Amauri 28/09/2015
Antes de mais nada: Um Brinde a Tuca e Quilly!
Quando eu era mais novo, eu li alguns contos do autor Nelson Rodrigues. Ele tinha o dom de pinçar situações do cotidiano e nos mostrar como algumas pessoas são absolutamente bizarras quando olhadas por dentro. Mas uma das coisas que nunca me desceu foram as personagens femininas... Mas isso fica pra outro dia...
O livro da Tuca Hasserman tem muito haver com uma cronica de Nelson Rodrigues, e trás muita coisa nova se você quer comparar um e outro. A personagem principal é Quilonia Jensen, vulgo Quilly, uma estudante de jornalismo que quer subir na vida. Ela começa querendo dinheiro, mas vemos ao longo do livro que o que ela realmente quer é o poder que muito dinheiro e um marido influente trazem.
Falando em cronicas da vida cotidiana, temos todos os clichês: o paladino adolescente que vira policial membro de grupo de extermínio, a amiga certinha que é a FALSIANE da história, o machista poderoso e dominador que acaba enrolado... Todos muito amarrados pelos laços atados por Quilly e todos muito bem escritos pela Tuca! Nunca ninguém é "mal por ser mal", ou "bom por ser bom". Alias, boa mesmo só tem uma garotinha e... melhor deixar pra você leitor descobrir :)
A narrativa (sempre em primeira pessoa) as vezes salta entre os personagens, mas 95% ou mais do livro é a Quilly falando. E garanto que você vai rir e se emocionar com o jeito dessa mulher cínica, durona e teimosa e vai torcer por ela quando menos perceber.
A sinceridade de Quilly é acida, mas é aquele acido que corrói o verniz das convenções sociais. Ela esta sempre jogando, sempre medindo as palavras, focada num objetivo. Você pode ficar com raiva dela de vez em quando, mas o foco é a qualidade mais admirável dessa personagem que desperta inveja e ódio a princípio, mas ela não é má. Ela não magoa as pessoas de proposito, e vemos várias vezes ela ajudando os outros, seja por vingança ou simplesmente por gratidão devido serviços prestados.
O melhor do livro é que quando a Quilly adquire um certo poder ela o exerce de forma implacável, o que as vezes é assustador. E em nenhum momento eu achei que era forçado, pelo contrário, ela é de longe um dos personagens mais coerentes que já lí.
A escrita da Tuca é bem fluida, minha reclamação é que os diálogos de Quilly tendem ao monologo e ao épico, sem a menor necessidade. Li esse livro em um dia, você nem vai perceber a hora passar. Compre sem medo!
Recomendadíssimo! Mais um Brinde a Tuca e Quilly! COMPRE!
site: http://www.leiturasdemarie.com.br/2015/09/resenha-um-brinde-aos-que-vao-morrer_21.html