Resenhas - David Copperfield

Fabio 28/02/2024

"A belissima jornada da amizade"
"... como muitos pais amorosos, eu tenho, no fundo, no fundo, um filho favorito. E seu nome é David Copperfield".

Charles John Huffham Dickens ou simplesmente "Boz", considerado um dos maiores e mais populares escritores de todos os tempos, nasceu em Potsmouth, Inglaterra no fim do inverno de 1812, e suas obras foram compostas entre 1836 e 1870 e durante esse período publicou mais de 40 livros, a maioria em forma de fascículos mensais publicados em jornais e revistas londrinos.

Com "David Copperfield" não foi diferente. Publicado originalmente em folhetins semanais, entre 1849 e 1850, um dos maiores romances de da história da literatura mundial, só ganhou o formato que conhecemos nos dias de hoje, seis meses após de ter sido publicado o ultimo fascículo na revista mensal de Bradbury & Evans.

Narrado em primeira pessoa, em forma de relatos e memórias, em "David Copperfield", somos convidados a uma jornada épica e extraordinária pela vida de David, desde a infância até a maturidade, e através do olhar do próprio protagonista, somos apresentados a mais de trinta personagens (todos memoráveis), que surgirão durante toda a história, e acompanharemos então, a intima relação de boa parte desse elenco na vida e história do nosso herói.

No início do percurso somos transportados para a segunda década do século XIX, na pequena cidade de Blundstone, costa leste do pais, e acompanhamos a primeira parte da infância do menino, em meio ao seio familiar. Após várias ocorrências e intempéries, David, vai para Londres, onde sofre provações de todos os tipos e durante esse período acompanhamos a o que podemos chamar de segunda etapa da infância. Porém é nessa mesma época, que sua vida converte abruptamente, e é na cidade de Dover que tudo se transforma, e David, reencontra a felicidade perdida em meio aos labirintos londrinos, e inicia a jornada que desagua nos anos da prospera juventude. Na fase seguinte, já renomeado como David Trotwood Copperfield (também conhecido pelos apelidos: "Daisy", "Doady", "Trot" e "Davy") acompanhamos a adolescência, a fase adulta e a maturidade do protagonista, onde descobre novas amizades e reencontra velhos amigos, manifesta a paixão, e outros sentimentos que, até então desconhecia, mas é na amizade que o herói se ampara, e constrói toda a base de sua vida. Em meio a todas as desgraças e infortúnios, sofrimentos e alentos, amor e ódio, que David, prova pagina após pagina que é um ser honrado, diligente, otimista e sobretudo, perseverante, que toca, emociona e conquista desde as primeiras linhas.

De caráter autobiográfico, Dickens inseriu muito de sua própria história em "David Copperfield", destarte, mesclou ficção e realidade, resultando num texto extremamente realista, repleto de alegorias e simbolismos pessoais. Dickens também utilizou dos cenários de sua infância para tecer críticas contra as convenções sociais de uma era vitoriana, em que a sociedade se apoiava totalmente na riqueza, especialmente, no que se refere aos maus-tratos dos menos abastados, em particular, as crianças de rua e os homens sem instrução, que não possuíam condições sequer da subsistência, quanto mais de almejar erudição. Com o intuito claro de imprimir realismo nas ações de seus personagens, Boz, transcreveu de forma imperceptível ao texto suas experiências, sobretudo os revezes de sua vida e as dificuldades pecuniárias e, emprestou de seres reais, principalmente do círculo que conivência, as características necessárias para compor seu prolifico elenco, personificando inclusive familiares dentro do cerne de seus personagens, e para ilustrar, Dickens, emprestou de seu pai, todas as caraterísticas, tanto físicas quanto psicológicas para criar, Wilkins Micawber, amigo íntimo do menino David Copperfield. Não importa notabilidade ou a notoriedade dos personagens no interior da obra, em algum momento, seja o protagonista, o antagonista ou mesmo os coadjuvantes, poderá vislumbrar as nuances e reconhecer o criador pela criação, através da angústia e beleza das chamas dickensianas.

