Rosie 24/02/2024
VENDO MINHA VIDA. USE-A COMO QUISER.
Essa é uma obra do Mishima que mais me deixou viciada.
Sou suspeita à falar desse autor, pois tudo o que li dele até agora foram de uma experiência única, ao ponto de se tornar meu autor japonês favorito.
O formato de escrita nessa obra é diferente - algo que sempre me surpreende nas obras do Mishima é que ele tem vários meios de montar uma história, nenhuma até agora é parecida com a outra. É um jeito único para cada uma.
Passei muitos momentos apaixonada pelo Hanio, o que se tornou um dos meus personagens favoritos do autor - meu primeiro é o Shinji de "Mar Inquieto". Além disso, vemos os personagens que "compram" a vida dele e o que gosto de chamar "maldição" que segue cada personagem que Hanio precisa lidar após a venda de sua vida.
Devo dizer que achei surpreendente a personagem "vampiresca" nessa narrativa. Não estava cogitando que Mishima escreveria algo um pouco, talvez, "sobrenatural??". A última personagem desse livro me deixou um tanto quanto "ansiosa??", talvez Hanio realmente precisasse dela para entender sua própria relação com a vida.
Não estava esperando o final que nos foi dado, mais surpresa pois achava que teríamos o final que a Leiko estava à comentar diversas vezes. Eu já tinha até esquecido e descartado o real motivo para esse final. Achei um pouco ilógico, mas Mishima era um homem fanático na questão de política, então não se deve ignorar pequenos detalhes de sua verdadeira face em suas obras.
Ao mencionar esse ponto, não percebi mais facetas do autor-personagem nessa obra em específico como nas demais já lidas. Tivemos mais o personagem, algo que só acredito ter visto em "Mar Inquieto" seu único romance. Além disso, pequenas partes onde o autor menciona o sensual + dor (famoso sadomasoquismo que está bem presente em suas obras desde o começo) aparecem e são de certa forma muito bem escritas e profundas.
Aqui também deixo um comentário, quem leu outras obras do autor irá conseguir entender pelo menos um pouco essa pulga atrás da minha orelha: Mishima tinha algum vínculo com gatos. Um vínculo meio para o lado agressivo, mas mesmo assim tinha algum. Fotos antigas também mostra o mesmo com alguns gatos... Enfim, delulu da minha cabeça.
"Noite que ruge à distancia sem fazer o que é dormir. Monstruosa frustração da grande metrópole de dez milhões de pessoas que ao se encontrar proferem sempre à guisa de cumprimento: "Que tédio, que tédio, que tédio, não há nada interessante?" Multidão de jovens da noite que se agita feito plâncton. A insignificância da vida. A extinção da paixão. A inconstância da alegria ou tristeza, tal como goma de marcar que, mastigada, perde logo o sabor, prestando-se apenas para terminar cuspida à margem do caminho..."
Obrigada por ler tudo até aqui!
Se cuide, bjss
:)