Sul da fronteira, oeste do sol

Sul da fronteira, oeste do sol Haruki Murakami




Resenhas -


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Libio 25/08/2020

Lendo fiquei: "HMMMMMM SAFADNHO" (risus), pois não tenho hábito de ler coisas do tipo. Achei interessante, principalmente ver essa passagem de tempo, amadurecimento, arrependimento etc.
O final não me agradou muito, mas achei ok.
Leitura e . 25/08/2020minha estante
Oii... Boa noitee...Tudo bem?... Desculpa por interromper sua leitura, mas gostaria de te convidar a me seguir no Instagram para acompanhar minhas leituras... sempre tem sorteio de livros por lá... te espero ...?
Obrigado.
@leituraeponto




Leo Farias 29/05/2022

Quantos caminhos eu não poderia ter seguido, mas será que eu seria mais feliz se os tivesse seguido?
Se você conseguisse conquistar tudo o que você almejava, o que mais o motivaria? Existe um vazio que nunca será preenchido? E se esse vazio for você mesmo? For parte de você?
Hajime tem tudo o que sempre quis: uma esposa que ama e duas filhas, uma carreira estável.
Mas sente esse vazio, falta algo a ele, algo que o deixa incompleto e ele é incapaz de aceitar não ser completo, depois de tudo o que conseguiu, ainda ser incompleto.
Apesar de me identificar com o Hajime, achei difícil gostar dele, talvez por ele ser verdadeiro demais, o que não deveria ser um problema.
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Augusto Stürmer Caye 11/09/2021

A Vida que Você Leva
Este livro, principalmente o seu final, fará você refletir sobre a vida, o caminho que você fez até agora, seu futuro, nosso papel sobre a vida dos outros e as nossas próprias fantasias sobre o que queremos e quem somos.

Izumi, Hajime, Shimamoto e Yukiko são todos facetas sobre como nós recebemos a vida, seus potenciais conflitos e como decidimos viver a partir do que escolhemos e o que o outro decide fazer. Ao mesmo tempo, isso sempre é confrontado com a perspectiva do deserto; todos vivemos e morremos lá, e no fim apenas o deserto que se pode dizer como eternamente vivo. Isso leva ao inevitável questionamento, sempre subliminar aos personagens: sou feliz? Devo seguir com a vida como está? Tenho tudo mas me sinto incompleto, como prosseguir?

?O caminho que trilhei me levou a este fim, e por isso ajo assim?, é diametralmente oposto a ?vivi o que escolhi e seguirei o meu caminho?. Estas perspectivas serão apresentadas na obra como um aspecto suicida, tendo como complicador a supressão ou exercício de nossos desejos. E a supressão não é também uma forma de morte?

Para mim, isso é apresentado de formas distintas por cada personagem, que também se identificarão com o próprio título: se há um sul da fronteira há um norte, e se há o oeste do sol também existe um leste. Onde cada um se posiciona é uma opinião muito pessoal e caberá ao leitor designar, sopesando sua própria forma de ver a vida e suas escolhas.

Quanto a escrita, essa é super fluída, agradável, é muito poética. Me senti lendo um poema ao invés de um romance. Os aspectos tão pesados da obra são apresentados como um tapa de plumas na sua cabeça; leve, mas suficiente a lhe causar a reflexão do porquê você está levando um tapa de plumas (risos).

Recomendo muito a quem goste de refletir os livros e particularmente para quem esteja insatisfeito com a vida que tem, mas não recomendo a quem queira uma leitura simples, para justamente se distrair do seu mundo; este livro vai fazer você cair de cabeça sobre a vida que você leva.
Thaina61 11/09/2021minha estante
Com essa resenha linda você me convenceu de ler este livro!


Augusto Stürmer Caye 11/09/2021minha estante
@thai, espero que goste! Comecei ontem à noite e só parei por não aguentar o sono, recém terminei o livro agora pela manhã. Depois comenta aqui o que você achou :)


Thaina61 11/09/2021minha estante
@augusto, pode deixar, comento sim!?




Mayara 19/07/2020

Eu amei, um livro incrível.
Terminei de ler Sul da fronteira, oeste do sol e não sei definir com palavras as minhas emoções. Eu fiquei tão envolvida com o livro que passei o dia inteiro lendo, mesmo quando parava pra fazer outra coisa, acabava voltando pra ele. A história é muito boa e a narrativa muito misteriosa e que te prende de uma forma indescritível. Me identifiquei muitas vezes com o Hajime, a inconstância, a insegurança, a sempre presente dualidade de decisões... É um livro muito humano e talvez por isso, tenha me fisgado tanto, trata uma pessoa real, com dilemas reais, uma pessoa que erra, acerta e é muitas vezes egoísta e cega, sem conseguir mostrar um ponto de empatia pelo próximo.
A forma como a narrativa se passa temporalmente também tem uma marcação interessante e tiveram muitas vezes que eu fiquei "me sinto da mesma forma e estou na mesma fase", acredito que a identificação com os questionamentos de Hajime foi o que mais gostei na obra. Mas a história em si é incrível, eu não tenho um defeito sequer pra mencionar. No começo, achei que não gostaria tanto, por não concordar com vários comportamentos do Hajime, no fim da leitura, continuei não concordando, mas entra daquilo que eu disse sobre ser humano. Eu amei de verdade a humanidade e realidade descrita no livro, até mesmo nos momentos que beira à psicopatologia, o real e o irreal.
A linha tênue.
No fim, por ser tão aberto, não sei bem o que dizer, poderia criar muitas teorias.