Outro ingrediente fundamental de "David Copperfield", são os encontros e desencontros dos seus mais variados personagens com o protagonista, e esse fato, demonstra o quão incrível é a capacidade de Boz, em movimentar uma trama dessa magnitude, com dezenas de personagens, sem deixar, que um sobressaia demasiadamente ao outro, ou que, determinado personagem caia no esquecimento, ou sobreluza ao herói. Entretanto, a genialidade de Dickens é evidenciada em mais alto grau, quando passamos a nos identificar com vários dos personagens e não só ao protagonista, e que, nos imaginamos ali, participando da cena, sofrendo, rindo e chorando, odiando, ou desejando vingança aos injustiçados. E nesse quesito, a genialidade é fria e cruel, quando passamos a odiar os antagonistas, desejando-lhes as mais variadas formas de sofrimento.

Dickens nos convida a julgar os personagens com base em suas ações e características individuais, e quer provar a todo instante na sua obra-máxima, que riqueza e status social não indicam o caráter e a moralidade, e que títulos, dinheiro e bens materiais, vem e vão, e não podem ser a motivação principal de uma vida.

Trata-se de um romance de formação, onde Dickens esmiúça os aspectos morais, psicológicos e sociais do ser e utiliza da trajetória do protagonista para evidenciar a máxime, evolução e maturação, do ser humano, nos altos e baixos, provado pelas vicissitudes da vida, desde a tenra infância ao último e derradeiro suspiro. Nos primeiros capítulos, Dickens investiga com primor a infância e as inquietudes da inocência, e ao decorrer dos estágios da narrativa, as inquietações, dão lugar a outras próprias de cada fase da vida, entretanto, mantem de forma irredutível a inocência de seus heróis até o fim da vida, no intuito de assemelhar seus personagens aos heróis sem maculas das eras clássicas

O dileto filho do autor é embebecido em fontes realistas, no qual Dickens era proeminente adepto, pois valorizava no texto, as situações cotidianas, sem floreios, sem idealizações, de forma bem objetiva, chegando a imprimir em certas cenas, extrema banalidade e trivialidade, entretanto sem nunca perder autoridade ou estética. Basta ler algumas páginas de "David Copperfield", para sentir o peso do factual, peculiar aos textos de Dickens.

As habilidades de escrita de Dickens são notáveis, e indubitavelmente não existem, digressões ou imperfeições, o texto é fluido, e mantem uma constante suavidade e elegância do início ao fim. Os capítulos são extremamente curtos repletos de ritos de passagem, mudanças repentinas do decurso e viradas narrativas, característicos da literatura vitoriana, e essa técnica é proposital, somente com a finalidade de seduzir o leitor no final de cada divisão, criando uma atmosfera de expectativa e urgência, que, captura o legente a desejar o próximo capitulo. Entretanto, nessa fase, podem aparecer trechos com certas prolixidades, mas, que não causam cansaços significativos no ritmo da leitura.

"David Copperfield", nos remete olhar para a essência da palavra perseverança, que, deveria ser o subtítulo desse livro, uma vez, que é a chave para compreender obra e para decifrar os códigos socio-filosóficos que a compõem, e destarte, também alcançarmos o entendimento daquilo que o gênio propôs, nas entrelinhas dessa gigantesca obra, uma vez que somos homens falhos e incompletos, e que, só nos assemelharemos com o Criador, se possuirmos a Fé.

Em suma, "David Copperfield", é uma Obra-Prima da literatura mundial, reverenciada, pelos maiores pensadores e escritores contemporâneos a Dickens e aos que vieram depois deles, portando não há como falar de literatura ocidental, sem citar, Dickens, e não há como mencionar ele, sem pensar em "David Copperfield".

"David Copperfield, foi meu companheiro e alento durante os dias frios e amargos no cárcere da Sibéria" Fiódor Dostoieviski

“Quando lemos Dickens, reformulamos nossa geografia psicológica “Com tamanha força nas mãos, Dickens fez seus livros se inflamarem, não apertando a trama ou afiando a fala, mas atirando mais um punhado de gente no fogo” Virginia Woolf.

Se tratando de uma obra de folego (mais de 1200 páginas), inevitavelmente, pode-se perder o ritmo da leitura, mas, peço que não desanimem e sejam perseverantes como David, pois é na dificuldade que são provados os homens de fé.

Antes de encerrar, gostaria de agradecer as minhas queridas Mari, Vanessa e Aurea e ao meu brother, Fabão!
Obrigado pela companhia, pela paciência e por não largarem as mãos mesmo na dificuldade!
Gratidão meu amigos!

