Flah 30/01/2014Across the Universe - Beth RevisEsse foi o primeiro livro americano que eu encomendei – Não o primeiro que eu li. Este foi “Wings” – e, apesar da novela que foi esperar ansiosamente dois meses para que ele finalmente chegasse, acabei demorando um pouco para engatar na leitura. Não sei bem o porquê, talvez por ele ser grande, ou talvez por ele ser em inglês, ou talvez por ser grande E ser em inglês, mas eu fiquei com muita preguiça e acabei adiando a leitura por bastante tempo antes de resolver que estava na hora de me aventurar em suas páginas. Bom, eu não poderia ter sido mais tola. Deveria ter lido o livro na primeira oportunidade. É até um crime adiar um livro tão bom!
A história fala sobre uma família que resolveu se alistar para uma missão em outro planeta. Para tanto, e por causa da enorme distância que separa a Terra dele, eles deveriam ser congelados e só seriam acordados trezentos anos depois, quando a espaçonave finalmente pousasse. Sua missão? Usar seus conhecimentos científicos e militares para povoar e habitar a nova terra. Porém, Amy, a protagonista da história, por algum motivo, é acordada cinqüenta anos antes da aterrissagem. Depois de um doloroso descongelamento, ela se vê em um mundo completamente diferente daquele no qual estava acostumada a viver. Lá, as pessoas eram obedientes e passivas. Lá, existia um único líder ao qual todo mundo devia obediência. Lá, existia uma época do ano onde, de uma forma totalmente repugnante, as pessoas se uniam para reproduzir uma geração. Lá, as pessoas sãs eram consideradas loucas. Como viver com isso? Alguma coisa estava realmente errada e Amy não ia deixar que eles a tornassem passiva e desmiolada como os outros.
O livro é muito bom. Apesar do começo dele ser bem devagar, em sua maior parte, apenas mostra como funciona a aeronave e todas as suas regras, quando ele finalmente ganha embalo, não há nada que o faça parar. As coisas vão acontecendo em enxurradas e você acaba se emaranhando na conspiração que acontece ali, bolando suas próprias teorias junto aos personagens e descobrindo, no final, que todas elas estão erradas. O que é algo bom, já que isso torna a história totalmente surpreendente. Pelo menos eu terminei de ler quase sem fôlego, tentando definir quando exatamente as coisas tomaram aquele determinado rumo.
Eu gostei bastante de todos os personagens do livro. Todos mesmo. Não teve um personagem que me fizesse torcer o nariz. Amy tem um jeito só dela. É decidida, mas ao mesmo tempo não passa de uma menina de dezessete anos. Ela é delicada e tem o espírito livre, o que é traduzido pela sua paixão pela corrida. Já Elder, ele é rebelde. Apesar de no começo ser um pouco imaturo, ele vai aprendendo com o tempo a ser um verdadeiro líder. Toma decisões sábias e não deixa aquilo que julga ser errado acontecer só porque está intrincado em medos e perigos. Mas o que eu mais gostei mesmo foi Harley. Ele e sua paixão imensurável pelas estrelas, pela pintura e pelas cores. Ele, com sua paixão tão inocente e ao mesmo tempo tão intensa. Ele, que me conquistou mesmo com seu temperamento forte. Aliás, é como eu disse, todos os personagens foram bem estruturados. Mesmo os malvados têm traços bem feitos que os caracterizam do inicio ao fim do livro.
O livro tem uma história interessante. Eu nunca gostei muito de ficção científica, ou de naves espaciais e viagem pelo espaço – exceto, é claro, por Star Wars -, mas esse realmente me conquistou. É bem interessante ver a forma como a autora trabalhou a vida dentro da nave. A forma como, conforme as gerações vão passando, a idéia da existência da Terra vai lentamente se perdendo, sendo substituída por fotos e fatos contados pelos arquivos gravados em computadores. Como a vida se torna os limites das paredes da espaçonave e como a esperança de um mundo novo acaba sendo o combustível mais potente que eles podem ter.
Eu poderia ficar aqui o dia inteiro falando o tanto que eu gostei do livro, mas já passei um pouco do número de palavras que costumo usar em uma resenha, então vou apenas dizer que vale realmente a pena se esforçar para ler o livro em inglês, ou esperar pela tradução (Alguém me disse que ele seria trazido pelo Brasil, mas eu não pesquisei a informação ainda).
A capa é maravilhosamente linda, inclusive na versão de capa dura do livro tem um desenho da aeronave dentro da jacket (Aquela capa removível). Dá gosto de olhar. É, sem dúvidas, um dos livros mais bonitos que eu tenho em minha estante.