Os vivos e os outros

Os vivos e os outros José Eduardo Agualusa




Resenhas - Os Vivos e os Outros


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Janaina Edwiges 17/09/2022

"O mundo extingue-se em cada instante. E em cada instante recomeça."
Os vivos e os outros, do escritor angolano José Eduardo Agualusa, respira literatura! Para nós leitores, que também somos apaixonados pelo universo do saber literário, este livro é uma fonte de descobertas e ricas reflexões.

Nesta história, um grupo de escritores de diferentes países africanos está reunido na Ilha de Moçambique para um festival literário. Após uma violenta tempestade no continente, todo tipo de comunicação é interrompida. Não há sinal de internet ou telefone e ninguém atravessa a ponte que liga a ilha ao continente. Isolados, resta aos escritores permanecer escrevendo e discutindo literatura. Várias questões relevantes são apresentadas ao longo do texto: o que é ser escritor, as formas de se criar e escrever uma história, o porquê do ato da escrita, em que consiste o trabalho dos autores, qual o sentido da leitura e várias outras ponderações importantes sobre os conceitos literários.

Uma das discussões que o livro desenvolve é sobre o que constitui a literatura africana e o que significa escrever partindo-se da perspectiva de um escritor africano. Existem muitas realidades diferentes na África, são inúmeros países, cada um com sua cultura, história e especificidades. No entanto, ainda persiste uma visão estereotipada de que este continente é uma massa única. Durante muito tempo, os críticos europeus esperavam que os escritores africanos escrevessem apenas sobre a África. A literatura africana deveria servir para confirmar a África imaginada por eles.

Gostaria de finalizar esta resenha com uma das minhas passagens favoritas da obra:

"- Somos nós que construímos os mundos! - grita Moira. - Somos nós! Os mundos germinam dentro de nossas cabeças e crescem até não caberem mais, então soltam-se e ganham raízes. A realidade é isso, é o que acontece à ficção quando acreditamos nela."
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Leila de Carvalho e Gonçalves 08/03/2021

O Fim Do Mundo
Jamais havia reparado na Ilha de Moçambique, até o João Eduardo Agualusa mudar para lá. Só então descobri que Camões também residira no local ? com direito a estátua em praça publica ? assim como Tomás Antônio Gonzaga, o Dirceu de Marília, que após o degredo virou um rico insulano.

Em seu novo romance, Os Vivos E Os Outros, Agualusa presta uma justa homenagem a este paraíso, isto é, toma-lhe de empréstimo para relatar o fim do mundo e seu eventual recomeço, tendo como única única arma ou estratégia a nossa capacidade de contar histórias.

O mote é uma festa literária interrompida por uma violenta tempestade que impede qualquer contato entre a ilha e o continente. Durante sete dias, ela deixa um grupo de escritores ? e seus egos ? a mercê de um isolamento forçado que nenhum sairá ileso. Ou melhor, um isolamento que desde a pandemia, descobrimos que ninguém sai ileso.

Seu protagonista é Daniel Benchimol, que já participou de dois livros: A Sociedade Dos Sonhadores Involuntários e Teoria Geral Do Esquecimento. Considerado o alter-ego de Agualusa, ele é um escritor e ex-jornalista conhecido pelas reportagens sobre desaparecidos e desaparecimentos, como o misterioso paradeiro do poeta angolano Pedro Calunga Nzagi.

Resumidamente, o romance trafega entre a realidade e a fantasia, ignora a divisão do tempo em passado, presente e futuro, emaranhando a linha da vida e confundindo a morte. O resultado é uma história coalhada de reflexões metalinguísticas que além de ressignificar o fazer literário, questiona a identidade da literatura africana e como ela é encarada fora do continente.

Em paralelo, ao estreitar o convívio dos escritores, o isolamento da ilha cria uma intimidade que desponta algumas vezes carregada de ciúme e inveja, mas que também pode assumir um tom confessional, atribuindo a escrita a capacidade de salvar ou perdoar.

Para concluir, aceite o convite do autor para guiá-lo ao final dos tempos. Um epílogo anunciado por confusas vozes vindas do mar e vigiado por cães raivosos que avança morosamente sobre a ilha invadida por corvos, fantasmas, chupa-sangues e até Lucy, a Mulher-Barata. Uma horda improvável de personagens que ao menor descuido escapa dos livros para testemunhar o julgamento final.

