@fabio_entre.livros 30/06/2020
Sobre a HQ da Principis
Esta não é uma resenha da obra clássica de Homero, e por duas razões que considero muito simples: primeiro, porque já há dezenas de resenhas a respeito, e eu não vejo sentido em ser só mais um entre tantos – e, evidentemente, melhores – comentários sobre tal obra; prefiro comentar livros que têm poucas resenhas, ou em casos em que minha impressão diverge da maioria. A segunda razão para evitar uma análise aprofundada aqui é que, por se tratar de uma adaptação em quadrinhos (e pouco conhecida, por ser recente), julgo mais útil falar sobre a edição em si.
O livro faz parte da coleção de clássicos em quadrinhos da editora Principis, e segue o formato americano (aquele usado pelas publicações de graphic novels da Panini, por exemplo). O roteiro ficou por conta de Diego Agrimbau, profissional argentino que também foi o responsável pelo argumento de outras adaptações, como a de “Odisseia” e “Anne Frank”. Seu roteiro é sucinto e inteligível: em outras palavras, ele sabe como transpor o longo poema épico para um número limitado de páginas (em torno de 70) sem perder o fio da meada. É claro que, como não poderia deixar de ser, muita coisa fica de fora, mas a espinha dorsal da obra está aqui.
Entretanto, o aspecto que achei mais chamativo neste trabalho foi, sem dúvida, a arte de Marcelo Zamora. O traço estilizado e anguloso nesta adaptação lembra o da animação “Hércules”, da Disney, embora sem personagens debochados para fazer graça. Aliás, se falta humor aqui, há violência em doses generosas, o que até me surpreendeu: mutilações, decapitações, cadáveres arrastados e corpos empalados.
Ao fim, o livro traz pequenas biografias dos autores, informações complementares sobre a Guerra de Troia, um pequeno questionário e até algumas sugestões de filmes baseados na obra.
Como eu digo sempre eu falo sobre adaptações de livros clássicos, esta versão em quadrinhos não substitui a leitura da obra original, mas pode ser uma porta de entrada para quem ainda não leu ou um material extra para os apreciadores de Homero. Eu aprovo.