Raízes do Brasil

Raízes do Brasil Sérgio Buarque de Holanda




Resenhas - Raízes do Brasil


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Manços 24/08/2020

Difícil
Não é fácil entender, mas o que eu entendi, eu gostei. Importante pensar sobre o assunto.
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Lista de Livros 24/12/2013

Lista de Livros: Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Hollanda
“Toda hierarquia funda-se necessariamente em privilégios.”
*
“As constituições feitas para não serem cumpridas, as leis existentes para serem violadas, tudo em proveito de indivíduos e oligarquias, são fenômeno corrente em toda a América do Sul.”
*
Mais em:

site: https://listadelivros-doney.blogspot.com.br/2008/03/razes-do-brasil-srgio-buarque-de.html
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Antonio Cesar 24/12/2013

... É Curioso notar como algumas características ordinariamente atribuídas aos nossos indígenas e que os fazem menos compatíveis com a condição servil sua ociosidade, sua aversão a todo esforço disciplinado, sua imprevidência, sua intemperança, seu gosto acentuado por atividades antes predatórias do que produtivas ajustam-se de forma bem precisa aos tradicionais padrões de vida das classes nobres. ...

Pág.: 56
5º período
Raízes do Brasil
Sérgio Buarque de Holanda.

Um clássico da sociologia brasileira que dispensa maiores detalhes. Para mim foi de leitura difícil e com muito vocabulário novo, o que não deixa de ser interessante. Além de muitas pesquisas em dicionários online sua leitura me fez pensar muito sobre o que era o Brasil da época em que foi escrito (década de 30) e o que somos hoje, o quando devemos à nossa origem ibérica e às tribos tupi-guarani que aqui viviam. Enfim uma leitura diferente daquela história contada em Casa Grande e Senzala. De uma coisa estou cada vez mais convencido: A história assim como os fatos permitem leituras diversas que mesmo dispares entre si são antes de tudo complementares e quanto mais versões conhecemos mais perto da verdade estamos.
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Arthur 29/06/2021

"Recorte"
Antes de dar as minhas impressões sobre a obra, preciso destacar duas coisas: não sou historiador, e qualquer crítica que eu faça (aliás, quem sou eu?) não abala a posição de clássico. Inclusive, para se criticar, ainda que um clássico (ou principalmente os clássicos) é necessário lê-los.
Dito isso, algumas coisas me incomodaram bastante na leitura de "Raízes do Brasil". A primeira é a generalização. Não sei se foi um movimento audacioso do autor em tentar estabelecer "um" perfil de brasileiro, mas me parece impossível fazê-lo, sobretudo em um território de dimensões continentais, extremamente populoso e com grande diversidade regional. Para citar um exemplo, o tão falado conceito do "homem cordial". É possível encontrá-lo em um universo, hoje, superior a 200 milhões de habitantes, mas me parece irreal definir como sendo uma espécie de brasileiro padrão. Aliás, o conceito de homem cordial é usado de forma toda equivocada por aí e, não me parece algo positivo.
Outra coisa, e talvez aqui a mão acabe pesando: "Raízes do Brasil" talvez devesse se chamar "Raiz do Brasil", porque flerta com epistemicídio. Aqui o raciocínio é relativamente simples: a formação étnica-cultural do país advém de, pelo menos, e de forma generalizante, de 3 origens. Mas o livro foca apenas na perspectiva do colonizador português (em comparação com o espanhol e, em alguns momentos, com o inglês). E, para além disso, nas vezes em que trata das matrizes indígenas e africanas, o faz como mero objeto dentro do processo desenvolvido pelos portugueses. Em sua obra, o professor Milton Santos ao falar de sistemas hegemônicos cita que sempre haverá reação do grupo submetido a esse processo, sendo essa reação, inclusive, parte fundamental no espaço geográfico.
Dito tudo isso, é importante também considerar toda a variação temporal. Talvez a obra seja um excelente relato sobre um determinado recorte da população, naquele contexto espaço-tempo.
Enfim, repetindo, é um clássico que, deve sim ser lido, mas com cuidado e atenção, até para evitar o anacronismo.
raquelrocha 30/06/2021minha estante
Achei interessante sua resenha. Essa é a principal obra de Sérgio Buarque de Holanda, o que fez o livro tornar-se um clássico foi justamente o capítulo sobre o homem cordial, ainda não li por completo. Mas adorei ver seu ponto de vista, porque muitos dos historiadores brasileiros gostam desse capítulo e dissecam muito sobre ele. Levarei sua opinião com um novo olhar sobre a obra.


