Guia Prático do Português Correto

Guia Prático do Português Correto Cláudio Moreno




Resenhas - Guia Prático do Português Correto - Vol. 4


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Rolando.S.Medeiros 05/05/2024


Pontuação não é respiração!

Conheci o Cláudio Moreno primeiro no "Noites Gregas", como mitólogo (no sentido antigo: de recontar oralmente os mitos/histórias). Depois, como escritor de crônicas sobre o antigo mundo greco-romano. E por fim, então, como gramático e/ou estudioso da língua portuguesa — sua primeira formação.

E esse Moreno é tão bom quanto o Moreno do "Noites Gregas", guardadas as devidas proporções. (O das crônicas, porém…) Porque, principalmente, fala e expõe pontos de gramática sem "gramatiquês", "questiúncula de gramáticos; gramatiquice" — como aprendeu com o Mestre Luft. Ele foi o gramático do Zero Hora, e este livro aqui é uma reunião das respostas às dúvidas dos leitores com o eixo temático da pontuação (os outros volumes são a mesma coisa, mas com eixo temático diferente); as respostas, na coluna, sobre etimologia, curiosidades do idioma, descrição do português corrente deram origem a outro livro: O Prazer das Palavras. Também bem bom.

Em resumo, são respostas breves e direto ao ponto da questã. Com alguma pausa para uma exposição mais aprofundada — geralmente no início de cada seção — que justifica a feitura do livro. Por essa rapidez, deve ter sido o livro do assunto que li mais rápido: foram 150 páginas em menos de uma hora. Se isso é bom ou ruim (se absorvi de verdade ou não) não sei ainda, mas me ficaram anotações (poupei as que me eram muito específicas):

[A Vírgula não existe para marcar pausas] a finalidade mais importante da pontuação: "facilitar ao leitor o reconhecimento instantâneo da estrutura sintática das frases." São mais sinalizações/indicações. Mas deve se ter em mente que os escritores sempre utilizaram a pontuação em sentido muito mais amplo do que os dicionários se limitavam a registrar.

[Pontuação não é pausa] "o inverso não é verdadeiro: nem todas as pausas que fizermos na leitura terão, na escrita" as marcações de pausa. Todo sinal implica uma pausa [o Luft diria que os sinais indicam mais mudança de entonação que pausa], mas nem toda pausa tem o seu sinal correspondente.

[O principio da pontuação] O principio da pontuação: " ajudar o leitor a processar rápida e corretamente o que está escrito"
Acentuação é regra.
Pontuação é semântica, sentido, leitura.

[O principal ponto do livro] as frases normais não têm vírgula; as frases que têm vírgula não são normais. "ou seguimos a “regra”, e deixamos na frase uma mancha de óleo que fará muitos leitores escorregarem (...) ou colocamos ali uma vírgula redentora, que termina com qualquer risco e permite que todos os leitores, já na primeira leitura, extraiam da frase exatamente o que vocês pretendiam dizer"

[Virgula e verbo ser] "Dito de outra forma, não há palavras específicas que possam “repelir” ou “atrair” os sinais. Pode haver vírgula antes do verbo ser, depois do verbo ser e até mesmo antes e depois do verbo ser – tudo vai depender do contexto.

[Def. ou Fin. da Pontuação] "a finalidade essencial da pontuação, que é, como vimos, facilitar a vida do leitor, ajudando-o a percorrer o texto de maneira segura e confortável, sem o cansaço e a irritação dos desvios inúteis."

[Dogma versus Descrição] Não há um conjunto oficial das regras de pontuação "há, isso sim, autores antiquados, dogmáticos, que procuram impor a nós todos o seu modo particular de empregar os sinais, e autores modernos, que descrevem a prática dos bons escritores e tentam chegar a um razoável consenso sobre o assunto"


[Travessões e Parênteses de intercalação] "A primeira é típica: ao acrescentarmos uma intercalação a uma frase que já contém outras vírgulas indispensáveis, é melhor recorrer aos travessões ou aos parênteses, evitando assim que o acúmulo de vírgulas torne a pontuação complexa demais para permitir uma leitura fluente.

A segunda vantagem de utilizar o travessão ou o parêntese é a possibilidade de usar pontuação expressiva na intercalação; se optássemos pelas vírgulas duplas, seria 'impossível' empregar um ponto de interrogação ou de exclamação"

[Pessoal, mas nesse sentido:] "a pontuação é pessoal — não no sentido de que eu possa usar os sinais como me der na veneta, mas sim porque eu os emprego para dizer ao leitor como é que espero que ele leia meu texto, o que naturalmente vai gerar várias diferenças de estilo individual, todas toleráveis dentro do sistema.''

[Ponto-e-Vírgula, Trav. e Parent. e Reticências] "Sem o ponto-e-vírgula em uma enumeração complexa ou períodos densos "a pontuação ficará tão confusa que deixaria de orientar o leitor"

"os parênteses minimizam a importância da intercalação; os travessões, bem ao contrário, valorizam o elemento enquadrado entre eles."

Sobre as reticências exageradas, ou a facilidade do não-dito] “o ideal fácil do não dito substituía o esforço para dominar o dito”

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