Paulo 01/05/2021

Se serei o herói de minha própria vida...
Terminada a leitura desta obra, se torna mais fácil compreender e concordar quando o autor disse ter a mente dividida entre o prazer e o lamento: “prazer pela conclusão de um longo projeto, lamento por me separar de tantos companheiros.” Deve ter sido realmente muito difícil precisar por um ponto final nessa história tão grande - grande tanto em número de páginas quanto em riqueza da escrita e das personagens -, ao mesmo tempo que deve ter sido gratificante concluí-la.

A história que temos aqui é, nas palavras do próprio narrador, um “manuscrito destinado apenas aos meus olhos”, onde David Copperfield escreve pensamentos e acontecimentos de sua vida desde o nascimento. E é por ter essa característica autobiográfica que acreditamos que, para a história dar certo, o narrador deva ser sincero com os outros e consigo mesmo para expor todos os fatos sem qualquer viés influenciador que uma pessoa possa ter sobre seus próprios pensamentos, é como ter de sair de si mesmo para poder se observar por inteiro. Sobre isso David confessa: “cumprindo o trato que fiz comigo mesmo de refletir minhas ideias neste trabalho, eu as examino de novo, de perto, e trago à luz seus segredos”, assim, podemos quem sabe ter mais firmeza em conhecer a história em seu todo, sem nada a esconder, mesmo ela sendo contada por um único ponto de vista.

E que história! Quantos acontecimentos, quantos sentimentos, quantos encontros, desencontros e reencontros, quantas coincidências, quantas personalidades! Há momentos em que David Copperfield parece ser um personagem aquém de tudo o que está acontecendo à sua volta, como se ele fosse um mero observador, mas são nos principais momentos que vemos como seu indisciplinado coração se torna o ponto de articulação dos acontecimentos aqui relatados, também influenciado pelos episódios e personagens que o rodeiam. Isso talvez responda a pergunta que inicia a obra.

A história tem um desfecho digno e que muito me agradou.

Por fim, digo que encontrei neste “filho favorito” de Charles Dickens mais uma bela obra da literatura vitoriana que tanto me encanta. É o primeiro livro do autor que eu leio, e me surpreendi com sua capacidade de transmitir sentimentos e sensações, além de eu poder ver um pouco dos costumes da época.

Clio0 08/10/2023

David Copperfield é uma das melhores autobiografias ficcionais que você vai ler. Não pela trama que é relativamente simples, mas pelo desenvolvimento da vida do personagem título que se desdobra em ações impulsivas motivadas por sentimentos.

Amor filial, medo, rejeição, paixão, perda, são acontecimentos comuns que nas palavras dramáticas do autor parecem entrar numa espiral que se torna a narrativa. É difícil dizer quando o drama ou a felicidade vão terminar, não há propriamente uma realização ou compreensão de causas e consequências. A vida de David é por demais real para permitir algo assim.

Sou fã do estilo de Dickens, assim me é difícil criticá-lo. Sua escrita é típica do Realismo, mais centrada no intimismo do que nas reviravoltas. Não é exatamente um livro infanto-juvenil, embora seja comumente ofertada para essa faixa etária.

De minha parte, fica recomendada para aqueles que nunca leram nada do autor e gostariam de conhecê-lo. Para os conhecedores, não é preciso dizer nada.

Márcio Almeida 09/03/2009

Cuidado com a edição que você lê!
Raríssimas edições brasileiras de David Coperfield trazem o trabalho integral de Charles Dickens. A maioria é de adaptações bem resumidas. A edição da Scipione tem 239 (!) páginas, e a da Hemus, apenas 149 (!!), contra 716 páginas da edição em português da Penguin books. Mas nem mesmo esta última pode ser considerada completa, já que, por exemplo, a edição americana da Penguin Classics tem 1024 páginas. Olho vivo, pois, no caso de Dickens, quantidade é qualidade!