Arthur 30/06/2021minha estante
Oi, Raquel! Penso que quando os historiadores citam o homem cordial, eles partem da ideia do "cordis", que, pelo que entendi, é o que o Sérgio Buarque de Holanda traz no livro. A ideia da pessoa que age "por impulso", digamos. O meu problema com essa ideia é a generalização, mas ele deve ter tido os motivos dele para elaborar essa análise. Quando falo do uso "atrapalhado" do conceito, é o que acontece muito em discussões de Internet, tratando a ideia do homem cordial basicamente como uma pessoa gentil. Depois me diz suas impressões do livro também. Certeza que, como alguém de História, pode melhorar muito meu entendimento da obra. ?




Amós 28/07/2023

Resenha da obra “Raízes do Brasil” do Sérgio Buarque de Holanda; 6º edição, editora Jose Olympio, com atualizações até 1971; Leitura finalizada em 07 de Julho de 2023
A obra Raízes do Brasil, escrita por Sérgio Buarque de Holanda e publicada pela primeira vez em 1936, é inescapável a qualquer um que se dê ao desafio de entender a formação do país. Seu autor é filho de elites paulistas mas que em sua infância mudaram-se para o Rio de Janeiro, onde cresceu, formando-se em Direito e Ciências Sociais, época que teve contato com o movimento modernista. Atuou como jornalista e professor universitário, tendo vasta produção acadêmica, a qual foi inaugurada por seu magnum opus. Sérgio Buarque de Holanda iniciou a produção do livro enquanto morava na Alemanha da República de Weimar e foi muito influenciado pela sociologia alemã weberiana e pelo contexto que vivia de grande ebulição social.
A obra passou por diversas reedições, mas sempre manteve seu foco na formação da identidade e sociabilidade do brasileiro, partindo da colonização como marco fundamental para interpretar o Brasil e indo até a era Vargas. Sua estrutura se divide em sete capítulos em que o autor abordou e construiu vários conceitos que nos orientam no entendimento da sociedade brasileira. O autor usa amplamente os “tipos ideais” de Weber para desenvolver seus argumentos, por exemplo, o Campo e a Cidade, Trabalhador e Aventureiro e assim por diante. A partir da comparação desses tipos, Sérgio irá desvendar a brasilidade, passando por diversos aspectos da nossa formação histórica, política, econômica e social.
O livro se inicia com uma descrição das sociedades ibéricas, em que a partir de diversas fontes o autor percebe a grande diferença que havia entre essas e as sociedade europeias ocidentais. Muito devido à dominação árabe e também ao espaço fronteiriço com o norte da África e o próprio espaço atlântico. Se formou em Portugal particularmente, uma sociedade avessa às rígidas hierarquias medievais europeias pautadas pela consanguinidade, em que o destaque social se liga mais ao mérito pessoal de cada um que propriamente de sua origem nobre. Disso também deriva o culto ao ócio, muito presente nas sociedades greco-romanas e herdadas em grande medida pelo português, em que a “ética do trabalho” descrita por Max Weber, teve pouquíssima penetração e a idéia de trabalho como punição pelo Pecado Original se manteve mais presente.
Seguindo adiante, o segundo capítulo trata dos Aventureiros e Trabalhadores, tipos ideais weberianos que o autor localiza como frutos da socialidade ibérica, em particular, a portuguesa. O tipo Trabalhador é tido como mais apegado ao trabalho monótono e contínuo, recompensado sempre de forma previsível e herdeiro da lógica dos pré-históricos coletores de frutos. Já o tipo Aventureiro herda o espírito dos caçadores pré-históricos, em que o trabalho monótono é mal visto e menosprezado, enquanto se põe em alta conta o talento individual e a conquista de recompensas através do mérito, do espírito explorador e da sagacidade. É a partir desse segundo tipo ideal que se forma a sociedade colonial brasileira, com portugueses de espírito aventureiro que se lançam na empreitada americana em busca de riquezas e glórias, mas sem que para isso seja necessário o trabalho enfadonho, como fica claro no seguinte trecho: “O português vinha buscar riqueza, mas não a que era fruto de trabalho, mas a que era fruto de ousadia.” Para tal, os colonizadores irão recorrer à escravidão. Contudo, tal lógica resulta numa baixa produtividade do trabalho, pois não há preocupação alguma na melhoria técnica, mas somente uma dedicação exclusiva na exploração de recursos naturais, que uma vez esgotados em determinada região, irão em busca de novas matas virgens para explorar. Isso também se faz valer na organização do trabalho colonial como um todo, que jamais contou com organizações coletivas sólidas , como guildas e escritórios.
Sérgio Buarque então aborda um tema polêmico quando visto com olhar crítico contemporâneo, quando trata a questão racial ibérica e brasileira a partir de uma ótica positiva. Justifica tal argumento a partir da grande mestiçagem que ocorreu no Brasil e atribui isso ao espaço ibérico que era fronteiriço à África e que por isso tinha um contato com povos não-brancos mais frequente. Dessa forma, o autor argumenta que o racismo a qual é vítima os negros no país é muito mais devido a associação desses aos “trabalhos precários e degradantes” a quais esses eram submetidos no periodo da escravidão. Tais trabalhadores eram mal vistos, seguindo a lógica da Antiguidade Clássica e do catolicismo, em que valoroso é o cidadão ocioso e o Trabalho é a punição pelo Pecado Original. Em comparação, o autor aborda a empreitada colonizadora dos holandeses e atribui seu fracasso ao seu espírito protestante calvinista e na sua inabilidade de promover a mestiçagem com os povos locais.
