O reino deste mundo

O reino deste mundo Alejo Carpentier




Resenhas - O Reino Deste Mundo


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Thales 10/12/2021

"No Reino
dos Céus, não há grandeza a se conquistar, pois lá tudo é hierarquia estabelecida, incógnita revelada, existir sem fim, impossibilidade de sacrifício, repouso e deleite. Por isso, esgotado pelas penas e pelas tarefas, belo dentro de sua miséria, capaz de amar em meio às pragas, o homem só pode encontrar sua grandeza, sua máxima medida, no Reino deste Mundo."

Eu não ia fazer resenha mas minha última atualização do livro ficou grande demais; pra não zoneá-la e dar o devido destaque ao belíssimo trecho acima resolvi deixar meus breves comentários para este espaço.

Primeiro é importante reconhecer o exuberante trabalho de pesquisa e composição do Carpentier, que nem haitiano era. Num livreco super curto ele conseguiu contar de maneira enxuta e muito bem encadeada o eventos da revolução, seus antecedentes e efeitos. Os capítulos são curtos, a linguagem é chamativa e a trama - mesmo sendo quase toda factual - é muito engenhosa.

Por tudo isso o que eu vou dizer a seguir pode soar paradoxal: o livro me cansou. E eu sinceramente não sei dizer o porquê. Absolutamente tudo nele me agradou, mas quando eu ia pegar nesse treco me batia uma PREGUIÇA, vai entender. Não sei se pela linguagem ser um tanto subjetiva - mesmo que seja bem acessível -, se porque eu parava a todo momento pra tomar notas... Mas fato é que ele me cansou.

Mas isso não importa. O que importa é "O reino deste mundo" é um livro brilhante de um autor brilhante que trata de um evento fundamental que é sistematicamente apagado da História. Por tudo isso ele tem que ser lido.
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Laura.Brito 30/07/2022

Crônica do real maravilhoso
"O que é a história da América toda senão uma crônica do real maravilhoso?"
Escrito por autor cubano, "O reino deste mundo" apresenta a revolução haitiana escrita com realismo mágico (real maravilhoso). Com passagens fantásticas descreve uma realidade permeada pela escravidão, a dicotomia entre opressor e oprimido, choques culturais e a imposição de novos valores - brancos - no pós-colônia.
Honestamente, não foi um livro que me prendeu, tinha grandes expectativas por ele ter sido indicado por Galeano em "As Veias Abertas da América Latina" e por ser um livro pioneiro em seu gênero. O estilo da narrativa de Carpentier, em vários momentos, mais descreve cenários e situa paisagens do que escreve ações. Mas admito que o capítulo final fez toda a leitura valer a pena.
Recomendo pela relevância do contexto histórico no qual a história se passa e pela necessidade de quebrar o etnocentrismo da literatura.
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Carlos Nunes 02/12/2020

Cheguei a esse livro, publicado originalmente em 1949, pelo escritor cubano Alejo Carpentier, quase por acaso, após uma constatação de que não conheço nada sobre a História da América Latina. E que surpresa! Apesar de curtinho, o livro trata do processo de independência do Haiti, que durou por um longo período, entre o final do século XVIII e começo do século XIX. O livro é dividido em quatro partes, e a gente acompanha um personagem, Ti Noël, que da juventude à velhice, padece das desventuras pelos quais passou o povo haitiano. No início, ele é um escravo, amigo de Mackandal, outro escravo, com quem ele discute o dia-a-dia da opressão e como seria bom serem livres. Mackandal sofre um acidente, se retira para o interior do país e passa a se dedicar ao vodu. Ele viria a ser um dos principais artífices da revolução e acabou se tornando uma figura quase mística. E por todo o livro a gente vê essa integração do vodu com a sociedade, colocado como o eixo central da motivação dos haitianos. Por conta disso, o livro é conhecido por ser um dos precursores, ou até mesmo o primeiro, a apresentar o que a gente conhece por "realismo fantástico" (que aqui é chamado de "real maravilhoso"). Ti Noël acaba participando das várias rebeliões que agitaram o país e culminaram com a tão esperada independência, mas que acabou não tendo um bom fim, pois o que ocorreu depois contribuiu muito para levar o país ao grau de pobreza do qual padece até hoje. Um livro excelente!
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Will 12/02/2022

