Rafael 26/06/2023
Uma máscara que encobre a verdadeira Duna
Em Vermes da Areia de Duna, Brian Herbert e Kevin J. Anderson continuam a difícil empreitada de finalizar o trabalho de uma das maiores mentes que a ficção científica já teve. Mas ao tentar alcançar a glória ou mesmo o reconhecimento da própria comunidade (o que deveria ser o mais fácil, ante a grandiosidade do original), acabam encontrando apenas monotonia anticlimática, e muitas e muitas decisões erradas.
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Apenas um ano após o lançamento de Caçadores de Duna, o volume anterior da série, chegamos em Vermes da Areia de Duna, justamente onde fomos deixados (talvez já um sinal da trama monótona, talvez?), mas propulsionados por uma reviravolta digna de nota do clímax do livro anterior.
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Com estruturas similares, o último livro da série, busca concluir uma história milenar, cheia de personagens marcantes do escritor original, mas longe do brilhantismo do mesmo, ou mesmo a sua essência.
Vermes da Areia de Duna comete um erro já muito conhecido do entretenimento como um todo durante o seu desenvolvimento, no que vou chamar de a Síndrome do Vilão Impossível de se Matar. Já deve ter dado pra entender. Quando os autores tentam ligar todos os pontos semeados durante os sete livros anteriores, acabam formando uma composição para o vilão grande demais, e que é difícil demais para se desconstruir no clímax, gerando situações forçadas e sem sentido, plots com grandes potenciais abandonados em detrimento de histórias que não levam a lugar nenhum, na tentativa de fazer com que o vilão fique mais acessível, no que resulta em um final extremamente anticlimático, que nos enchem de uma sensação de que fomos ludibriados por quase mil páginas das sequências de Herbert Filho.
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Mas quem dera fosse só isso. O que mais falta nas continuações de Brian e Kevin é a alma de Duna em si. Passamos longe dos momentos de auge da série principal aqui. Tão longe que nem mesmo as ressurreições de seus personagens principais conseguiram salvar a barca furada de remendos que nos foi apresentada.
Enquanto tentamos a todo momento remar em um barco naufragando, ficamos na maior parte do tempo à deriva de uma história que tentou ser mais do que é, sendo eclipsada pela opulência da obra de Herbert Pai. Seria uma boa história minimamente interessante se não tivesse Duna no nome. Seria uma boa aventura de Sessão da Tarde, e estaria ótimo. O problema começa em tentar reaver concepções que deveriam ter ficado nos livros anteriores.
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Antes de ler os dois últimos livros, pensava que agora no fim da história, pelo menos teria um fim conclusivo, dando respostas para perguntas importantes que foram deixadas por Herbert Pai, na expectativa do que seria o seu Duna 7. Agora, tendo conhecido a obra de Herbert Filho, acho que o não final de Herbert Pai ainda é melhor.
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