spoiler visualizarJuLuzReiz 17/10/2021
Quero alguém que me dê uma árvore também
Esse livro foi uma montanha-russa de emoções, me peguei dividida sobre como me sinto a respeito dos personagens principais. No início, a Norman me tirou do sério, ela é a típica garota diferente que odeia vestidos rosa, não quer se casar e condena outras mulheres que não possuem o desejo de se rebelar contra uma sociedade patriarcal ou até mesmo identificação por sua sede de poder. "— Anika, você me acha muito crítica sobre as mulheres? — perguntei-lhe… " Bom, se Anika não acha, eu acho.
Em certos momentos me compadeci com seus sentimentos e dúvidas, mas também me irritei com sua falta de senso para com os sentimentos alheios. "A questão, Norman... é que você é a pessoa mais egoísta de todas e ainda não percebeu. [...] Então, admita Norman. Você só se importa com o poder e não com essa igualdade que tanto prega." Essa frase se aplica muito bem para essa personagem imperfeita, profunda e, muitas vezes, até mesquinha.
Entretanto, apesar de parecer que não, gosto de Norman, quero muito que ela progrida e se desenvolva como pessoa nos próximos livros. Para que, assim, eu possa amá-la tão intensamente quanto Tadaki.
Por falar no Tadaki, ele é apaixonante desde o princípio, me cativou do início ao fim. Fiquei surpresa quando ele confessou a Norman que a amava desde os 15 anos. Não deveria, mas fiquei. Ao decorrer do livro, percebe-se que ele está completamente rendido pela mocinha. É tão nítido que chega a ser cômico.
"— Por que tem uma árvore no salão de baile? — Você disse que prefere árvores em vez de flores." Não pude conter uma gargalha com esse diálogo. Foi nesse momento que Tadaki me conquistou. Adorei a parte onde ele finalmente fala para Norman como ela age de forma egoísta quando alguém entra no seu caminho, tendo a intenção ou não, para a chegada de poder, como ela atropela todos que ousam chegar muito perto, ou até mesmo quando ela invalida os sentimentos dos Tadaki por ela.
"— Eu queria mostrar a você que podemos fazer tudo juntos e que eu conseguiria te dar o que você quisesse. Deixei que me usasse por não quer simplesmente tomá-la como um monstro e ainda assim, eu sou egoísta? [...]Posso não saber o que é estar em pele de um acordo, mas sei como ele é criado e o que enfrenta depois de assinado. Então você não tem o direito de se sentir superior a mim, por ter usado meu sentimento para sair desse meio. [...] Estava tola para que eu escolhesse uma de suas irmãs, exatamente porque queria tirar de si própria um casamento e não porque tinha bons ideais. Uma mulher querendo igualdade, mas que joga as outras para cima de um homem tirando seu nome da lista está protegendo a si mesmo e não o que acredita." Sinto que esse momento foi o qual Tadaki finalmente tirou um peso dos ombros, confessando como ele se sentia a respeito das atitudes mesquinhas da Norman.
Porém, houve, uma parte em que as atitudes do Tadaki realmente me decepcionaram. Em determinado momento, Norman descobre que Tadaku omitiu certas informações sobre o império e se aproveitou do acordo para garantir o trono, aliados e a mulher que ele amava com sua imperatriz. Por mais que o acordo teria partido inicialmente de Norman e ela possuía condições, as quais o imperador aceitou de bom grado, a partir do momento que eles fecharam o acordo, omitir as informações foi errado. São informações a sobre a política do império e como futura imperatriz, ela deveria estar a par de todas as animosidades e tentativas de tomada de poder por parte da própria família do imperador. Mas Norman o perdoou, então eu também.
E em análise dessas situações que ocorreram em sequência, é possível enxergar que ambos erraram. Tanto Norma quanto Tadaki foram egoístas um com outro. Muito embora, o sentimento amoroso não seja mútuo (ainda), é nítido que há uma relação de parceria. Eles discutem, mas ainda assim, se apoiam acima de tudo. Tadaki a ama o suficiente para mudar o reino em detrimento dela, ela confia o suficiente nele para que apenas sua palavra baste para não desistir tão facilmente. É uma boa evolução de uma amizade (e, futuramente um casal). Eu gosto, acho muito bem feito.
Em relação às questões políticas, não são o foco da história, mas estão bem presentes e pontuais. São bem desenvolvidas e há ganchos para um possível futuro aprofundamento. Norman é muito inteligente, tem pensamento rápido e discorre muito bem. Tem muito potencial para ser líder, isso não há dúvidas.
Em conclusão, eu adorei o livro. É bem muito bem escrito (deixando de fora pouquíssimos erros gramaticais e prolixidades), te prende do início ao fim, em momento algum se torna cansativo ou chato, me divertiu para caramba, me apaixonei pelos personagens e pelo ambiente. Dou meus cumprimentos a autora que escreveu um livro tão emocionante que, pela primeira vez, me fez querer escrever uma resenha.