Poesia Completa e Prosa Seleta: Manuel Bandeira

Poesia Completa e Prosa Seleta: Manuel Bandeira Manuel Bandeira




Resenhas - Poesia Completa e Prosa Seleta: Manuel Bandeira


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Laércio Becker 25/02/2021

Na prosa, a edição de 1958 é melhor
Comprei essa edição de 2020 na esperança de que seu volume 2, de prosa, seria melhor que a clássica de 1958. Dei com os burros n'água. A de 1958 é mais completa. Vou provar.

A edição de 2020 até que começa bem. A apresentação de André Seffrin é superior à “Nota editorial” de Afrânio Coutinho.

Depois vem uma “Fortuna crítica”, que a edição de 1958 não tem. Embora conte com apenas quatro textos (de Sérgio Milliet, Antônio Carlos Villaça, Carlos Newton Jr. e Ângelo Oswaldo de Araújo Santos), num total de 12 míseras páginas (p. 14-25). Isso sem contar uma “Notícia sobre Manuel Bandeira”, de Otto Maria Carpeaux, inexplicavelmente perdida (p. 768-74) em meio aos “Ensaios literários” de Bandeira (p. 600-825).

No “Itinerário de Pasárgada”, enquanto a edição de 1958 contava apenas com uma “Nota preliminar” de Franklin de Oliveira, a de 2020 faz um cotejo entre várias edições, como explica Carlos Newton Jr. em notas de rodapé no texto “Critérios da edição”.

Como se vê, a edição de 2020 largou bem. Mas é um cavalo paraguaio. Começa a diminuir o ritmo nas “Crônicas da província do Brasil”. Eu imaginava que incorporaria as fontes dos textos, identificadas na edição da Cosac Naify (2006). Em vez disso, ainda dispensou a “Nota preliminar” de Otávio Tarquínio de Sousa, da edição de 1958.

Mas o desastre mesmo está na “Flauta de papel”. Em relação à edição de 1958, deixa de republicar 89 crônicas e a “Nota preliminar” de Afrânio Coutinho. Ainda assim fica com mais crônicas que a péssima edição da Global (2014, reedição reduzida da primeira, de 1957, sem as 13 originárias de “Crônicas da província do Brasil”) e que a “Seleta de prosa”, organizada por Júlio Castañon Guimarães para a Nova Fronteira (1997). Vamos aos números: 213 crônicas na edição de 1958, 124 na de 2020, 60 na da Nova Fronteira e 46 na da Global.

No capítulo seguinte, “Andorinha, andorinha”, a edição de 2020 se recupera, já que a edição de 1958 é anterior a esse livro organizado por Drummond (de 1966). Mas podia ser melhor. Primeiro que seleciona apenas 92 crônicas das 285 desse livro. Segundo que, até onde pude perceber, não restaurou a originalidade dessas crônicas, já que foram mutiladas por Drummond. Sim, mutiladas por Drummond, por que o espanto? Eduardo Coelho restaurou a originalidade de 9 delas na coletânea “Melhores crônicas”, publicada pela Global, em 2003.

Em “Gonçalves Dias”, a edição de 2020 não republica a “Nota preliminar” de Odylo Costa Filho e a “Iconografia”. O que, cá entre nós, não faz grande diferença.

Quanto ao “Guia de Ouro Preto”, sem novidades.

Nos “Ensaios literários”, o desequilíbrio é menor. A edição de 2020 não republica a “Nota preliminar” de Antônio Cândido e uma “Autocrítica” de Bandeira (não datada, que não se confunde com a de 04.11.1956, da “Flauta de papel”, que a edição de 2020 também não republica). Em contrapartida, publica uma “Oração de paraninfo” de 1949 (que não se confunde com outra de 1945, que consta em ambas as edições).

Outra vantagem da edição de 2020 é a republicação do verbete “A versificação em língua portuguesa”, também posterior à edição de 1958, já que saiu originalmente na enciclopédia Delta Larousse, de 1960.

No capítulo “Crítica de artes”, a edição de 2020 só não republica a “Nota preliminar” de Murilo Mendes.

No “Epistolário”, a edição de 2020 é superior, com 144 cartas, contra 117 da edição de 1958 (e apenas 10 na “Seleta de prosa” de 1997).

Mas volta a perder conteúdo ao não publicar um “Índice onomástico”, tal como o da edição de 1958. As bibliografias são diferentes, porém não consigo concluir qual edição é melhor nesse quesito. Por fim, um último cartão amarelo: a edição de 2020 não tem títulos correntes, ao contrário da de 1958.

Em resumo, para quem já tem a edição de 1958, a de 2020 não é uma inutilidade completa, sobretudo por causa do “Epistolário”. Mas para quem tem a de 2020, a de 1958 é imprescindível, principalmente por causa da maior quantidade de crônicas da “Flauta de papel”.
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