spoiler visualizarAna Caroline 10/06/2014
Meus trechos preferidos: Os sofrimentos do Jovem Werther
"que os mal-entendidos e a negligência causam no mundo muito mais equívocos do que a astúcia e a crueldade" p.14
"Conheci muitas pessoas mas ainda não encontrei nenhuma companhia. Não sei o que posso ter de atraente, porém muitos se afeiçoam a mim, e sinto pena quando o caminho é pequeno e não podemos percorrê-lo juntos por mais tempo. Se me perguntar como é a gente daqui, direi: como a de todo lugar. Coisa bem uniforme, a espécie humana. A maioria gasta grande parte do seu tempo trabalhando para viver, e o pouco que lhe restam pesa-lhe de tal modo que procura todos os meios para desfazer-se desse tempo livre. Oh, destino dos homens!" p.18
“Ah! Por que a amiga da minha juventude não está mais entre nós? Por que a conheci?... Eu deveria dizer: 'Você é um insensato, procura o que não pode encontrar nesse mundo”. Mas eu a tive; senti esse coração, essa nobre alma, em cuja presença eu me imaginava maior do que era, porque eu podia ser tudo o que imaginava. Deus do céu, então nessa época nenhuma força de minha alma ficava inativa? Não vivi com ela toda essa maravilhosa sensibilidade com a qual meu coração hoje abraça a natureza? Não era nosso relacionamento uma eterna cadeia dos mais delicados sentimentos, dos arrebatamentos mais vivazes, cujas modulações, até mesmo quano nos desentendíamos, traziam o toque do gênio?” p.19
"...o objetivo de todos os nossos esforços é prover necessidades que por si mesmas não tem outro fim senão prolongar nossa miserável existência..." p.20
"As crianças não sabem o motivo de seus desejos, apenas querem as coisas: eis um ponto acerca do qual estão de acordo todos os pedagogos e preceptores; mas também os adultos, como as crianças, caminham pela terra com um andar indeciso e, como elas - não sabendo de onde vêm nem para onde vão -, agem tão pouco visando um fim verdadeiro; e são, do mesmo modo, governados por biscoitos, doces e açoites." p.20
“Pode-se dizer muitas coisas em favor das regras, mais ou menos o que se pode dizer em louvor da sociedade burguesa. Um homem que se forma de acordo com as regras jamais produzirá algo absurdo ou mau, como o que se guia pelas leis e pela moralidade nunca pode se tornar um vizinho insuportável ou um malfeitor; mas também, por mais que se diga, toda regra sufoca o verdadeiro sentimento e a verdadeira expressão da natureza. “Isso é demais”, você dirá. “A regra não faz mais que nos conter, dentro dos justos limites, os exageros...” Meu amigo, devo fazer-lhe uma comparação. Acontece o mesmo com o amor. Um rapaz se apaixona por uma moça, passa ao lado dela todas as horas do dia; consome todas as suas forças, todos os bens que possui, para provar-lhe, a cada momento, que se entrega a ela sem reservas. Surge, então, um pretensioso, alguém com bom cargo público, e lhe diz: “Meu jovem senhor: amar é próprio da natureza humana, mas é necessário amar como homem. Divida as suas horas: consagre umas ao trabalho, e o tempo livre à sua amada. Faça balanço dos seus bens e, após ter atendido a todas as suas necessidades, não o censuro se usar o excedente para presentear a sua amada, mas não exagerando; por exemplo, no dia de seu aniversário, no de seu santo protetor...”. Se o nosso apaixonado lhe der ouvidos, tornar-se-á um jovem muito útil, e eu próprio não vacilaria em aconselhar algum príncipe a lhe dar um emprego; mas o seu amor está liquidado, assim como sua arte, se for artista” p.23