Mariana Dal Chico 24/06/2020“Auto da compadecida” de Ariano Suassuna, publicado no Brasil pela Nova fronteira, que me enviou um exemplar de cortesia.
Em 1.999 me encantei com João Grilo e Chicó por causa da adaptação da peça para uma mini série exibida na rede Globo, mas só fui conhecer o texto original há poucos dias.
O que mais me encanta na escrita de Suassuna é seu humor inserido no ar de ingenuidade dos seus personagens, a crítica social inteligente apresentada de forma leve e realista. Não é algo escrachado, mas é facilmente perceptível para o público/leitor.
Segundo o próprio autor, Auto da Compadecida foi escrito com base em romances e histórias populares do nordeste.
O estilo da literatura de cordel é perceptível ao atentar-se para o encadeamento ritmado e compassado das palavras. A oralidade está presente e é um importante fator para a caracterização dos personagens.
Logo no começo da peça, temos uma situação que mostra como o distanciamento entre as classes sociais interfere não apenas ao longo da vida, mas também na morte.
A forma como o dinheiro corrompe a todos, inclusive àqueles que não deveriam se apegar aos bens materiais, me pareceu estar no centro da peça e é a partir dela que percebemos a mesquinharia, egoísmo, hipocrisia religiosa, a miséria do sertão, coronelismo, racismo. E é sensacional a forma como os mais humildes não precisam de dinheiro, e sim da inteligência, para se safarem de enrascadas.
Apesar de ter temas pesados como centrais, a peça é hilária, ri alto em diversos momentos.
Mais uma peça de Suassuna que me arrebatou, quero continuar na “descoberta” de sua obra completa.
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