spoiler visualizarRaze. 27/03/2013
Eu não me aguentei. A lenha vai descer em Brian Herbert e no cadáver do pai dele pois eu, como fã da série, me considero com esse direito.
"Hunters Of Dune" foi a primeira das 2 continuações que Brian Herbert fez da série de ficção do finado e lendário Frank Herbert, quase 20 anos depois do empacotamento deste gênio. Como fã, fico feliz que ele tenha voltado atrás (Como os mais viciados devem saber, devido a dedicatória de Frank Herbert à falecida esposa em "Herdeiras de Duna", a galera tinha resolvido deixar seu legado intocado) uma vez que Herbert pai tinha o hábito de deixar milhões de pontas soltas pra te instigar ao próximo livo e no citado acima, foi o que ele mais fez.
Temos aqui os acontecimentos nos primeiros anos após a fuga da Não-Nave que servia de esconderijo-prisão a Duncan Idaho (ou seu quinquilhonésimo Ghola, como preferir) e Murbella (Honrada Madre que acabou capturada após sofrer um Counter-Sexual Spell espetacular do referido rapaz). Nela fugiram o próprio Duncan, a polêmica Sheeana, a controladora de vermes de areia, conhecida como a mais jovem Bene Gesserit a se tornar Reverenda Madre ao sobreviver à agonia da especiaria (Uma overdose porreta, grosseiramente falando), O ghola ainda criança do Bashar Miles Teg (O grande estaque em Hereges de Duna, o melhor dos 6 na opinião deste que escreve), Rebecca (Uma judia consagrada Bene Gesserit as pressas e detentora da memória genética da população inteira de um planeta destruído pelas Honradas Madres), Scytale, supostamente o último mestre Tleilaxu vivo e uma matilha de Futars (Feras criadas pra comer Honradas Madres cujo fabricante é desconhecido). Fuga dada após Duncan digitar coordenadas aleatórias e fazer a nave parar em algum ponto desconhecido do universo, no desespero de escapar daqueles que ele considera os verdadeiros inimigos do povo (Um casal de velhinhos fazendeiros que fica aparecendo nos sonhos dele. Pense em Eustácio e Muriel do desenho do Coragem).
O livro basicamente vai contando o que cada parte importante na trama vai fazendo com o passar dos anos. Ele picota os acontecimentos importantes e vai deixando pra que você os una e vá entendendo tudo aos poucos. Chega a ser excessivo e no fim um pouco chato, traz uma sensação de enrolação e as vezes deixa aquela vontade de ler tudo correndo pra saber logo o que vai acontecer. Alguns acontecimentos acabam deixando a impressão de terem sido desnecessários ( como a morte de uma das gêmeas de Murbella que inventou de passar pela agonia da especiaria com 14 anos). Os pontos mais legais do livro estão no esforço de Murbella em administrar sua nova irmandade, feita da união das Bene Gesserit com as Honradas Madres, e com Sheeana tentando arrancar informações sobre o suposto inimigo da mente aparentemente ignorante dos Futars. Outro destaque são os autores: Brian Herbert e Kevin J. Anderson vencem na escrita mais objetiva... menos complexa. Não há mais divagações complexas de personagens para explicar os mistérios por trás das atitudes dos mesmos.
Agora vamos ao problema. O principal ponto negativo não apenas desse livro mas de toda a série Duna é o vício dos criadores pelos personagens que consagraram a trama. Não satisfeitos com a referência excessiva feita a Paul Muad'dib, Leto II e outros grandes nomes dos primeiros livros, o grande acontecimento-chave em "Hunter Of Dune" é TRAZER TODOS DE VOLTA! Isso mesmo, todos vão voltar. Desde Jessica Atreides a Gurney Halleck, desde o Fremen Stilgar até o próprio Barão Harkonnen, todo mundo em sua versão Ghola Tleilaxu, prontos pra transformar o que deveria ser uma conclusão épica numa puta reprise! A constante volta de Dunca Idaho (Ele volta como Ghola em TODOS os livros, sem exceção. O Ghola protagonista deste deve ser o número 12394612389756123895612389) já era uma coisa chata, mas tolerável. Havia um motivo plausível dos atuais pivôs de cada livro pra fazê-lo. Achei que as coisas iriam melhorar com o surgimento de Miles Teg (Uma nova cara para a imagem de herói leal e habilidoso, o substituto ideal pro Duncan na trama) em Hereges de Duna, mas não! Não satisfeitos em deixar uma imagem repetitiva de herói, todas as vezes, agora eles vão transformar o desfecho de duna em um "Vale a Pena Ver de Novo" Space Opera. Pra quê isso!? Duna é um universo enorme, com espaço pra mais lendas dos que as já citadas lendas, mais heróis do que os já citados heróis.
Enfim, se houvesse mais esforço em criar novos heróis, novas lendas em cada livro, diferentes personagens não apenas movendo a trama mas deixando sua marca, Duna seria infinitas vezes melhor do que já é. Essa insistência em girar a trama em torno dos mesmos pivôs acaba sendo o maior ponto fraco do livro. Ainda irei terminá-lo, então posso estar errado. E francamente espero que esteja!