O terceiro capítulo irá tratar das profundas heranças rurais na nossa sociedade, o que é fruto das relações econômicas de todo o período colonial, que se baseia grandemente na experiência latifundiária da Casa Grande, onde o senhor de terras é o “pather familia” de toda a propriedade, administrando e gerindo recursos e pessoas ao seu bem entender. Isso inclui não só a própria família do dono da propriedade, mas também funcionários, cativos e agregados. Esse sistema porém sofre duro golpe com a paulatina abolição da escravidão e por fim com a Proclamação da República, visto que o sistema tradicional de latifúndios começa a se fragmentar em pequenas propriedades e as cidades passam a ter maior importância no cenário nacional. Porém, essa influência será transportada às nascentes cidades, que passam a ser controladas pelas elites regionais tradicionais e que irão atuar na administração pública da recém proclamada República como se essas fossem uma extensão de suas propriedades. As cidades então tornam-se “apêndices do campo”, sem produção industrial apreciável e com forte controle político das elites rurais. Não se forma uma elite burguesa urbana, que normalmente é associada ao capital comercial e industrial. Assim, o personalismo e a confusão entre o público e privado se instalam então na gênese das cidades do país e os postos de poder serão sempre ocupados pelos “amigos do Rei”. O autor também irá atribuir o culto aos títulos e diplomas a esse contexto, visto que os cargos de maior importância serão ocupados por bacharéis que estudaram fora do país e ao voltar irão exercer poder político e administrativo nas cidades, por mais que muitas vezes tais formações não guardem relação com as suas ocupações.
O capítulo quatro tratará das grandes diferenças entre os processos coloniais espanhóis e portugueses na América do Sul e de seus reflexos no desenvolvimento das sociedades coloniais e das suas cidades. Para explicar o caso espanhol, o autor pensa a própria história da formação do reino de Castella, que surge a partir da guerra e consequente submissão de outros reinados a um poder centralizado. Nas colônias, isso se reflete com uma preocupação na formação de cidades bem estruturadas e defendidas que serviam como pólos de colonização, centralizando os poderes espanhóis e passando a administrar vastos territórios. Nessas cidades se viu a formação de escolas, universidades, indústrias e jornais, facilitando no posterior desenvolvimento do espírito nacional dessas localidades. Já o caso português muito se difere, visto que esses se unificaram já no século XIII e de forma menos beligerante que os espanhóis. Aqui também, nunca houve grande preocupação na ocupação e controle sistemático do território. A única preocupação dos aventureiros colonizadores lusos era somente a de escoar a riqueza que aqui era encontrada (o que se altera em alguma medida a partir da descoberta do Ouro em Minas Gerais). Assim, formaram-se cidades somente próximas ao mar e sempre de forma desorganizada e sem grande planejamento. Assim, formou-se um país em que a maior parte da população se concentra na área costeira e que até hoje sofre em alguma medida por sua falta de integração entre interior e litoral.
O mais famoso e enigmático capítulo do livro é o quinto, o Homem Cordial, em que se explana sobre a formação social dos indivíduos do Brasil. Para dar luz a sua visão, o autor inicia seu argumento primeiro pensando a diferença entre o Estado e a Família, combatendo a ideia de que o Estado é a natural extensão da Família, mas que pelo contrário, é o seu contrário, uma vez que idealmente as relações de Estado são impessoais e pautadas pela Lei, em especial a partir do desenvolvimento do capitalismo. Porém, pensando o caso brasileiro e retomando argumentos previamente apresentados na obra, Sérgio Buarque correlaciona a formação das cidades a partir de uma lógica personalista e patrimonialista com a própria formação social dos brasileiros, vez que confundem as esferas pública e privada. Dessa forma, desenvolve-se o Homem Cordial típico, que é definido da seguinte forma numa passagem: “o desconhecimento de qualquer forma de convívio que não seja ditado por uma ética de fundo emotivo representa um aspecto da vida brasileira que raros estrangeiros conseguiram desvendar.”(pg 109) Isso se faz sentir inclusive na vida religiosa brasileira, em que de diversas maneiras trata os santos católicos como alguém afim. O mais simbólico disso é a prática de mergulhar Santo Antônio num copo d’água para lhe pedir por casamentos, vez que Santo Antônio é um mártir que foi morto afogado. O autor entende que essa prática é como uma forma de coagir o santo a agir como lhe é exigido.
