cat 26/01/2024
Uma questão de conveniência
Não vou mentir, é um livro bastante desconfortável. Fez-me refletir sobre diversos aspetos da minha vida quotidiana, sobre as minhas relações, sobre a minha personalidade... Então estejam prontos para refletir.
Algo que me deixou bastante desconfortável é a clara doença mental da protagonista que não é diagnosticada em momento algum.
Pode parecer fictício, mas a verdade é que imensas pessoas vivem assim, inclusive, se pensarmos um pouco, conseguimos ver que todos nós vivemos assim ? sempre desesperados por pertencer à sociedade.
Identifico-me um pouco com a protagonista, assim que termino o meu horário de escrava do capitalismo, questiono-me sobre quando poderei ser outra vez escrava do mesmo. E o mais engraçado? Fico sempre animada por pensar que no dia seguinte poderei fazer outra vez a mesma coisa.
Quando descrito é assustador, mas a verdade é que também estamos todos desesperados para sermos escravos do capitalismo e por escravizarmos os outros.
Do ponto de vista relacional, às vezes ficamos tão desesperados por sentirmos que pertencemos à sociedade, por cumprir as expectativas que os outros têm para nós, que nos sujeitamos a relações que claramente não são para nós.
Então, talvez no fim do dia, o nosso único desejo seja ceder ao controlo social e ser sempre escravos de alguma coisa. E lamento informar, mas nenhum de nós é exceção.
Quote: "E foi assim, sempre com a ideia de que precisava de me curar de alguma coisa, que me fui tornando adulta."