Tenha uma boa-viagem!

?A igreja de Santo António brilha ao longe, muito branca, flutuando como uma alegre ilusão sobre a esmeralda polida do mar. Uli detém-se a contemplar o cenário. ? É sempre assim, a cor do mar? Daniel sorri. ? Não. O mar nunca tem a mesma cor. ? O mar, o céu, o fogo. Eu é que devia viver aqui. ? Não te iludas... Desconfia sempre dos paraísos. A expressão ?paraíso perfeito? não é uma redundância, meu caro, é um oxímoro.? (Posição 41)

Nota: Adquiri o e-book, recomendo.
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Carolina.Teixeira 25/04/2021

Bem legal
Eu fui ler o livro de curiosidade, após ouvir o escritor falando dele em um encontro literário. Adorei. É diferente, a escrita é muito boa e me diverti em assistir os escritores em suas divagações. Ter lido nesse momento pandêmico deixa a história ainda mais interessante. Fiquei tão envolvida que li em uma tacada só, gostei de ser surpreendida, mas, queria mais para o final (o que, com base em questões apresentadas pelos escritores do livro o final tem que ser esse mesmo hHaHHha)
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Diego.Rates 29/03/2021

Excelente escrito de Agualusa
Com um enredo extremamente intrigante, bem desenvolvido e personagens envolventes, Agualusa nos prende a leitura desse livro, que explora vários aspectos da concepção da literatura, da cultura africana e da principal proposta do livro; os personagens dos livros se tornando vivos na ilha de Moçambique

O livro é de uma leitura extremamente agradável, que flui bastante rápido, devido a destreza de seu escritor em conduzir a trama. Alguns aspectos do final da história são um pouco estranhos e pouco explicados, mas ainda assim, é uma ótima história, que opta por deixar algumas pontas soltas de propósito
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Lucas.Hagemann 03/05/2021

Personagens ricos e com histórias fantásticas
Romance gostoso, dinâmico com personagem ricos e sobretudo com histórias e sacadas maravilhosas. É o primeiro livro que leio do José Eduardo Agualusa e já tenho um carinho considerável.

Apesar do Agualusa dizer que seus personagens tem pouco ou nada das características dos autores em que foram inspirados, fica aqui uma parte da diversão do livro, que é tentar descobrir em quem que Agualusa estava pensando ao criar tal personagem.
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Literatania 17/10/2021

Nós e os outros. José Eduardo Agualusa. #literaturaangolana
Longe de ser apenas mais uma narrativa fantástica, neste romance genial Agualusa, escritor Angolano, funde a oralidade africana e todas suas nuances plásticas entre à realidade e ficção, usando a metalinguística como pano de fundo para a discussão da identidade literária africana através do encontro de escritores, num festival na Ilha de Moçambique. É a desconstrução e a reconstrução do mundo literário personificado pelo continente, no qual seus personagens vagueiam, num mundo entre mortos e vivos onde o passado, presente e futuro se fundem tudo em justaposição, como um mosaico cubista de permanente releituras. É uma narrativa empolgante, arrebatadora, cujo início reflete sobre a própria literatura e seu estilo que tenta se libertar de arquétipos literários pré-estabelecidos. O protagonismo do personagem escritor Daniel Benchimol, e a sua angústia criadora talvez seja a busca pela singularidade dentro de sua (re)criação poética. Este hiato no processo criador é apresentado quando ele, Daniel, está dividido em continuar a revitalizar a ilha através de seus textos ou purificar sua técnica/vida no momento em que queima sua própria história. A obra fica aberta convidando-nos a participar e imaginar o antes e o depois dos fatos. Grande livro! Grande Agualusa! Viva a literatura Angolana! ????
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Vinder 30/11/2022

Livro excelente e enredo melhor ainda. O que acontece quando « o mundo acaba » num congresso de escritores, numa ilha em Moçambique? Vale muito a leitura!
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oliveiralauras 05/12/2023

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Surpreendente. Leitura para aula de Literatura Portuguesa, porém, de grande valor. Ao longo do livro, senti-me presa, dei risada e emocionei-me!
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