O autor segue construindo o que entende por identidade brasileira no capítulo seguinte, o sexto, em que abordará o surgimento das classes intelectuais do Brasil a partir da Cordialidade previamente descrita. Seguindo ainda a lógica lusa, o trabalho ordinário será mal visto e as classes intelectuais, em especial os bacharéis em Direito, serão os mais valorizados profissionais na formação nacional. Pois a partir das suas “palavras rígidas, monótonas, lapidares e inflexíveis” lhe concederão autoridade e frente às classes populares, se ligando também aos conceitos previamente construídos no capítulo três. Porém, com a formação da República, esse “bacharelismo” será agregado pelos positivistas que primeiro formaram a República e as Forças Armadas, e que por sua vez construíram a imagem oficial do que é o Brasil. Nosso hino, bandeira e instituições carregam até hoje essas marcas do positivismo brasileiro, inclusive o movimento romancista, que em grande medida compôs a identidade nacional. Mas cabe frisar que em grande medida tudo isso foi um movimento de elite, tendo pouca ou nenhuma relação às classes populares, daí a formação do que o autor define como “republicanismo envergonhada”, visto que apesar das leis oficiais, o próprio funcionamento do Estado Brasileiro passa muito longe do que se espera de uma república pautada pelo positivismo.
O sétimo e último capítulo é o mais extenso e propositivo do livro. Intitulado Nossa Revolução, o autor inicia os argumentos tratando sobre a Abolição da Escravidão em 1888, a utilizando como marco inicial do que entendo como “uma revolução brasileira de longa duração” (grifo meu). O fim da escravidão iniciou a transição do campo para a cidade, espaço entendido como Moderno, e que apesar das heranças rurais que permanecem nas cidades, tornaram o espaço do Campo meros abastecedores dos núcleos urbanos e que as próprias elites rurais já não mais viviam necessariamente em suas fazendas. Agora ocupantes de cargos públicos, os grandes latifundiários passaram a administração de suas terras a profissionais dedicados somente a isso. Paralelamente a esse contexto, temos a expansão da infraestrutura brasileira de transporte e comunicação, que encurtará as distâncias entre espaço rural e urbano e do interior com as capitais litorâneas. O desenvolvimento disso fez surgir uma pequena mas importante elite urbana, que fragiliza em alguma medida o poder político, econômico e social das antigas elites rurais. Porém, a gestão desse Estado, permanecerá numa lógica cordial de não separação entre o público e o privado, que também se faz notar na dificuldade em obediência a leis e códigos legais de maneira gera e que somente reformas estruturais profundas conseguem alterar determinados comportamentos. O maior exemplo disso foi a própria abolição do tráfico negreiro, que necessitou de duas leis e forte intervenção armada para dar fim a tal prática. Essa realidade não é exclusiva do Brasil, sendo presente - mas com particularidades locais - em outros países latinos. Esse estado de coisas compõe uma rejeição natural ao liberalismo de tipo europeu, pautado por sólidas instituições e demarcação clara entre a esfera pública e a privada; também entendendo que o Fascimo é a manifestação de características caudilhas em países europeus, como o personalismo, o patrimonialismo, etc.
Seguindo para a conclusão e trecho propositivo do capítulo, Sérgio Buarque defende que tal condição só será superada pelo Brasil e outros países latinos, com a derrota da mentalidade liberal-positivista que aqui se instala nas elites econômicas e políticas. que claro, fazem e farão dura oposição a esse projeto político. Porém, os “caudilhos positivos” podem nos dar auxílio nessa luta e que figuras como Perón na Argentina e Vargas no Brasil são representantes do gênero. A luta no caso brasileiro será ainda mais acirrada, vista nossa formação histórica, em que as elites são profundamente conservadoras, reacionárias e que passam longe de serem afeitas a mudanças que lhe tomem privilégios. Movimentos como os Integralistas (contemporâneos à época da escrita do livro) são sintoma claro dessa característica. Finalizando o livro o autor faz uma defesa de uma Revolução Brasileira que transforme o Estado em tal medida que dê conta de servir verdadeiramente às massas e que seja verdadeiramente democrático.
Bem, finalizada a leitura da obra, fui ler outras resenhas e consumir material relacionado ao livro e ao autor. O fato é que é um livro inescapável para entrar no debate sobre o Brasil, sendo um verdadeiro clássico do pensamento social brasileiro. Seus argumentos ajudam a compreender a sociedade brasileira e suas nuances. Creio que os trechos mais importantes para isso sejam os capítulos Três, Quatro e Cinco, onde o autor se debruça em maior medida para nossa formação social. Porém, cabe destacar que a obra está ultrapassada em alguma medida. A visão idílica da colonização, do processo de miscigenação e o debate sobre o patriarcalismo talvez sejam os elementos que mais depõe contra a obra. Porém, ciente do contexto em que foi escrito, Raízes do Brasil segue como um cânone da sociologia brasileira, conversando com nossa realidade e vivência. Enfim, livrão brabo!
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Rodrigo Celestino Menezes 14/09/2020