Rosangela Max 22/01/2023

A obra-prima de Dickens.
Levou um tempo para a história me conquistar.
No começo achei o desenrolar tedioso, mesmo em se tratando da fase da infância sofrida do protagonista. Mas depois fui entrando no ritmo da escrita sentimental do autor e a história passou a fluir e a me encantar.
Um enredo cheio de personagens (são mais de 50) com diferentes perfis, mas todos ricamente construídos. Alguns chegam a roubar o foco do protagonista Copperfield.
Tem para todos os gostos: charlatões, megeras, mimados, malvados, excêntricos, humildes, ingênuos, amigos leais etc.
Uriah Heep é um dos personagens mais detestáveis que já vi em um clássico. Já David Copperfield é uma figura de pouca atitude, mas é encantador e amado por todos. Se encaixou perfeitamente como narrador de sua própria história.
A escrita de Charles Dickens é elegante, floreada e poética e o desenvolvimento de suas histórias ocorrem de forma lenta. Tem que ter paciência para apreciar, mas o resultado vale a pena. Afinal, é um dos escritores ingleses mais renomado e mundialmente consagrado.
Para quem curte este tipo de escrita e gostaria de ler uma grande obra dele, eu super recomendo esta.
Entrou para os meus favoritos.
Li nessa edição maravilhosa da Cosac Naify, cuja qualidade de edição, tradução, revisão e dos comentários ao final do livro dispensa comentários.

Victor 11/04/2021

David também seria meu filho preferido Charles.
Após 28 dias, finalizo o primeiro calhamaço do ano e caramba que experiência incrível foi ler David Copperfield, ter adotado um ritmo de leitura mais lento foi essencial pra me apegar tanto a história, e agora só me resta o vazio e as lembranças de um companheiro diário.


Meu primeiro contato com a escrita de Charles Dickens não poderia ter sido melhor, ele constrói personagens, cenas e sentimentos de uma maneira sensacional e na medida certa a ponto de não tornar a leitura cansativa, fora o sarcasmo e humor maravilhoso dele.


Os personagens são apaixonantes e muito bem construídos até nos pequenos gestos, como a forma de falar e até mesmo passar uma página de um livro, o que ajuda a compor sua personalidade, Uriah heep que o diga. Além disso, apesar de muitos nenhum está ali apenas para fazer volume, todos possuem um papel e função no desenrolar da narrativa. 


Acompanhar a jornada de David a partir de seu nascimento até a vida adulta foi uma experiência transformadora, desde o seu primeiro amor de infância até o seu primeiro porre, o sentimento de peso da vida adulta e até mesmo as decisões precipitadas que ele honrou mesmo assim.


Recomendo imensamente a todos, e peço que não se deixem intimidar pelo número de páginas, pois no final você deseja que tenha mais.

anne 16/07/2020

Maravilhoso
QUE LIVRO!! Um dos melhores que já li na vida!
Não é por acaso que Charles Dickens é conhecido como o mais notável escritor da Era vitoriana, ele era um exímio contador de histórias, sabia como ninguém criar personagens encantadores e colocá-los em diversas situações.

Em todos os inícios de seus romances Dickens já mostra pra que veio, são sensacionais e despertam um interesse instantâneo no leitor. Aqui não é diferente, o livro se inicia com David narrando o dia de seu nascimento, em uma sexta feira a meia noite, o que segundo a superstição o condenava a uma vida infeliz. De fato, ele passa por inúmeras complicações ao longo de sua jornada, sobretudo na infância. E aqui está uma das coisas que mais gosto na obra do Dickens, através de seus personagens ele criticava os problemas sociais de sua época, e não só isso, ele tentava engajar a sociedade na resolução dessas questões pois todos sabiam da existência das mazelas que assolavam a sociedade inglesa recém industrial do século XIX, mas quando Dickens mostra personagens como David e Mr Micawber, que geram empatia nos leitores por serem adorável em todos os sentidos, sofrendo com o trabalho infantil e com a prisão por dívidas ele faz o leitor pensar: e se fosse eu? E tentar mudar aquele cenário de alguma forma.

Ao longo do livro acompanhamos o amadurecimento do David, suas paixões, dúvidas, angústias tudo com muita sensibilidade, que é uma característica super presente nele. As relações do David são muito bem desenvolvidas, os personagens são apaixonantes, a relação com a tia Betsey e com a babá Peggotty aquecem o coração do leitor, bem como a amizade de anos com a Agnes.