A história haitiana desnudada em um mundo mágico bem apresentado pelo autor.
O reino deste mundo é uma bela obra baseada em fatos históricos sobre a independência do Haiti, contada em meio ao desenrolar da história de Ti Noel, escravo local e Mackandal, personagem mítico da revolução. Apesar do teor histórico, ela mescla muito bem elementos místicos, religiosos e supersticiosos da cultura local. Apesar de ser uma obra breve e com um desenrolar de acontecimentos lacônico, impossível não lembrar do realismo mágico de Garcia Marquez em Cem anos de Solidão, e também no clima histórico de Érico Veríssimo em O tempo e o Vento com a sensação das paisagens tropicais haitianas em contraste ás imagens dos campos gaúchos na Revolução.
Um elemento impossível de desassociar-se do livro é a opressão. Num primeiro momento, a escravidão imposta pelos franceses da forma já conhecida em praticamente toda a América. Após a revolução, então a escravidão imposta pelo autoritarismo, o pouco significado da vida diante da manutenção da nova máquina governamental.
Ótima experiência, uma viagem mágica pelo um tanto desconhecido Haiti, uma introdução histórica que abre caminhos para aprofundamento e elementos místicos que amplificam a experiência. Recomendo a leitura.

“Ti Noel gastara sua herança, e apesar de ter chega á extrema miséria, deixava a mesma herança recebida. Era um corpo de carne já vivida. E compreendia, agora, que o homem nunca sabe por quem sofre e espera. Sofre, espera e trabalha para pessoas que nunca conhecerá e que, por sua vez, sofrerão e esperarão e trabalharão por outros que também não serão felizes, pois o homem deseja sempre uma felicidade muito além da porção que lhe foi outorgada. Mas a grandeza do homem consiste precisamente em querer melhorar a si mesmo, a impor-se tarefas.”
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Valéria Cristina 28/03/2023

Realismo mágico
Este é o primeiro livro de leio de Alejo Carpentier e creio que comecei muito bem. Em uma narrativa enxuta, adentrando no realismo mágico, Carpentier repassa o processo de independência do Haiti, iniciado em 1791. Assim, toda a ação acontece na Ilha de São Domingos, no espaço do domínio francês.

Por meio da vida de Ti Noel, desde sua infância e juventude como escravo na fazenda de Lenormand de Mezy, sua ida para Santiago de Cuba após a revolta popular, até, quando já ancião, já de volta à sua terra natal, transmuta-se em pássaro. O domínio francês, a escravização humana sob essa colonização, a revolta popular, a ascensão ao trono de um rei negro (Henri Christophe) , sua deposição e o novo governo, tudo é relatado com uma escrita mágica e envolvente.

A questão que mais se destaca nessa narrativa, podemos perceber por essa passagem. “o velho começava a desesperar ante esse infindável renovar de cadeias, esse renascer de grilhões, essa proliferação de misérias, que os mais resignados terminavam por aceitar como prova da inutilidade de qualquer rebeldia.” Não importava quem estivesse no poder, o povo continuava a sofre sob o jugo de alguém: “os feitores de Lenormand de Mezi, os guardas de Christophe e os mulatos de agora... .”

Passavam-se os anos, mas a situação de exploração do povo pelas elites dominantes não se modificava.

Ademais, a pena do autor descreve a exuberância da região, suas praias, seus relevos, os alvoreceres e imensidão do mar, sua flora, sua arquitetura e a mescla cultural que surgiu do amálgama do francês com o crioulo haitiano.

Alejo Carpentier (Havana, 26 de dezembro de 1904 — Cuba, 24 de abril de 1980) foi um novelista, ensaísta e músico cubano, de origem franco-suíça.
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Leonardo Lemes 20/07/2022

O REINO DESTE MUNDO
Literatura pós-colonial, de autor cubano e representação haitiana, baseada em fatos históricos e mitos locais. Retrata a resistência enquanto colônia francesa e o estabelecimento da independência nacional. Discute conceitos sobre opressor e oprimido. Silenciamento de povos e imposição de cultura. A escravidão em três espaços: colonial, a forma conhecida pela América; revolucionária, tida pelo autoritarismo e reforçada pelos aparelhos repressores; e pós-colônia, na transferência de valores do Outro e na manutenção social. Considera-se, um livro introdutório da realidade maravilhosa na literatura, ou mais conhecida como realismo mágico, que aqui atua em virtude das metáforas e analogias com o tempo e o espaço. Possui uma ambientação lúdica, sinestésica em suas cores, sons e tatos; uma teia de personagens peculiares traduzidos para seus núcleos; e uma linguagem bastante formal, mas repleta de elementos culturais. "Mas a grandeza do homem consiste precisamente em querer melhorar a si mesmo, a impor-se Tarefas. [...] Por isso, esmagado pelos sofrimentos e pelas Tarefas, belo na sua miséria, capaz de amar em meio às calamidades, o homem poderá encontrar sua grandeza, sua máxima medida, no Reino deste Mundo."
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Letícia 07/06/2021

Sobre a luta pela independência no Haiti
O Reino deste Mundo é uma obra curta que conta, através do negro Ti Noel, as lutas do povo haitiano por liberdade e independência. O ciclo sem fim de violência e escravidão deixa feridas abertas até hoje.

