O mar

O mar John Banville




Resenhas - O Mar


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Letícia 06/04/2013

Sempre O Mar...

Bom, não sei bem como esse título me chamou a atenção. Talvez buscando ao longe (tá bom, nem tão longe assim), pode ter sido que meu cérebro fez uma inferência ao livro O velho e o mar de Ernest Hemingway. Quando eu li "O velho e o mar", um livro de poucas páginas e tão profundo, saí da leitura com a sensação de que jamais leria outro livro igual. E é verdade, a gente nunca lê um livro igual ao outro, a gente não faz a mesma observação em uma releitura, enfim, O mar de John Banville me chegou, primeiro pela lembrança de um título de outro livro, e também, por que vi no Skoob da Ladyce, que pra mim é uma boa mina de novos títulos, pois leio as opiniões dela, e também, mesmo quando não concordo, eu acabo lendo pra conhecer também.


A sinopse do livro nos conta o seguinte: "Neste romance, John Banville constrói uma narrativa emocionante, trabalhando a linguagem como um grande artista. Em 'O mar', Banville conta uma história com vários momentos, na qual o narrador, Max Morden, procura viver o presente e o futuro no passado, na busca por recuperar-se da constante presença da morte."

Banville constrói sua narrativa com idas e vindas em seu passado, presente e por assim dizer a projeção do futuro. Narrativa entrecortada, mas que com as palavras certas, e um certo tom irônico e às vezes cômico, nos leva a participar da história, da sua dor, da construção da sua vida e dos momentos por vezes imaginário.

Lidar com perdas, com dor, não é tarefa simples, mas não o torna um livro pesado e arrastado, pelo contrário, apesar de ter deixado em mim algumas marcas, é uma narrativa que nos faz pensar em algumas coisas sim, acerca da vida e da morte.

Em alguns trechos do livro, nos identificamos, pois a linguagem simples e clara do autor, nos leva a essa imediata empatia.

"Há momentos em que o passado tem tanta força que parece que vamos ser aniquilados por ele." página 43


E mais um trecho que me fez pensar bastante:


"Os últimos raios de luz do dia, que eu podia ver em parte pela metade superior da janela do bar que não era pintada, tinham aquela tonalidade raivosa de um marrom-arroxeado que acho comovente, mas, ao mesmo tempo, perturbadora, e que é a própria cor do inverno. Não que eu tenha algo contra o inverno; na verdade, é a minha estação favorita, juntamente com o outono; mas, este ano, esse brilho de novembro parecia o presságio de algo mais do que o inverno, e mergulhei num clima de amarga melancolia." página 212


Eu terminei a leitura assim, dando um suspiro que veio lá do fundo da alma.

Os livros nos escolhem e sempre nos impregnam com suas linhas e palavras, para mim é mágico, por vezes curativo, por vezes arrebatador e também serve de alerta.

A leitura preenche meus dias, meu ser e minha vida, sou grata aos livros por muitas coisas.

E esse livro é mais um dos especiais para mim, e foi um presente da Lunna Guedes.


Por Letícia Alves
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Daniel 30/01/2013

Identidade e Recordações
Um livro muito bom.
O narrador mergulha no passado para fugir do presente, e revive lugares e pessoas que fizeram parte da sua vida numa pequena cidade litoranea.
Extremamente bem escrito, melancólico, reflexivo, com passagens belíssimas.

"'O Mar' é tanto uma reconciliação com a perda quanto uma extraordinária meditação sobre identidade e recordações". é o que diz na orelha do livro, e é isso mesmo.

Recomendo com força.
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Ladyce 03/01/2010

O mar

Só este mês pude me dedicar à leitura de O mar, de John Banville. Eu estava à espera do momento próprio para lê-lo, um fim de semana quieto, talvez chuvoso, porque já conhecendo o estilo do autor por alguns de seus outros livros – de que gostei muito – eu sabia como seu tom reflexivo pedia pelo ambiente certo. Eu estava certa ao imaginar que essa leitura iria exigir a minha atenção e uma leitura cuidadosa. Além disso, preciso dizer que cheguei a este livro com muita expectativa: gosto imensamente da literatura inglesa e tenho sistematicamente concordado com as escolhas para o prêmio Man Booker, por diversos anos.