É uma leitura maravilhosa, cheio de enredos e subenredos bem ao estilo dos romances vitorianos. Algumas pessoas podem achar que em algumas partes o Dickens usa mais palavras que o necessário, mas isso era uma característica da escrita da época que pra mim é incrível e é o que torna essas obras tão distintas. David Copperfild, é repleto de traços autobiográficos e o próprio Dickens tinha esse livro como seu favorito!! Indispensável para todos os amantes dos grandes clássicos da literatura ;)

Victoria (Vic) 28/03/2020

Um dos melhores livros que já li!
Fiz resenha no canal Chiclete Violeta

Jécyka 25/06/2022

Quando eu lia resenhas sobre esse livro, eu tinha a impressão que ele seria todo sobre sofrimento. Que boa surpresa ver que tem muito mais que isso.
Esse é um lindo tomando de formação que mostra a força do amor e da bondade. Eu realmente amei acompanhar a vida de David e de todos que cruzaram seu caminho. A família Peggoty tem meu coração.

Bart 03/02/2022

David Copperfield
*Charles Dickens*
Editora Zahar
Ano - 2021 / 1312 pág.
??????
Bora falar de livro!!
Ôh livrão!!
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1° tenho que agradecer @thaistergilene, se não fosse por ela, eu ainda continuaria passando batido por esse livro fantástico...obrigado ?????!!
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Essa resenha vai ser um pouquinho diferente, porque tudo que se pode falar do livro é spoiler!!
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Ele foi publicado em 1850, mas parece que foi escrito "hoje". Existe o rumor que diz que o livro estaria contado a trajetória do próprio autor... eu acho que não, pode até ser uma coisa ou outra, maaaas...
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A trama conta a história de David Copperfield, um menino que já nasceu sem pai (ele faleceu quando sua esposa estava grávida aos 6 meses), e já no primeiro arco nós lidamos com toda dor que a criança Copperfield tem que encarar (tudo é spoiler)... é daí p/pior, literalmente!
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Queira o destino contra você,  mas não queira Charles Dickens escrevendo sua vida... quem leu sabe o que estou falando! ?
Mas antes que fiquem com medo da leitura, ou do tamanho do livro, saibam que ainda não tinha me deparado com uma narrativa tão carinhosa, fluída, que traz a jornada do herói numa perspectiva até mesmo real (caramba não desejo p/ninguém). Quando você começa, não quer mais parar!!
Acho que "masoquismo-carinhoso" definiria a leitura, porque desgraça é pouca na vida desse menino (calma, ele consegue crescer).
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Leitura maravilhosa, lembro que a 1a pessoa a falar desse livro foi uma professora de literatura inglesa (Dulce Pontes), hoje entendo exatamente o que ela disse... "Você termina esse livro olhando diferente p/mundo!"...sim, é verdade!!
Simplesmente incrível, essa edição tem ilustrações assim como também é comentada!!
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?BORA LER LIVROS?!
?? #lendotudo www.lendotudo.com.br ??

Jessica858 03/09/2020

Um livro interessante, bem cheio de intrigas e reviravoltas.

Celso 03/07/2012

DAVID COPPERFIELD DE DICKENS
Muitas vezes é preciso ler os clássicos para compreender o motivo de serem chamados assim. Há alguns anos me propus a fazer frequentemente a leitura de narrativas exaltadas no decorrer da história. Foi assim, totalmente sem propósito que cheguei a David Copperfield do autor inglês Charles Dickens. Sei que pode parecer pura ignorância, mas nunca me interessei muito pela obra por me lembrar do mágico que leva o mesmo nome.

Foi aqui na prateleira da biblioteca do meu trabalho que decidi ler o livro, ainda resistente ao título, mas totalmente aberto a mergulhar no mundo de Dickens, considerado um dos melhores romancistas de todos os tempos. Segundo a própria orelha do volume, o autor foi muitas vezes criticado e diminuído por ter sido um escritor de folhetins. Trazendo para o contexto de hoje, Dickens era olhado pelos outros escritores meio tortamente por ser um autor de novelas, algo do tipo Sílvio de Abreu, Aguinaldo Silva...

