spoiler visualizarnanda :) 17/12/2023
Casa Velha: Machado, né?
“Não se podia ouvir-lhes nada, mas era claro que falavam de si mesmos. Às vezes a boca interrompia os salmos, que ia dizendo, para deixar a antífona aos olhos; logo depois recitava o cântico. Era a eterna aleluia dos namorados.”
Li esse livro para um seminário de português, que fiz afim de evitar fazer teatro. Esse conto se encontra na lista de 2025 da UNICAMP, e por isso ele foi o tema do seminário.
Até que eu gostei da história. É uma narrativa incomum, e eu nunca tinha lido um livro narrado por um padre -as coisas que Machado de Assis nos traz! Gostei das reviravoltas da história, e, no geral, apesar de ser uma leitura obrigatória, foi agradável.
Em especial, eu gostei da forma como os fatos foram contados para o leitor. As grandes revelações do livro não necessariamente possuiu um destaque na história; são contadas no meio da conversa, em meias palavras, afinal, estamos falando de uma burguesia tentando admitir seus erros a um padre. Algumas vezes, a conversa tomou rumos completamente diferentes, e eu só percebi que tinha perdido uma informação importante quando eu já não estava entendendo mais nada.
Não vou mentir, fui uma das pessoas que torceu por Laulau e Félix. Achei bonitinho esse contraste dos dois, onde ele é calado e reservado, e ela é extrovertida e falante. Também admito que fiquei triste quando, no fim, Laulau se casou com o Vitorino, mas, depois que fui estudar sobre a Literatura Realista, fez mais sentido para mim. Eu entendo, mas não significa que eu concordo!
Por ser um conto mais curto, aqui, não temos uma grande profundidade nos personagens, nada de análises profundas estilo Quincas Borba. Os quatro personagens principais, o cônego, Laulau, Félix e a mãe, são bem caricatos, e fáceis de identificar. Os outros mal aparecem, já que são pouquíssimas páginas, e todos acabaram se misturando na minha cabeça. Apesar disso, gostei dos protagonistas, em especial a Laulau, e fiquei triste demais em ver seu brilho se apagando.
Um fato que me agradou na história foi que não houve muito enfoque na pesquisa do padre, já que eu acharia isso muito enfadonho. Esse conto nada mais é do que uma grande fofoca, onde vemos as pessoas daquela casa se relacionando de todos os jeitos que não deveriam. Admito que a paixão do padre pela Laulau me pegou desprevenida, não esperava isso! Gostei que ele acabou enroscado nessa pataquada.
Por algum motivo, o português desse livro não me pareceu tão difícil? Não sei se é porque estou me acostumando a ler clássicos, mas, apesar das palavras desconhecidas, a leitura foi bem fluída, eu entendendo as coisas pelo contexto. Sei que é muito clichê dizer isso, mas eu realmente acho que tem um tempero a mais na escrita do Machado de Assis!
Enfim, uma boa história. Curti.