Livro que se propõe a uma tarefa deveras ambiciosa, em suma, a de desvendar a essência da personalidade brasileira por meio de fatos históricos. Só pela magnitude de tal empreitada já seria merecedor da nota que atribuí; sem embargo, a execução também foi primorosa, pois: i) o autor demonstra profunda erudição, fazendo excelente uso do vernáculo, ii) não detectei ufanismo ou sentimento de ojeriza ou fatalismo em relação aos nossos "descubridores", como sói em tempos hodiernos e que mais me soa como uma tentativa cômoda de explicar o nosso fracasso social, iii) os comentários de críticos inseridos na edição que li (da Cia das Letras) são primorosos.
Apenas não atribuí cinco estrelas porque alguns trechos da obra são um pouco herméticos ou dúbios, quiçá em função das modificações que sofrera ao longo das sucessivas edições.
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Daniel1906 27/04/2023

Raízes
Sérgio Buarque de Holanda não deixa dúvidas sobre o enorme conhecimento adquirido por ele para poder compor esse livro. Certamente a obra foi um marco de nossa literatura na época em que foi escrita e até muitos anos depois.
Mas sinceramente, com todo respeito do mundo ao clássico, devo dizer que fiquei desapontado (pra dizer o mínimo). As primeiras 60 a 70 páginas são carregadas de opiniões desacertadas a respeito de nossa formação social, a respeito dos escravos africanos e também a respeito dos povos originários. Fiquei impressionado negativamente.
A partir do capítulo do "Homem Cordial", o livro melhora muito e traz ideias bem interessantes. A análise da forma de colonização da Espanha comparada a de Portugal, por exemplo, é bem interessante.
Há de se considerar que a produção autoral é fruto de seu tempo. Mas não tem como avaliar bem uma obra dessa, mesmo reconhecendo sua enorme relevância.
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Letícia 03/07/2021

Neste clássico da sociologia brasileira, Sérgio Buarque de Holanda se debruça sobre os elementos centrais da nossa cultura, tendo por base o legado deixado pela colonização portuguesa. Publicado em 1936, Raízes do Brasil se organiza em torno da análise dialética de vários conceitos-chave: personalismo e hierarquia, aventura e trabalho, displicência e planejamento, campo e cidade, público e privado.

