Resenhas -

Wellington.Pimente 25/09/2023

Estudo impressionante!
Adrian Raine professor de criminologia, psiquiatria e psicologia na universidade da Pensilvânia lançou essa obra em 2013 em língua inglesa e aqui no Brasil em 2015. Vivenciou uma experiência pessoal nas férias de 1989 quando estava em Bodrum, na Turquia e um intruso entrou em seu quarto de hotel, ele despertou e de forma instintiva agarrou o agressor, como se estivesse ligado num piloto automático e nessa luta, acabou tendo sua garganta cortada por uma faca, escapando de sequelas e por muita sorte, pois a faca era de baixa qualidade e a lâmina havia quebrado e ficado somente um pequeno fio. Houve a prisão e o rápido julgamento (o autor compara como se fosse uma novela, de tão absurdo) do ladrão, sendo condenado pelo delito.

Como o próprio relata após o episódio: "Repentinamente senti uma onda de raiva em relação a toda essa situação. O ladrão que poderia ter me matado com facilidade, havia se livrado facilmente. Ele deveria ter sido espancado. Sua garganta deveria ter sido cortada. Ele deveria passar o resto de sua vida dormindo com medo, hipersensível ao menor ruído durante a noite. Alguns anos preso não parecia ser o justo.
Essa experiência teve um efeito poderoso sobre mim. Rompeu a minha fachada exterior de valores humanitários liberais e me pôs em contato com um sentimento profundo e primitivo de justiça retributiva. Eu, que havia sido criado na Inglaterra como um adversário convicto da pena de morte, me tornei uma pessoa que já não podia ser excluída de um júri por crime capital nos EUA. Um instinto evolutivo de vingança foi desencadeado dentro de mim, e permaneceu em mim por anos refletindo sobre a situação e seus questionamentos internos, como:
- A agressão defensiva tem origem genética?
- Pode meu cérebro estar programado para responder de modo agressivo, sendo sua mente racional, por experiência profissional dizer que essa não é a resposta certa?
- E como sua percepção física em relação ao suspeito, no momento de identificação, o fez concluir que ele era culpado?

Assim o autor escreveu a obra através de seus estudos com o intuito de informar para qualquer leitor comum sobre como as novas e intrigantes pesquisas científicas descobriram a base biológica do crime e da violência. E que os fatores sociais e interação com forças biológicas podem produzir diretamente as mudanças biológicas que levam uma pessoa à violência e os resultados práticos do conhecimento neurocriminal. Um livro excelente que espero que atualmente os estudos estejam ainda mais avançados para detectarmos com maior precisão as causas biológicas que podem levar um humano à criminalidade.