AleixoItalo 04/03/2020Como dito no prólogo pelo próprio autor, o realismo fantástico é um gênero inerente ao povo latino americano, diferente do fantástico europeu que é algo propositalmente criado, é algo que faz parte da nossa natureza.
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De qualquer forma, mesmo sendo um dos precursores do estilo não encontramos aqui o realismo fantástico clássico imortalizado por Gabriel Garcia Márquez. Encontramos sim um "mágico" típico das nossas crenças e superstições, mas que não foge muito do fantástico tradicional, é na verdade um insólito mais próximo ao encontrado em Macunaíma (Ooh livro ruim!).
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O livro acompanha os eventos que levaram a Revolta de São Domingos, a revolução e independência do Haitiana, que foi a primeira república governada por negros na América Latina.
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O ponto fraco do livro é a narrativa, contada através de capítulos curtos focados em eventos esparsos que apesar de pintarem um panorama geral, não conseguem passar a grandiosidade do evento. Duas a três páginas retratam um acontecimento, que é sucedido por eventos tempos a frente.
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Esse distanciamento dos fatos e praticamente nenhum desenvolvimento dos personagens (o personagem principal nada mais é do que um coadjuvante que assiste aos fatos quase sem dar nenhuma opinião sobre o mundo) não consegue criar um mundo orgânico (típico das boas obras do realismo fantastico) e obtém pouca empatia do leitor para os acontecimentos.
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Enfim, uma obra clássica latino americana, que retrata como o continente sofreu nas mãos dos colonizadores e como devemos a eles uma história tão controversa e sofrida, mas que não envelheceu tão bem.
P.S. Se você encontrou esse livro atrás de conhecer mais sobre o realismo fantástico, não deixe de ler Pedro Páramo, o clássico mexicano que influenciou diretamente Gabriel Garcia Márquez, e que mostra o "fantástico" tal qual eu nunca mais tinha vi!!!