A resenha completa com spoilers está no link abaixo!

site: https://desafiolivrospelomundo.com/2021/06/07/o-reino-deste-mundo/
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AleixoItalo 04/03/2020

Como dito no prólogo pelo próprio autor, o realismo fantástico é um gênero inerente ao povo latino americano, diferente do fantástico europeu que é algo propositalmente criado, é algo que faz parte da nossa natureza.
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De qualquer forma, mesmo sendo um dos precursores do estilo não encontramos aqui o realismo fantástico clássico imortalizado por Gabriel Garcia Márquez. Encontramos sim um "mágico" típico das nossas crenças e superstições, mas que não foge muito do fantástico tradicional, é na verdade um insólito mais próximo ao encontrado em Macunaíma (Ooh livro ruim!).
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O livro acompanha os eventos que levaram a Revolta de São Domingos, a revolução e independência do Haitiana, que foi a primeira república governada por negros na América Latina.
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O ponto fraco do livro é a narrativa, contada através de capítulos curtos focados em eventos esparsos que apesar de pintarem um panorama geral, não conseguem passar a grandiosidade do evento. Duas a três páginas retratam um acontecimento, que é sucedido por eventos tempos a frente.
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Esse distanciamento dos fatos e praticamente nenhum desenvolvimento dos personagens (o personagem principal nada mais é do que um coadjuvante que assiste aos fatos quase sem dar nenhuma opinião sobre o mundo) não consegue criar um mundo orgânico (típico das boas obras do realismo fantastico) e obtém pouca empatia do leitor para os acontecimentos.
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Enfim, uma obra clássica latino americana, que retrata como o continente sofreu nas mãos dos colonizadores e como devemos a eles uma história tão controversa e sofrida, mas que não envelheceu tão bem.

P.S. Se você encontrou esse livro atrás de conhecer mais sobre o realismo fantástico, não deixe de ler Pedro Páramo, o clássico mexicano que influenciou diretamente Gabriel Garcia Márquez, e que mostra o "fantástico" tal qual eu nunca mais tinha vi!!!
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Caroline Vital 14/12/2022

Ótimo
"O que é a história da América toda senão uma crônica do real maravilhoso?"

A independência do Haiti contada de forma belíssima, usando o realismo mágico.
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JAS 19/06/2021

Pioneiro do real maravilhoso, Alejo Carpentier relata parte da historia do Haiti, primeira república negra a ser proclamada. Pequeno grande livro. Espetacular!
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Monise Nunes 22/02/2022

O livro é curtinho, mas a linguagem é rebuscada demais, o que torna a leitura lenta e um pouco cansativa, confesso.
Gosto muito de realismo mágico e fui com muitas expectativas pra esse livro, por se tratar do pioneiro do gênero, não digo que me decepcionei, mas é claro que expectativas sempre geram frustrações.
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Fabio Martins 30/07/2015

O reino deste mundo
Em nova busca por obras latino-americanas que seguissem a vertente do realismo mágico, encontrei recomendações do escritor cubano Alejo Carpentier, do qual nunca havia ouvido falar até então, e sua obra O reino deste mundo.

Para ser exato, quando o livro foi publicado, em 1949, ainda não havia sido desenvolvido o termo “realismo mágico”, como conhecemos hoje. Carpentier classificava a sua obra como “real maravilhoso”, pois, em sua opinião, toda a história da América Latina tinha um quê de fantasia. E esse privilégio não era apenas do Haiti, onde a história é representada.

Ela narra a saga de Ti Noel, escravo negro do monsieur Lenormand de Mezy, que fazia parte da elite francesa branca que dominava o Haiti antes de sua independência. O protagonista traça o panorama da vida na região e seus trabalhos em meados do Século 18.

Surge, então, a figura histórica – e real – do escravo Mackandal, que se torna especialista em ervas, cogumelos e outros itens naturais após perder um braço em uma máquina de cortar cana. Depois de surpreender a todos e sumir sem deixar vestígios, o foragido entra em contato com Ti Noel para envenenar alguns animais de seu amo.

