fernandaugusta 29/08/2022Asas Partidas - @sabe.aquele.livro"Oh, meu Deus, tem piedade de mim e recompõe minhas asas partidas!"
"Asas Partidas" nos apresenta o descobrimento do amor de Gibran e Selma. Aos 18 anos, Gibran é um jovém solitário e melancólico, até que um velho amigo de seu pai lhe pede uma visita. Em uma casa com um belo jardim nos arredores de Beirute, Farris Effandi Karamy - o amigo - apresenta sua filha Selma a Gibran e os dois passam a ansiar as visitas e conversas no belo jardim.
Na noite em que declaram seu amor, Farris é chamado à presença do ambicioso bispo Ghalib. O padre, cobiçoso da grande fortuna de Farris, requisita Selma em casamento para seu sobrinho, Mansur Bey, homem cruel e ganacioso. Ali começa a desventura do amor de Selma e Gibran, que mesmo não sendo proibido, nunca poderia ser vivido em sua plenitude, já que os pássaros de asas partidas, mesmo contemplando o imenso céu, não podem alçar voo.
São 112 páginas de uma história muito triste, pois o que vemos é a descoberta do mais puro sentimento ser maculada pela opressão do casamento sem amor. Selma é a mulher que vai muito além do Líbano, que vemos em todos os lugares deste mundo: sacrifica a própria felicidade em nome de um bem maior, com um fim trágico.
Gibran, narrador em primeira pessoa, lamenta a perda de sua amada desde o prólogo com profunda dor. Temos um livro de alto caráter poético, com apelos e reflexões muito dramáticas sobre amor, fé e morte. Entremeando-se à história temos uma forte crítica social, à Igreja (o que levou o autor a ser excomungado) e ao apagamento feminino, o que confere um teor muitíssimo atual para esta obra, publicada originalmente em 1912.
Para quem quer conhecer literatura árabe, "Asas Partidas" é uma excelente apresentação. Recomendo.