem que esperei por ele.
A história é bem interessante, retrata bem a dificuldade de ser uma mulher no meio acadêmico (no caso da effy, de ser a única) e como esse ambiente, (ainda hoje) consegue ser machista e terrível. O sonho de Effy era ser estudante de literatura mas a faculdade de literatura não aceitava mulheres com a desculpa de que: "Seria inadequado admitir mulheres, uma vez que, devido ao gênero, são incapazes de demonstrar grande habilidade nas faculdades de análise literária ou compreensão." Ridículo! Então sua única alternativa foi cursar arquitetura, sendo a única mulher no curso. Quando o herdeiro de Emrys Myrddin (seu escritor favorito) divulga um concurso para escolher um arquiteto para fazer a planta para a mansão Hiraeth onde seu pai viveu até sua morte, ela vê uma oportunidade de finalmente sair do ambiente terrível da faculdade e fazer algo significativo da sua vida. Porém após ser escolhida e chegar a casa ela percebe que Hiraeth não é nada do que ela esperava e assim a história começa a se desenrolar.
Na mansão ela encontra Preston um estudante de literatura que está na casa para desenvolver sua tese que se baseia em provar que Myrddin não é o verdadeiro autor de Angharad, e aí se desenrola um romance fofo entre os dois, em um determinado momento o Preston pede ajuda da Effy para escrever sua tese, depois de perceber como a mesma conhecia muito bem Angharad sendo capaz de citar de cor várias partes do livro ele promete que, seu nome estaria presente no artigo e que ele lutaria por ela até que ela conseguisse ser inscrita no curso de literatura.
O livro traz uma fantasia interessante, acho que faltou um pouquinho de explicação sobre como esse mundo fantasioso funciona e como ele foi descoberto mas no que estava presente no livro foi amarrado muito bem. A fantasia gira em torno da história do Rei das fadas e sua amante Angharad, e em como apesar de ser um mito para muitos a Effy enxergava o Rei das Fadas e sabia que ele viria buscá-la em algum momento, o livro escrito por Myrddin é sobre esse conto, sendo o favorito de Effy, que releu centenas de vezes por ser seu conforto, o livro é considerado um marco revolucionário pela sua escrita e profundidade e as partes citadas do até então livro eram tão interessantes que eu gostaria que ele realmente existisse para eu ler também.
Uma coisa que mexeu muito comigo foi o amor pelos livros representado muito bem nessa trama, ver a paixão de Effy pelas obras de Myrddin e como o livro a ajudou em diversas fases de sua vida foi lindo. Como já era de se esperar a água e referências a ela estão presentes no livro todo, o livro é bem ambientado nesse contexto e trás em diversos momentos metáforas bem interessantes a respeito do mar e seus perigos.
O livro trás um desenvolvimento belíssimo da Effy, uma personagem que sofreu nas mãos da mãe, do professor da faculdade, dos seus colegas de curso, passou de uma menina frágil que escondia seus problemas, sofria calada e vivia medicada para uma mulher que sabe se posicionar e que não aceita que outros decidam por si o que ela quer.
Os personagens são tão bem desenvolvidos! Eu me apaixonei por todos, principalmente pela Angharad que aparece só no final do livro mas que eu gostaria muito que a autora lançasse uma obra só do ponto de vista dela.
E por fim, tudo foi muito bem amarrado no final, a autora deu bons desenvolvimentos a todos no livro e tudo no final foi muito bem explicado, a única coisa que me decepcionou um pouco foi o embate da Effy e do Rei das fadas, esperava algo mais grandioso mas de resto o livro é ótimo, a investigação da Effy e do Preston em busca de provas para a tese (que foi desenvolvida pelos dois) foi muito legal, até eu me vi analisando coisas até desvendar que escreveu de fato o livro. Eu me senti encantada e imersa pela história, gostaria que se estendesse por mais dois livros só para eu continuar vivendo nesse universo.
O livro realmente mostra que o amor pela literatura pode salvar a todos como salvou a Effy.