A partir daí, inicia-se uma onda de envenenamentos e mortes inexplicáveis, causando furor nos comandantes. A busca pelo rapaz é intensa, mas os presos diziam que nunca iria ser pego, pois se transformava em animais para se infiltrar nos locais sem ser notado. Certo dia, porém, Mackandal aparece e é capturado e queimado vivo. Suas ideias de libertação e união do povo escravo, entretanto, ficaram vivas nos o ouviam.

Vinte anos – e doze filhos – depois, Ti Noel vê estourar a rebelião de escravos no Haiti, com os insurgentes matando os colonizadores e destruindo tudo. Lenomard de Mezy foge rapidamente para a ilha de Santiago de Cuba e torna-se um bêbado inveterado. Com isso, tem que vender o escravo protagonista do livro ao jamaicano Bouckman, que depois de um tempo o concede a liberdade.

Ao voltar à sua antiga residência, Ti Noel descobre um novo Haiti, liderado por negros e mulatos com uniformes napoleônicos e costumes voltados à influência europeia, e não de seus ancestrais. Ele é forçado a trabalhar para o soberano de origem africana com ar de colonizador Henri Christophe.

A obra se desenrola a partir daí com as reflexões e desenvolvimento da história conturbada e pouco efetiva da independência do Haiti, a primeira da América Latina e que se estendeu de 1791 a 1806.

Confesso que esperava uma narrativa mais detalhada e um enredo mais encorpado, pois a história de independência do país é rica e complexa. O livro é curto e passa por todos esses acontecimentos rapidamente. Além disso, a linguagem é rebuscada e não é das mais fáceis de ler, apesar de não caracterizar exatamente um problema. A leitura vale por se tratar de um acontecimento histórico real romantizado e fiel, com traços de fantasia e relatos interessantes. Afinal, como diz o autor, “o que é a história da América toda senão uma crônica do real maravilhoso?”.

site: lisobreisso.wordpress.com
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Rub.88 13/12/2017

Independência é Liberdade
Posse. Ter algo. Ser Dono. Conquistar e pagar são sinônimos. Mas qual é o preço? Quem determinar isso? O valor das coisas e pessoas. O maior crime da humanidade foi e é a escravidão.
No livro O Reino deste Mundo de Alejo Carpentier nascido na Suíça, mas de nacionalidade cubana, é narrado o levante de escravos que rebenta na independência da antes conhecida colônia de Saint-Domingues, hoje Haiti.
O cativo Ti Noel participa do inicio do levante, que começa com a sabotagem do gado da fazenda em que sofre a labuta humilhante debaixo de pancadas e ameaças. A figura mística do escravo maneta Mackandal com suas estórias dos deuses africanos e seu sumiço messiânico dá forças ao movimento que vai crescendo, se espalhando nas outras propriedades dos brancos. A repressão é violenta e tardia. Com a revolução em pleno ápice todo ódio de séculos de servidão vem à tona. Depredação da casa grande, roubo dos objetos brilhosos, caros e inúteis, morte aos capatazes de tez morena e violações das senhoras da varanda.
Na fuga, latifundiários levaram os bens mais fácies de carregar, pois eles andam sozinhos. Ti Noel vai para a ilha de Cuba com seu mestre que o perde no baralho. A liberdade chega quando depois de mais de uma década de economias escondidas o negro comprar a si mesmo. Pegou um barco e voltou para a antiga fazenda que não passa de chão abandonado.
A terra liberta e abolida estava uma bagunça. Ex-escravos se autoproclamando reis e imperadores, queriam viver a moda francesa. Trabalho obrigatório e serviço compulsório ainda existiam. Era como o recomeço do antigo regime, mas a cor dos rostos de quem trabalha e quem manda sendo a mesma. A revolução tinha acabado agora era a busca, ou criação, da própria identidade nacional.
Este maravilhoso livro mostra o imaginário fantástico, onde os oprimidos buscam forças para encarar a realidade cruel do cativeiro. Nada me revolta mais o estomago que pensar que em algum momento da historia humana; a que passou, a atual e a que está por vir, alguém possa se achar no direito de ser dono de outra pessoa. Eu cuspo da cara de um filho da puta desses!
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Tiagofas 09/07/2020

Legal, mas chato.
História interessante, mas chato de se ler. Falta fluidez na obra.
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Tito 09/02/2011

A realidade mágico-histórica de um insólito Haiti.
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