O primeiro capítulo dá a tônica de todo o livro. Nele, Buarque de Holanda explica como a frouxidão da estrutura social ibérica e a ênfase no mérito pessoal impulsionaram portugueses e espanhóis às grandes navegações e ao empreendimento colonial. Na ausência de uma ética do trabalho, a exploração da América portuguesa e espanhola foi marcada pela busca de recompensas imediatas, sem grandes sacrifícios ou preocupações com os métodos empregados.

Contudo, apesar do caráter ibérico compartilhado, a coroa espanhola procurou assegurar o controle político, econômico e militar de seus domínios, observado na criação de órgãos locais de poder, de centros urbanos e de universidades ainda no século XVI. Já na colônia portuguesa, a exploração mercantil adiou a interiorização da ocupação e relegou o futuro da Terra Brasilis a Deus-dará.

Constituiu-se aqui uma civilização agrícola, dominada por latifundiários escravocratas. Com o desenvolvimento tardio das cidades, no século XIX, os filhos de fazendeiros educados nas profissões liberais seguiram ocupando as posições de mando da administração pública. Deles herdamos o apreço exagerado pelo “anel de grau” e pela “carta de bacharel”, assim como o desprezo pelo trabalho braçal.

O conceito mais famoso da obra é, porém, o do “homem cordial”. A partir dele, o autor denuncia a cordialidade brasileira como fruto de nossa incapacidade de separar as relações íntimas das esferas oficiais de poder, o que transforma o Estado em uma extensão da vida doméstica. Isso também se reflete em nossa informalidade, aversão ao ritualismo e abuso dos diminutivos.

É, sem dúvida, uma das obras mais importantes para entender o Brasil e o ser brasileiro.

site: https://www.instagram.com/pulsaoliteraria/
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Washington24 29/09/2022

Não darei todas ? pela minha dificuldade linguistica.
Gostei batante pelo fato de pensar no Brasil de hoje e tentar entender porque somos assim?!

Visitar o passado ajuda a identifcar manias e comportamentos de manada. Comportamentos da grande massa que facilmente se destaca de outras nacionalidades.

O autor é gabaritado e tem muito conhecimento. Sendo também uma obra de anos atrás, certamente a linguagem é mais formal e melhor elaborada.

O livro tem bastante informação e representa uma parte do nosso passado.

Gostei bastante.
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Clara.Brogliato 25/09/2022

"Somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra"
Muito bom o livro, acredito que seja uma leitura fundamental e necessária para todo brasileiro.

Confesso que a leitura não é uma das mais fáceis, devida linguagem acadêmica utilizada pelo autor. Porém, há uma abordagem muito precisa na análise de pontos cruciais para a construção da sociedade brasileira.

O ponto fundamental do livro, e creio que o mais conhecido, é o do "homem cordial".
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Like a Sir 26/10/2020

Bom do começo até o meio
O livro segue uma pegada parecida com Casa Grande & Senzala (o que é excelente), descrevendo as minúcias da formação do Brasil.

Porém, no penúltimo e último capítulos, ele dá uma esquerdada monstra. Praticamente nada ali é comprovado. É tudo impressão própria do autor.
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Social 11/10/2012

Deliciosa leitura....
Esta obra é um diferencial na historiografia brasileira.
Talvez nem se adeque ao termo "historiografia", visto que está mais próximo de um estudo sociológico e do pensamento do brasileiro.

Aparte o autor, que por si só tem seu espaço garantido na História brasileira devido as suas obras.

O livro traça paralelos entre as colonizações ibéricas na América. Traz luz sobre os modelos de construção e de planejamento das coroas. Contrasta os pensamentos do "semeador e do ladrilhador", contrastando o português e o espanhol em seus atos e as influências por trás destes.

Um detalhe interessante é a "facilidade" encontrada pelos portugueses: encontraram uma única família de índios por toda a costa brasileira, a família tupi. Além da utilização da rede fluvial com a ajuda dos índios, ignorada pelos espanhóis no outro lado do continente.