Chega de blablabla. Dickens conta a história de David Copperfield, um garoto que tem tudo para ter uma daquelas vidas tranquilas, mas assim que nasci, perde o seu pai. A partir dai, sua mãe decide-se se casar novamente e começam ai os grandes problemas do personagem principal. E para tudo piorar, sua genitora morre anos depois e o rapaz passa a viver entre a mendicância e dos favores das pessoas próximas. Abre-se ao leitor a saga daquela criança que cresce, se casa e vive enormes aventuras e desventuras amorosas, familiares e profissionais. Realmente, uma verdadeira novela.

A história impressiona pela narrativa do autor, sempre detalhada e cheia de ganchos, não nos deixando outra hipótese a não ser querer saber o que acontecerá nas próximas páginas. Bastou ler as primeiras folhas e fui imediatamente capturado pela saga do personagem. Outro fator que impressiona muito é a forma irônica com que o autor escreve. Os fechamentos dos capítulos sempre feitos com pitadas humoradas, cínicas ou perplexas da realidade. Acho isso um dos elementos mais inteligentes de um bom escritor.

Dizem que David Copperfield é a história do próprio Dickens, por isso ela é tão detalhada, misturando as injustiças pessoais que passou com a do personagem. Isso é perceptível até mesmo na escolha da profissão do herói, a mesma desempenhada pelo escritor.
Eu recomendo muito o livro. Uma das melhores leituras que fiz nos últimos tempos. Um romance vivo, bem escrito, cheio de vitalidade, um retrato exemplar da humanidade e das injustiças sociais. Para quem gosta de escrever é uma leitura necessária pela forma com que o autor cria vilões, heróis, histórias de amor e sabe, no momento certo, vingar os seus personagens dessa influência.
Não tenho dúvida que será uma boa leitura!

keyla 20/09/2022

é um relato de uma vida tão comum, tão simples, que em tantos Davy estava simplesmente vivendo algo típico da vida e eu me emocionei. É muito humano, nunca havia lido algo tão singelo e transparente.
Davy, que encontra novas famílias em pessoas que há pouco eram desconhecidas, que chega a algum lugar mas não sabe como continuar, então para, usa o tempo para se descobrir e assim voltar a andar, sem pressa, pois entender a si mesmo é delicado e requer paciência.
Assim como a maioria das pessoas, descobriu de maneira tão precoce e abrupta que a vida é difícil e injusta, mas mesmo assim não desistiu e encontrou uma maneira de deixá-la mais agradável.
emocionante.
parabéns dickens você é foda meu finado !!

psraissafreire 25/03/2022

Um dos melhores livros da minha vida
?Tão verdadeiras são essas palavras ainda hoje que só me cabe oferecer ao leitor uma última confidência. De todos os meus livros, este é o de que mais gosto. Seria de se acreditar que sou um pai orgulhoso de todos os filhos de minha imaginação e que ninguém seria capaz de amar esta família com tanto carinho quanto eu. Mas, como muitos pais dedicados, tenho, no mais fundo de meu coração, um filho favorito. E seu nome é David Copperfield.?

Como resenhar ?David Copperfield?? É difícil colocar em palavras os sentimentos sobre uma obra que eu sinto que me ensinou e me completou tanto. Ler esse livro foi como um abraço de uma pessoa que sentia saudades, uma música que me lembra o prazer de estar aqui e de que eu não estava sozinha, que minhas experiências e sensações podem ter sido vividas de alguma forma por outras pessoas em outros tempos ou vidas.

Livros como esse mostram para nós que a afirmação ?é só um livro? chega a ser esdrúxula e não verdadeiramente sentimental. Sentir algo por uma história como eu sinto por essa pode ser tão raro para algumas pessoas, e outras podem ainda nem ter sentido e infelizmente muitas se privam disso. Charles Dickens escreveu isso há tanto tempo, mas eu tenho certeza que seu brilho não se apagou nem um pouco. É bom viver em uma época que existe ?David Copperfield?, sabe? Perceber que eu conheci uma trama tão bem escrita, com um protagonista fenomenal e humano... Quantas poucas vezes senti isso?

Cada palavra em cada página traz uma sensação de vivência e questionamentos sobre a nossa própria vida e o que estamos fazendo com ela. David fala diretamente com o leitor sobre suas dificuldades da sua vida, desde seu nascimento à sua fase adulta. Esse laço que criamos com ele é absurdo de tão bem feito porque a empatia que percebemos sentir já no meio da história nos faz acreditar que o personagem principal está tendo uma conversa conosco, uma conversa de amigo para amigo... Uma conversa real. Muitas vezes eu me pegava pensando na inexistência de David, algo que remete a ?como assim ele nunca existiu??

