Carisma e poder

Carisma e poder Ian Kershaw




Resenhas - Carisma e poder


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Leandro Moura 06/05/2024

É um bom livro de resumo, mas não espere nenhuma grande novidade
Quando vi esse lançamento, eu não pude deixar passar. Parecia prometer análises de liderança com relatos históricos resumidos. Justamente o grande mérito do livro está no breve resumo dos líderes abordados, pois muitos deles são pouco ou quase nada conhecidos no Brasil, como Tito, Adenauer, Helmut Kohl ou Francisco Franco. Mesmo a Thatcher, que é bastante conhecida por aqui, NÃO tem uma só biografia publicada em português - e olha que existem pelo menos umas três ou quatro boas.
Por outro lado, o maior problema do livro é tentar oferecer conclusões. O autor, Ian Kershaw, é um respeitado historiador britânico especializado em Segunda Guerra Mundial e Alemanha Nazista. Os capítulos sobre Mussolini e Hitler são obviamente muito bem escritos. Mesmo o capítulo sobre Churchill reconhece que o tal "herói da guerra" tinha umas opiniões NADA heroicas sobre as colônias britânicas e umas atitudes BEM problemáticas, o que já me faz dar um crédito para ele.
No entanto, as outras análises são no mínimo medíocres, isso quando não são completamente equivocadas. O viés excessivamente ocidentalista e anti-comunista pinta Lênin quase como um ditador sanguinário e Gorbatchov como um herói da democracia, o que é absolutamente ridículo e totalmente sem base na realidade. O autor parece não se constranger em concluir que Gorbatchov tornou o mundo em um lugar melhor, mesmo sabendo (ou devendo saber) que a liderança desastrosa dele destruiu a União Soviética, prejudicou milhões de russos (isso que eu nem tô citando os povos das outras repúblicas soviéticas) e foi domesticamente execrada.
O livro teria sido muito mais proveitoso se o autor simplesmente apresentasse as perguntas, relatasse os fatos históricos e deixasse os leitores tomarem suas próprias conclusões. O epílogo, que tenta trazer algumas conclusões mais generalistas sobre liderança, também é bastante limitado e não consegue agregar nenhuma novidade, absolutamente nada que já não tinha sido desenvolvido ao longo dos capítulos.
Por isso, aconselho a leitura para quem quer conhecer mais os grandes líderes do século XX sem precisar ler aquelas biografias gigantescas, mas também não espere nenhuma interpretação diferente do senso comum ocidentalizado de "capitalismo bom, comunismo ruim". No entanto, reconheço que o autor até tentou ser cauteloso nos capítulos sobre Churchill e Thatcher, mas a visão exageradamente positiva sobre Gorbatchov e, em menor medida, Helmut Kohl, infelizmente denuncia o viés.
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