MachadiAninha 25/10/2022
Uma extensão complexa de O Jogo da Amarelinha
Me interessei por essa leitura devido à sua ligação com O Jogo da Amarelinha, do mesmo autor. 62 Modelo para Armar é, justamente, a continuação do capítulo 62 de Amarelinha. Este, um tanto quanto desgarrado do resto do romance, descreve como seria se um dos personagens de Cortázar escrevesse um livro sobre a psiquê e várias outras questões referentes ao comportamento humano.
A primeira frase desse livro, "Quisiera un castillo sangriento", había dicho el comensal gordo", pra mim, está dentro dos melhores inícios de romances.
Porém, assim como em O Jogo da Amarelinha, é preciso estar muito atento à leitura para acabar não se perdendo na quantidad excessiva de devaneios de Cortázar. Ainda por cima, o livro intensifica a complexidade ao, o tempo todo, trocar as vozes dos personagens e tipos de narrador sem aviso prévio.
Logo percebe-se que, apesar do enredo: um grupo de artistas amigos e suas relações entre si (bem como em O Jogo), não é esse o foco principal do romance. Trata-se muito mais, como o próprio capítulo 62 pontua, das reflexões feitas a partir dessas relações, dos estudos, as elocubrações... Enfim.
O livro me fez ficar perdida em alguns momentos e com certeza, para mim, precisará ser relido, a fim de que eu o entenda melhor. Apesar de cansativo, foi uma experiência interessante.