Maíra Marques | @literamai 09/12/2020Siga: @literamaiEm “A Verdade Segundo Ginny Moon” iremos conhecer uma adolescente de 12 anos diagnosticada com autismo. Ginny foi separada de sua mãe biológica com nove anos de idade e desde então mora com “Pais Para Sempre”, como chama as famílias que a adotam. Ela está em sua terceira “Casa Para Sempre”, a Casa Azul.
Meu incômodo, aflição e angustia durante a leitura ocorreram porque a narrativa é em primeira pessoa e pela visão de Ginny, como se fosse um diário, pois os capítulos são separados por datas e até horários. Estamos “dentro” da cabeça de uma pessoa com TEA! Ela não é capaz de responder duas perguntas em uma mesma frase, não compreende “sentido figurado” e fala incansavelmente do quanto precisa resgatar sua boneca bebê. Coisas que em nossa mente seriam tão simples de resolver, na mente da Ginny fluem de maneira totalmente diferente... Que angustia!
Ginny foi separada de sua mãe biológica por sofrer maus tratos, no entanto, a menina vive em uma busca incessante de conseguir entrar em contato com ela. Em sua mente, apenas uma imagem: sua boneca bebê. Os Pais Para Sempre oferecem comprar uma nova boneca, mas Ginny fica nervosa toda vez que tocam nesse assunto, nem sua terapeuta consegue desvendar a relação da tal boneca com o que aconteceu com a menina. Confesso ter sentido uma antipatia tremenda pelos Pais Para Sempre, principalmente da mãe, mas suas ações- por mais grotescas e revoltantes que sejam- são humanas e instintivas!
É claro que, como em todo bom drama, há um mistério que gira em torno do que Ginny passou na casa de sua mãe e a tal da boneca bebê (o que fica claro logo no início da história, juro que não é spoiler! Hihi). No entanto, todo o desenrolar dessa trama, acompanhar a vida dessa adolescente... Não há outra definição melhor do que “angustiante”! Por diversas vezes pausei a leitura e respirei fundo antes de prosseguir. Aliás, uma curiosidade interessante: Benjamin Ludwig adotou uma adolescente autista e ela quem lhe inspirou a criar Ginny!
Sou mãe de um menino com TEA, talvez por isso essa leitura tenha sido tão impactante pra mim. As reviravoltas são o que tornam esse livro tão profundo e necessário! Dêem uma oportunidade para a Ginny!
QUOTES:
• “Sei que tem problemas com as emoções por causa do autismo, mas algumas coisas aconteceram e tornaram extremamente difícil o vínculo entre você e sua mãe, a proximidade entre vocês duas.”
• “Acho que é esse o sentimento de ser um fantasma. Ou de não ter um rosto. Ninguém me conhece e não tenho nem uma casa, um carro ou uma mala onde me esconder.”
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