Me despeço do livro já com saudade e com uma vontade enorme de reler. Vou esperar alguns anos, pra uma nova percepção.
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Agnes.Camargo 29/10/2021

Hipnotizada
É como encerro a leitura de Sul da Fronteira, Oeste do Sol. Não apoiada com os cotovelos no balcão da cozinha observando o dia amanhecer, mas deitada na cama pensando por quantas faltas somos formados.
Quantas ausências permeiam nossas existências, 12, 16, 28, 37 anos. A passagem do tempo tão clara no livro - e num tempo já distante de 2021 - e marcada por tentas ausências e tantos ?ses?.

Me deliciei com cada palavra, devorei, absorta, envolvida. Desde a primeira semana do primeiro mês do primeiro ano da segunda metade do século XX ao posfácio delicioso trazido por Rita Kohl.
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Ãnimo Total 28/07/2020

Sul da fronteira, oeste do sol.
Primeiro contato com Murakami, expectativa lá em cima ...e satisfação garantida.
Enredo com fluidez e dinâmica !
Não sei se a Shimamoto adulta é real.
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djoni moraes 18/07/2020

Sul da fronteira, oeste do sol
Antes de entrar nas considerações sobre o livro, devo agradecer à TAG pela experiência de manusear um texto tão lindamente diagramado. Agora sim, sobre o livro;

Esta é uma obra breve, que chega em seu clímax muito rápido e permanece lá, pairando, grande parte do tempo. No Hajime, o protagonista e narrador da história, encontramos um "eu" que o Murakami costuma suscitar nas suas obras. Um homem de meia idade que se encontra perdido, não sabe quem é realmente. Como acompanhamos o crescimento deste personagem (o qual parece ter como principal característica a sua solidão), poderíamos até arriscar e dizer que é uma novela de formação. O Hajime faz algumas escolhas que me irritaram bastante, mas que, ao mesmo tempo, fizeram-me enxergá-lo como um ser humano desesperado para achar sua verdadeira identidade.
Murakami também tece uma narrativa que, para leitores desavisados, pode parecer "cabos soltos". No entanto, trata-se mais uma vez da mania do Murakami de simplesmente não se importar com atar esses cabos. Aliás, quanto mais eu leio Murakami, mais eu percebo que ele está mais preocupado em retratar as emoções humanas do que em dar encerramentos concisos. É como se cada vez que eu pedisse um encerramento, ele falasse pra mim: "ah, vai lá, termina com o que você quiser, mas você não tá vendo o mais importante, que é..."
Uma coisa a ser comentada também é o fato de ser uma obra bem "realista". Isto é, carece dos elementos de realismo mágico que caracterizam ao autor. No entanto, a narrativa é construída com tal maestria que entramos na confusão do narrador e passamos a ver a realidade com essa lente onírica.
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Daniel263 17/12/2020

Murakami se tornando O Murakami!
Publicado em: @curadorliterario

52ª leitura de 2020.

No seu aniversário, a Tag Curadoria enviou um Murakami de 1992, inédito no Brasil...

Adorei a surpresa e o livro!!!

Narrado por Hajime, um filho único complexado por sua solidão e por seu niilismo, o leitor embarca em uma espécie de romance de formação bem peculiar!

Da infância à vida adulta o protagonista se vê frustrado por não se “conectar” com alguém, da mesma forma que se “conectou”, brevemente, com uma amiga de escola.

Identidade, transformações e dúvidas existenciais permeiam a obra com belos temperos líricos. E da metade para o final do livro, surge uma figura misteriosa e envolvente...

Além disso, essa edição tem ilustrações maravilhosas de Sabrina Gevaerd e um posfácio incrível de Rita Kohl, responsável por traduzir esse e outros livros de Murakami!

site: https://www.instagram.com/p/CCv0Gi0ji7A/
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EduardoCDias 26/07/2020

Vazio existencial
Um mergulho para dentro do vazio interior e da solidão existencial. A procura por oportunidade perdidas no passado leva ao descontrole de várias vidas, com consequências às vezes inevitáveis e desagradáveis. É melhor arriscar voltar para a incerteza ou continuar na incompletude e segurança da vida atual? Nessa história, desprovida do realismo fantástico, diferentemente das outras obras de Murakami, conhecemos Hakime e acompanhamos seu desenvolvimento, desde a adolescência até a maturidade. Seus amores e sua solidão desenham sua vida, independente da sua vontade.
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lillimarlene 13/11/2020

É importante não deixar pontas na vida
Estas pontas voltam para fazer a cobrança, em sua mente e em seu coração, fazendo ecos no presente e no futuro.
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sara 23/11/2020

Sul da fronteira, oeste do sol
"Comecei a frequentar uma biblioteca e lia tudo o que encontrava lá, um livro atrás do outro. Quando começava a ler, não conseguia mais parar. Era como uma droga."