Meu primeiro contato com John Banville foi na década de 80, quando tive a oportunidade de passar uns anos na Europa. Naquela época John Banville não era muito conhecido como escritor e eu tive aquela sensação maravilhosa de se ter “descoberto um novo talento que ninguém mais conhecia”. É claro que ele já ea conhecido, afinal de contas já publicara livros. Mas nenhum de meus amigos o conhecia. Ele era a minha descoberta. Minha apresentação ao seu trabalho foi com o livro Newton’s Letter,[A carta de Newton, não publicado no Brasil], que ainda que um pequeno romance me deu a oportunidade de contar para meus amigos sobre as belezas do estilo do autor. Ele havia me conquistado! Depois li Kepler e mais tarde ainda, li The Book of Evidence. Todos em inglês. Já que nenhum dos dois últimos se comparava co A Carta de Newton, tirei umas férias do escritor com medo de ter simplesmente lido demais do mesmo autor e ter-me cansado.

Então, fiquei duplamente desapontada depois de ler O Mar. Primeiro, por discordar com a escolha do Man Booker de 2005. Não que Banville não merecesse. Claro que merecia, mas não por este livro. Segundo, eu fiquei desapontada com o livro propriamente dito, cuja narrative achei manipulativa e indulgente, apesar da beleza da linguagem usada. Da escolha do vocabulário. Achei a história bastante comum, com conseqüências que são previsíveis, e achei que o narrador fez rodeios deliberados, seu estilo de pensamentos soltos uma mera desculpa para transformar o que era um conto num pequeníssimo romance.

Mas é claro que John Banville é um grande artesão da palavra, um mestre da língua inglesa, que ele sempre usa com precisão, e este romance mais uma vez demonstra isso. Há através do texto frases preciosas, pérolas poéticas, observações astutas que podem facilmente ter uma vida muito mais longa do que este romance propriamente dito. Conhecido por seus personagens nem sempre queridos, John Banville, neste romance deu a chance e mais espaço do que necessário a um personagem principal desprezível, o narrador. Uma escolha literária que ainda me distanciou um pouco mais desse romance; algo que me roubou do puro prazer da leitura. Ele é, sem sombra de dúvida, um excelente escritor apesar de todos os seus esforços de antagonizar o leitor com seus personagens quase sempre detestáveis. Isto torna impossível para mim dar menos do que 4 estrelas para um total máximo de 5. Mas eu não recomendaria este livro como o livro de apresentação ao autor. Escolha um outro título.

30/03/2008

Esta resenha foi publicada em dois locais: Living in the postacard e na Amazon.
Kelly 30/07/2012minha estante
pois esse foi o primeiro e único já lido do autor, e eu simplesmente me apaixonei. Confesso que bastante difícil de ler no começo, não achei uma leitura fácil e fluida, abandonei uma vez ou duas, não lembro bem, mas depois de um tempo simplesmente acabou fluindo e me apaixonei pelo livro, pela história comum vista sob o olhar de um homem de meia idade qualquer, achei extremamente interessantes as falhas de memória que o personagem, como todos nós, tem. Achei o final simplesmente apaixonante na sua simplicidade, achei interessante a análise de uma vida feita pelo narrador, a mistura de passado e presente. Enfim, amo.


Ladyce 31/07/2012minha estante
Kelly, fico feliz de você ter gstado. Banville é um excelente escritor. Realmente esse não é o meu favorito dele. Ou talvez esse não tivesse sido o momento certo para ler esse romance. Há isso também. Mas gosto de saber que ele te arrebatou, e assim você certamente terá nos outros livros de Banville mais momentos de boa leitura. Obrigada pelo comentário.




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