Uma leitura deliciosa para os amantes das Humanas.
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Maria Fernanda 11/08/2013

Esse é um daqueles livros que todo brasileiro tinha que ler, ao menos uma vez na vida. É um clássico. Faz reflexões importantes sobre a cultura brasileira e ajuda a explicar nossa formação como povo, iluminando aspectos que nos influenciam até hoje - o que mantém l livro, escrito na década de 50, incrivelmente atual. Apesar de ser claramente um erudito, Sérgio Buarque de Holanda expõe seus argumentos de forma clara e direta, o que na minha opinião só acrescenta à genialidade da obra. Gostei tanto desse livro que tenho vontade de sair presenteando exemplares para todos os meus amigos.
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Caio 10/09/2010

Intérprete do Brasil
Esse fantástico ensaio sobre a história do Brasil, marcado pela influência indelével da introdução dos estudos sociológicos nas décadas de 20 e 30, já apresenta a marca do gênio de seu autor.

Produção da juventude, nem por isso de menor valor, o texto constrói um panorâma (teleológico em alguma medida) sobre a construção do ser-brasileiro, desde as raízes portuguesas pré-cabralinas. Com isso, a obra ficou bastante datada, mas nada que ofusque o brilho do texto - saborosíssimo se comparado a grandes compêndios de história econômica muito mais superficiais embora mais volumosos que esse breve livreto. A leitura do livro permite perceber a plasticidade que o autor teve ao se desprender de seus pré-conceitos e superar-se em suas demais obras, coisa que faltou a outros, como, por exemplo, Gilberto Freyre.

De leitura fundamental não só para entender um dado momento da história intelectual brasileira, a obra permite que o leitor se maravilhe, se perca e se apaixone, e ainda mantém o frescor em certas passagens que se não são de todo precisas, no mínimo são inspiradoras, a saber:
- quando compara os modos da colonização espanhola, metódica e rigidamente controlada pela metrópole, na metafora buarqueana os espanhóis são os "ladrilhadores". Enquanto os portugueses, muito mais indolentes, auto-suficientes e insubmissos são comparados a "semeadores";
- quando lança a noção de "homem cordial" como sendo um arquétipo do brasileiro que, longe de ser pacífico ou benevolente, é cordial porque age de acordo com o coração, com as paixões, sendo extremado em seus amores e em seus ódios;
- quando percebe peculiaridades do brasileiro como o costume de utilizar-se de diminutivos para fugir ao formalismo das relações sociais e familiarizar o contato com o outro.

Enfim, essa enumeração poderia ser ainda maior, sem contudo alterar o que até agora foi dito sobre a substância do livro. Fazendo coro a voz da tradição, essa leitura é recomendadíssima.
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Ricardo 24/05/2022

Rapsódia brasileira
Raízes do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda (??)
Pp. 256, Cia. das Letras (2014)

Talvez o texto mais significativo para a Sociologia brasileira do século XX.

Ao lado de Macunaíma, Casa Grande & Senzala e Retrato do Brasil ? entre outros ?, uma das mais importantes rapsódias analíticas acerca do Brasil. É um estudo perspicaz sobre a realidade em que habitamos; bem como uma definição, partindo das matrizes étnicas que nos formaram, da nossa maneira de nos relacionar com o mundo e com as pessoas. Uma tentativa de definir o que é ser brasileiro, de englobar a sociedade brasileira em uma única tese organizada em sete capítulos. Esses, que culminam no quinto ? e mais conhecido ?, ?O homem cordial?.

A obra reconhece como essencial, primeiramente, o estudo da influência ibérica na nossa cultura. Buarque percebeu um traço cultural endêmico aos portugueses e que foi transmitido a nós, o ?personalismo?. Tal é o culto ao pessoal, em várias medidas. Desde a associação de bens públicos a pessoas privadas, a submissão entre partes não mediada pela lei ? mas pelas relações pessoais ? ou mesmo a frouxidão das instituições formais pela crença de que se pode transgredi-las por interesses particulares que seriam suficientemente superiores à força delas.

Outra herança seria a da natureza da nossa colonização, sem ter, em primeiro plano, intenções de se estabelecer aqui, mas de extrair riqueza rápida e sem esforço; resultando em uma colônia estabelecida de forma desleixada e irracional. Logo, passa-se a analisar a mistura de culturas ? africanos, indígenas e portugueses ? e a consolidação de traços que persistem até hoje.

O autor cunha o termo ?Homem coridal?, a síntese de tudo que foi explorado durante o livro, e finaliza explorando a consequência dessa cultura de ?lhaneza no trato?, da ação com interesse e fundada no sentimento.

Trata-se de uma obra trabalhosa, difícil e que não evita digressões, mas pela riqueza e lucidez é a mais grifada da minha estante.

Sem grandes cerimônias, nota 4.5/5??
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