Livros e Pops 26/03/2024
Uma leitura indispensável!
Sinceramente, não sei como começar essa resenha. Tenho tanta coisa para falar e em tão pouco espaço que até cheguei a cogitar fazer um vídeo, mas sou tímida...rsrsrs
Então vamos direto ao assunto, não é mesmo?
Primeiro, queria falar sobre o que me motivou a iniciar essa leitura. Acho que não é novidade para ninguém que estou sempre em busca de livros com personagens que me representam de alguma forma, e aqui nessa história, o que me chamou a atenção inicial foi o fato de terem personagens autistas. Acho bem difícil encontrar livros que mostram o autismo como ele realmente é, sabe? Sempre tem muitos estereótipos errados ou exagerados demais, mas aqui, não. Nessa história, encontrei um autismo sendo representado de maneira verdadeira com toda a sua beleza e dificuldades. Isso me atrai em uma história: a verdade na narrativa. Porque não vejo vantagem em florear ou omitir algo só por não ser agradável a todos. Eu acho que se estamos representando um tipo de pessoa, precisamos fazer isso da forma correta. Eu adorei ver que a autora conseguiu transmitir de maneira incrível como é ser uma criança atípica e ainda mostrou os desafios diários e a importância de ter um apoio dentro do lar.
A história nos surpreende por ter diversas camadas. Você inicia acreditando se falar somente sobre o autismo, mas é surpreendido com temas subdesenvolvidos na trama como: luto, abandono parental, bullying, perdão, segundas chances, reencontro e claro que não poderia faltar o romance fofo, neah? Posso dizer que essa história é praticamente igual aquele programa de TV do SBT Casos de Família, conhecem? Hahahah Isso, levando para o lado divertido, pois também posso comparar essa história com aquela série de TV famosíssima e que amo de coração This Is Us. Sim, se você assistiu, você entendeu o que eu quero dizer e sim, você vai chorar durante a leitura.
Alguns assuntos foram bastante intensos para mim durante a leitura, pois sinto que tenho dificuldade fora do normal que é o perdão. Em vários momentos da história, essa abordagem do perdão me impactou e me trouxe um certo desconforto por se tratar de um tema complicado para mim. Não concordo com a atitude de alguns personagens e fiquei com certo ranço da Virginia e do Irineu, pelo que os dois fizeram com a Maitê. Achei injusto e desonesto da parte da Virginia, mas o Irineu... o que ele fez não merecia perdão de forma alguma, já que ele foi abominável!
Todos que leem essa história tendem a ficar com raiva da Jane. No início, eu fiquei, sim, com raiva dela e achava a véia chata pra caramba! Mas depois, eu entendi que ela só estava preocupada com os netos e acabei relevando todas as confusões que aprontava com a Maitê. Essa personagem me lembrou muito algumas famílias que possuem uma pessoa atípica em casa e que não sabe nada a respeito e acreditam estar ajudando, mas na verdade, estão atrapalhando e oprimindo. Acho que a Jane trouxe momentos tensos na história e seria a antagonista perfeita se não existisse o Irineu...hahaha
Os sobrinhos, Nick, Matheus e Gael são uma caixinha de surpresa que fui desvendando no decorrer da história. Me identifiquei tanto com Nick e com seu jeito sistemático e literal de ver e entender as coisas. Também achei o personagem incrível e com uma maturidade que condiz muito com quem tem autismo nível 1 de suporte e precisa aprender na marra algumas coisas que a vida não dão instruções para neurotípicos. Gael, tem autismo também e está no nível 3 de suporte. Gostei muito de a autora ter colocado 2 irmãos com 2 níveis de suporte diferentes para que fique bem visível as diferenças de necessidades, mas para que as pessoas consigam entender que ainda que os dois sejam diferentes, ambos são autistas e ambos precisam da mesma rede de apoio para lidar com suas limitações. Matheus é o único que ficou subentendido se é autista ou não, mas acredito que não seja. Esse bebezim é risonho e junto com Henrique, trás uma leveza para a história.
Mas quem é o Henrique? Esse é o mineirinho caipira que resolveu morar na cidade grande e acabou conquistando por um acaso o coração não só da Maitê, mas o meu também. Hahaha Fiquei apaixonada pelo personagem e pela parceria que existia entre ele e Maitê. Desde o início, ele sempre ajudando-a e apoiando com todo suporte que ela precisava. Acho isso incrível nas histórias, sabe? Talvez isso me impressione mais do que o normal, já que atualmente não é tão comum encontrarmos caras que são parceiros, companheiros, amigos e também estão dispostos a dividir uma vida com você. Talvez Henrique encantou Maitê porque além de ser um gato, ele também sabia fazer ela se sentir especial e isso faz toda a diferença. Enfim, neah? Henrique é um fictional boy e não existe... eu preciso aprender a lidar com esse fato. Hahahah
Agora, Maitê... eu não sei como falar dela sem dizer que é uma personagem incrível! A construção dela na história e todo o seu crescimento durante o processo é notório. Me senti envolvida na sua dor e em vários momentos, compartilhei de muitos pensamentos dela durante a narrativa. Antes de mais nada, preciso dizer que Maitê é uma mulher forte. Forte por ter sobrevivido a uma família desestruturada e por ter assumido uma responsabilidade enorme enquanto recomeçava sua vida do zero no lugar que estava carregado de memórias tristes. Sim, essa personagem precisou fazer algo que eu considero muito difícil, que é voltar ao lugar onde você sofreu e reescrever uma nova história neste lugar. E foi isso que Maitê fez. E fez bem. Você passa a história toda torcendo por ela e para que ela consiga enfrentar seus desafios (que não são poucos) e vencer todos eles. Você fica feliz quando ela descobre que é capaz e isso acaba de alguma forma inspirando quem está lendo também.
Algo que achei importante que estava presente na história e que precisamos na vida real, é de uma rede de apoio. Amigos, família ou até mesmo algum conhecido que possa ajudar. Não conseguimos caminhar sozinhos. Pedir ajuda é necessário. Cuidar é importante e se manter presente é primordial.
Vemos na história, o desespero de uma mãe atípica que se preocupa com o futuro dos filhos caso ela se vá. E é de apertar o coração quando você lê e entende a dor que existe entre tantas mães que passam cada momento se preocupando com os filhos e que por pouco, não esquecem delas mesmas. É lindo perceber a dedicação e o amor que as crianças dessa história possuem.
No final de tudo, eu achei essa história incrível. Impactante. Reflexiva e não posso deixar de dizer, triste. Triste, porque eu me senti igual a Maitê quando não consegui chorar naquela primeira carta que a Virginia entrega a irmã. Foi por muuuuito pouco que não chorei. Que carta linda, gente! Lembrem-se de mim quando forem ler aquela carta e chorem tudo o que não consegui chorar.
Se recomendo essa leitura? Acho que está bem óbvio que sim, neah? Rsrsrs Vale muito a pena a leitura para autistas, famílias atípicas e também se você precisa aprender mais sobre relacionamentos em suas mais variadas formas.
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