Pe. Jeferson 11/03/2024
Valha-me Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré!
Com certeza o Auto da Compadecida é a obra mais conhecida de Ariano Suassuna, em muito por causa do filme de 2000.
A peça conta a história de João Grilo que, no sertão da Paraíba do início do Século XX, usa da esperteza para levar a vida, superar os sofrimentos e se dar bem sobre a burguesia urbana, a elite rural, o clero corrupto, os bandidos e até o diabo.
Uma das diferenças marcantes entre a peça e a adaptação cinematográfica é a presença do Palhaço, personagem é a manifestação do próprio autor em cena. É ele que já nas primeiras falas dá a linha mestra para o entendimento da obra: “Ao escrever esta peça, onde COMBATE O MUNDANISMO, PRAGA DE SUA IGREJA, o autor quis ser representado por um palhaço para indicar que sabe, mais do que ninguém, que sua alma é um velho catre, cheio de insensatez e de solércia... Auto da Compadecida! O julgamento de alguns canalhas, entre os quais um sacristão, um padre e um bispo, PARA EXERCÍCIO DA MORALIDADE”.
Fica claro que a obra não tem um caráter anticlerical, como alguns chegaram a entender. Ela se usa da comédia para denunciar a péssima atitude dos maus clérigos. Ora, isso é defender a santidade da Igreja! Infelizmente a “praga do mundanismo” segue pervertendo muitos corações ainda hoje.
Cada personagem traz um pecado dominante latente em si: o padeiro a avareza, sua mulher a luxúria, o padre a preguiça, o bispo a vaidade, o cangaceiro Severino a ira... todos dignos da condenação no Tribunal da Justiça Divina, e é isso que aconteceria se não fosse a intervenção da Compadecida.
Nossa Senhora se compadece da triste condição humana e intercede por todos alcançando verdadeiros milagres da Misericórdia.
Façamos como o esperto João Grilo e confiemos na intercessão daquela que está mais perto de nós, Valha-me Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré!