Janaina Edwiges 31/08/2020
“Abrimos e fechamos Auschwitz” - Edith Friedmann Grosman
O primeiro transporte oficial de judeus para Auschwitz foi composto por 997 mulheres da Eslováquia, entre adolescentes e jovens adultas. A ideia inicial dos nazistas era transportar 999 judias, mas devido a um erro de datilografia, dois números foram suprimidos.
Nesta história comovente, Heather Dune Macadam nos conta os horrores que essas mulheres enfrentaram no campo de concentração. A narrativa também nos permite conhecer um pouco mais sobre a vida dessas meninas nas cidades e vilarejos em que viviam até o momento do terrível anúncio: todas as mulheres judias solteiras, de 16 a 36 anos, deveriam se registrar para um exame médico e se comprometer com três meses de serviço governamental. As garotas e suas famílias foram enganadas pelo governo e acreditaram que iriam trabalhar em uma fábrica de sapatos. Na verdade, elas haviam sido vendidas aos alemães para realizar trabalho forçado e se tornariam prisioneiras.
Transportadas em vagões para gado, as meninas chegaram em Auschwitz no dia 26 de março de 1942, que ainda funcionava como uma prisão nazista para poloneses e soviéticos. Humilhadas, tendo as cabeças e corpos raspados, vestindo, em sua maioria, uniformes com sangue de soldados mortos, sem roupas íntimas e usando calçados que eram pedaços de madeira com tiras de couro, as garotas foram obrigadas a trabalhar na expansão do complexo do campo em condições extremamente precárias e exaustivas.
Com o passar das semanas, novos transportes de mulheres chegaram e as mortes se tornaram cada vez mais frequentes, por acidentes nas atividades que realizavam, fome, doenças, desnutrição, espancamentos, cobaias em experiências médicas, suicídio e nas terríveis câmaras de gás. As mulheres foram totalmente "destituídas de sua identidade, emocionalmente destruídas, exauridas e desumanizadas pela crueldade física e verbal”.
A autora também mostra as dificuldades que as sobreviventes tiveram que enfrentar no pós-guerra. Jovens vulneráveis, sozinhas e sem um lar, nenhuma mulher estava verdadeiramente segura.