Resenhas - As Almas do Purgatório ou o Trabalho de Luto

Wagner 21/11/2015

PELOS SUFRÁGIOS DOS VIVOS

(...) foi Santo Agostinho, no século V, quem primeiro contribuiu de maneira decisiva na definição, não de um local, mas das penas purgatórias, entre a morte e a ressurreição final para os pecadores, que poderiam ser aliviadas pelos sufrágios dos vivos (...)

in; VOVELLE, Michel. As almas do Purgatório. São Paulo: Unesp, 2010. pag 27

Vinicius 27/08/2023

Purgatório como ferramenta para o luto
Leitura bem complicada e relativamente maçante, mas muito interessante para compreender a história da mitologia cristã, no que se refere ao discurso sobre o luto e como ele se desenvolveu ao longo dos séculos (criação da terceira via).

Minha parte favorita foi a luta ideológica da igreja no campo do pós morte, contra espiritualidades que afirmam o retorno dos mortos como espíritos ou qualquer outro tipo (e como no fim a igreja ela perde).

Por fim, um dos parágrafos que elucida o tema do livro:

?Não podemos nos esquecer o tempo longo, os dez séculos de duração durante os quais o purgatório passou de uma conquista para, ao mesmo tempo, tornar-se um instrumento ambíguo de controle social e ideológico, e também, olhando de baixo, o reconhecimento assumido do pecado do qual precisa purgar-se por própria conta, assim como tentam livrar-se dos mortos.

Essa leitura culpabilizaste foi se desfazendo nos últimos dois séculos, suscitando desde a era das luzes (a do século XVIII) novas estratégias, progressivamente emancipadas do discurso religioso oficial, estratégias por meio das quais os homens tentam gerir o trabalho de luto, sempre renovado?.

Recomendo para estudiosos da religião