Louise 05/03/2021Estreia triunfante de F. C. EdwinImperial Shopping, Curitiba, por volta das onze da noite. O local se prepara para encerrar o expediente, os últimos clientes estão deixando o cinema, terminando de pagar seus quadrinhos, saindo do salão de festas. Na maior calma do mundo, um casal conversa sobre os pôsteres pendurados na parede e sobre zumbis. Mal sabiam Nicole e Lucas que essa despreocupada enrolação teria graves consequências logo mais.
Enquanto a vida seguia normalmente para alguns, para outros a história era bem diferente. Um alucinado cientista sai com uma pressa incomum de seu local de trabalho, dirigindo o mais rápido possível para longe dali. Porém, seu plano foi por água abaixo. O cientista, Oliveira, começou a sangrar profusamente, precisava parar o carro e tentar reverter essa situação. O Imperial Shopping estava a poucos metros dali e, assim que estacionou, se trancou no banheiro para tentar remediar uma das hemorragias mais graves já vistas. Em poucos minutos, a consciência de Oliveira não mais existe. Existe apenas um adormecido desejo brutal esperando para ser despertado.
Os Hospedeiros da Morte possui todos os elementos necessários para uma boa história de epidemia: doença desconhecida, sintomas incomuns, cientistas correndo para encontrar uma cura – sem sucesso, cobaias humanas, desespero, personagens tomando algumas decisões burras e, com isso, aumentando o número de infectados e, é claro, sangue. Nesse caso, muito sangue.
Enquanto no início temos toda aquela tensão de confinamento, logo depois as coisas acontecem calmamente, detalhando cada acontecimento, o que faz com que a ação de fato demore um pouco. Como o próprio nome do livro diz, aqui tratamos da contaminação. Porém, quando enfim acontece, é um horror desmedido e impactante. Edwin consegue esmiuçar os sentimentos de cada personagem, cada transformação e morte. Nenhum personagem é descrito de forma rasa, o que deixa muito fácil para o leitor se conectar com cada um deles.
Além das óbvias inspirações em inúmeros filmes de contágio, onde se vê claramente que a autora prestou bem atenção e tirou seus melhores elementos, nota-se fortes influências do Mestre Stephen King.
O primeiro volume de Os Hospedeiros da Morte é a estreia triunfante da paranaense F. C. Edwin, e podemos aguardar mais momentos grotescamente sanguinários para sua sequência.
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