Lucas.Avelar 18/02/2021
Nostálgico, afetuoso e com gosto levemente amargo
O começo é arrastado, chega a ser chato, mas conforme a leitura progride fica gostoso. Aquele sabor de nostalgia, memórias da infância são uma delícia, uma época encantada e, por vezes, idealizada. Talvez - e o próprio Alves responde isso - se deva ao fato que as crianças são todas presentes, sabem viver sem saber disso.
Outro aspecto que me chocou é a próximidade da família do autor com a escravidão, eles descrevem antepassados que já os tiveram, se não me engano os avós do autor. A própria Tofa, empregada da família, negra, livre mas mesmo assim trabalhando para a família... senti um desconforto. Entendo que é a descrição de um tempo longínquo no qual o autor cresceu, sobre o qual não tem responsabilidade, mas as melhores memórias com ela eram sobre as tarefas que os pais, avós e quem mais vivesse ali não queriam fazer: cuidar dos filhos e netos, cozinhar, limpar...
É narrado em tom afetivo, até carinhoso, mas não deixa de me chocar o relato com tanta naturalidade desse outro que é quase uma nota de rodapé.