Cabala e a arte de preservação da alegria

Cabala e a arte de preservação da alegria Nilton Bonder...




Resenhas - Cabala e a arte de preservação da alegria


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Carla.Parreira 15/03/2024

Cabala e a arte de preservação da alegria (Nilton Bonder). Melhores trechos: "...É curioso pensar sobre o fato de que não há livre-arbítrio quando estamos sujeitos a uma preferência. Se escolhemos um parceiro, por exemplo, por qualquer razão, digamos porque é esbelto, perdemos de imediato a possibilidade de optar, já que sua beleza condicionou a escolha. O fato é que qualquer motivação predestina nossa escolha e a rouba de nós, razão pela qual o livre-arbítrio tem a ver com escolher evitar escolhas. Os compromissos e os valores que destilamos ou burilamos em nossas vidas constituem escolhas que são inegociáveis. A liberdade humana, única entre as espécies, não é a de fazer o que bem se entende, até porque outras espécies também fazem isso. A liberdade humana, seu livre-arbítrio, está justamente em desativar as escolhas obrigatórias que fazemos por instinto ou natureza e transformá-las em princípios incorruptíveis... Se você achar que merece o que tem, jamais sentirá gratidão, pois foi causado por seu próprio mérito. Se você achar que merece e não for bonificado, vai se sentir injustiçado e começará a flertar com a raiva. E se achar, de maneira equivocada, que tem mais do que merece, também experimentará um sentimento devedor e temeroso de perder seu privilégio, algo muito distante da gratidão. A gratidão brota da atitude de não nutrir expectativa quanto a qualquer merecimento. Ela ocorre quando nos damos conta de que tudo o que é bom na vida é de graça – porque não passa por merecimento. Reconhecer isso é abraçar uma humildade estrutural... A tristeza é uma disposição que inibe as emoções, levando as pessoas à desistência ou à apatia. A alegria, por sua vez, funciona ao contrário, estimulando as emoções e admitindo várias delas conjuntamente de forma aberta e intensa. A alegria ama, teme, respeita e odeia amplamente. Importante não confundir a alegria com o bom ou a tristeza com o mau. Enquanto disposições que são, ambas não podem ser definidas como propriamente positivas ou negativas. Já os efeitos por elas gerados, esses podem ser entendidos assim. Porque a alegria potencializa e tonifica emoções enquanto a tristeza manifesta carência de emoções, ou, quando em um ponto extremo, a ausência de emoções. A alegria promove interesse, curiosidade, dinamismo e vibração; a tristeza, abatimento e desinteresse... A tristeza ganha força sempre que tentamos contorná-la. Por ser constituída integralmente do desejo de controle, a estratégia de reprimila aprofunda os mecanismos de 'esperteza' quando deveríamos estar 'des-espertando'. Quando num lugar simples e real, sem maquiagens, a vida dissolve a tristeza na alegria natural que se faz presente em tudo o que é vivo... Assim como buscamos a viagem perfeita ou as férias dos sonhos, elaborando com esmero a construção de um cenário para nossa alegria, devemos saber que esta nunca estará em nada que nos seja externo. Ou a alegria está em nós ou não a encontraremos em lugar algum... A alegria depende mais de quem somos do que daquilo que nos acontece... É fundamental buscar uma 'outra profecia', apoiando-nos na positividade de que tudo irá dar certo. Esse não é um desejo ingênuo ou ilusório. É o reconhecimento de que nada na vida nos chega por merecimento, o que valida este olhar esperançoso. Ao dizermos que não merecemos algo, não afirmamos que somos ruins ou sem valor, mas que simplesmente tudo é de graça, não dependendo de mérito ou pagamento. 'Provai, e vede que Deus (a vida) é bom; bem-aventurado o homem que nele confia', diz o Salmo (34,8). O gosto de que a vida é boa não provém dos prazeres generosos dos quais desfrutamos, mas de sua gratuidade e da bem-aventurança..."
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