Houve momentos na minha vida de leitora que percebi uns erros que vários autores cometem ao escrever um protagonista: ou ele é perfeito demais, ou incrivelmente ? me desculpem a palavra ? imbecil. Criam personagens totalmente ficcionais, e não HUMANOS. Para mim a leitura é um modo de eu descobrir um pouco mais sobre o mundo e também sobre mim mesma; não importa o gênero literário, a idade das pessoas escritas ou sua maneira de pensar; o que sempre importa pra mim é o que aquele livro tem a me oferecer. Quando um autor de respeito coloca as cartas de facetas, erros e acertos na mesa é que me mostra a genialidade de construção de personalidades e de como isso influenciará em situações pessoalmente identificáveis ou não. David Copperfield é esse tipo de personagem: ele tem medos, alegrias, frustrações e sonhos. Cada um é tão bem construído que faz nos colocarmos em seu lugar, e sinceramente isso é raro. Digo ?raro? quando me refiro ao nos emocionarmos com as sensações, sentirmos na pele um medo ou raiva de alguma pessoa do livro e colocar na imaginação o que faríamos se tivéssemos naquele lugar.

Temos traços até mesmo autobiográficos de Dickens no livro, e talvez seja por isso que ele goste tanto da obra e isso transpareça nos sentimentos que se preservam na essência de cada passagem. Não dá para ficar totalmente indiferente, desde os momentos mais tristes aos mais vibrantes de alegria. Sabemos que ?vai ficar tudo bem?, mas cada coisinha te faz sentir como se não fosse ficar. Só reais gênios da escrita conseguem fazer isso.

Já faz um considerável tempo que fechei esse livro e tive que me despedir de personagens tão icônicos e maravilhosos, mas no meu coração eles ficarão para sempre, assim como as lições que me ensinaram e o que me fizeram descobrir sobre mim mesma: vou deparar-me com coisas assustadoras, com pessoas que vão querer meu mal e com o desânimo... Mas nunca posso esquecer do que passei para chegar ali, e que eu preciso ser forte o suficiente para desbravar esse meu mar. Eu serei dona dele. Não importa a praia que eu estiver, se ela vai estar vazia ou não, eu irei caminhar e me encontrar com aqueles que vão querer realmente estar comigo, para ver quantas vezes a pedrinha salta se jogada na água ou me ajudar quando eu estiver me afogando. E mais que isso: EU sou a protagonista da minha própria história, como David foi a da dele e você é da sua. Se você nunca leu esse livro, você tem sorte: um amigo como Copperfield é aquele que você não encontra em qualquer barco.

?Recordei aqui tudo que penso ser necessário recordar quanto a esse período de ausência com uma restrição. Restrição que fiz, até o momento, não com o propósito de suprimir qualquer pensamento, pois, como já disse noutro ponto, esta narrativa é minha memória escrita. Desejei manter à distância, e até o fim, os rios mais secretos de minha mente. Agora adentro suas águas.? ??

Layla.Ribeiro 28/08/2020

Leitura coletiva e desafio contra o tempo
Esse livro foi muito desafiador para mim por ler um calhamaço por um período tão curto, conseguir superar com muita dedicação em 17 dias, mas não se espantem com o número de paginas desse livro, pois a leitura é tão fluída que você consegue devorar vários capítulos de uma vez (claro que nem sempre vai ser assim), o gênero na qual ele se enquadra, que é o de folhetim ajuda bastante criar essa atmosfera de você querer saber o que vai acontecer a cada momento, parecendo como se estivéssemos assistindo a uma novela ou série. Os personagens são bem construídos nos afeiçoando com uns e odiando outros. Achei bem interessante como o autor traz no texto assuntos sérios como a exploração de menores, a negligência e as formas rígidas e agressivas na educação, o que nos faz refletir sobre como as leis de proteção a Infância são de extrema importância. Se o tempo fosse maior acredito que ia ser mais delicioso ainda acompanhar a história. Bom, me acostumei tanto a acompanhar a longa vida do David, meu querido Davy que senti um vazio quando a história se encerrou.