GENTE QUE LIVRO! QUE LIVRO!
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 26/05/2021

Haruki Murakami - Sul da fronteira, oeste do sol
Editora Alfaguara - 176 Páginas - Tradução de Rita Kohl - Capa: Alceu Chiesorin Nunes - Imagem de capa: "Ancient Sea, Nautilus" de Mayumi Oda, 1986. Lançamento: 2021.

Lançado originalmente em 1992, "Sul da fronteira, oeste do sol" é um romance narrado em retrospectiva por Hajime, um protagonista que se aproxima da meia-idade com um casamento estável e duas filhas, tendo se tornado um bem-sucedido proprietário de dois bares de jazz em Tóquio. No entanto, depois de muitos anos, ao reencontrar e se apaixonar por Shimamoto, uma amiga de infância, enfrenta uma crise existencial e questiona a suposta felicidade de uma vida confortável e resolvida. Um enredo aparentemente simples, caso não estivésemos tratando de um livro de Haruki Murakami.

Na primeira parte, Hajime descreve o período da sua infância em uma cidade do interior durante o período de pós-guerra no Japão no qual era comum as famílias terem duas ou três crianças como parte do esforço de reconstrução do país. Como ele era filho único, sentia-se deslocado e incompleto e, aos doze anos, conheceu Shimamoto, transferida para a sua escola no meio do curso. O fato dela ser a única outra criança sem irmãos, além do próprio Hajime, provoca a aproximação entre ambos, assim como um defeito na perna esquerda que a fazia mancar, isolando-a dos outros alunos. Os dois passam a compartilhar momentos de intimidade, voltando juntos da escola, ouvindo música e gostando de gatos (temas recorrentes nos romances de Murakami).

"Certo dia, perto do Natal, eu e Shimamoto estávamos na sala da casa dela. Sentados no sofá, como sempre, ouvindo música. A mãe tinha saído para fazer alguma coisa e estávamos sozinhos em casa. Era uma tarde escura e nublada de inverno. Depois de ultrapassar, com esforço, a camada de nuvens pesadas e baixas, a luz do sol parecia ter sido reduzida a pó. Todas as coisas tinham uma aparência embotada e sem vida. O pôr do sol já se aproximava e o interior da sala estava escuro como se fosse noite. Acho que a luz não estava acesa. Só o brilho avermelhado do aquecedor a gás reluzia nas paredes. Nat King Cole cantava 'Pretend'. Não entendíamos nada da letra em inglês, é claro. As palavras soavam como um encantamento. Mas gostávamos daquela música e, de tanto escutá-la, conseguíamos imitar a pronúncia das primeiras frases: Pretend you're happy when you're blue / It isn't very hard to do..." (p. 14)

A fixação musical do autor está presente desde o título. "South of the border" é uma canção de 1939 que se refere ao México, gravada por Frank Sinatra. No romance é atribuída uma misteriosa gravação a Nat King Cole em um dos discos da família de Shimamoto mas, aparentemente, essa gravação não existe. Outra das inúmeras citações, entre obras clássicas e standards de jazz, é "The Star-crossed lovers" de Duke Ellington e Billy Strayhorn de 1957, expressão idiomática em inglês para um casal azarado, que nasceu sob uma estrela ruim. Uma música difícil e triste – vale a pena pesquisar no Google – que os músicos do bar principal de Hajime, Robin's Nest, sempre tocavam.

Na parte intermediária do romance, Hajime relata como se separou de Shimamoto durante o ensino médio quando mudou de escola e seguiu com a sua vida. Depois de muitos encontros e desencontros ele conhece Yukiko aos trinta anos e se casa com ela. O pai de Yukiko, presidente de uma grande empresa de construção, empresta dinheiro para Hajime, que até então tinha um trabalho simples em uma editora de livros didáticos, abrir o seu elegante bar de jazz. Em pouco tempo a vida muda completamente e, aos trinta e seis anos, ele já acumula uma pequena casa de campo em Hakone, um jeep Cherokee e dois bares que davam bastante lucro, além de inúmeros investimentos em ações e imóveis sob a orientação do sogro.

"Mas posso dizer que, no geral, levava uma vida feliz. Não tinha nada do que me queixar. Eu amava minha esposa. Yukiko era uma mulher tranquila e ponderada. Depois de ter filhos ela tinha engordado um pouco e por isso agora cuidava da dieta e se dedicava aos exercícios físicos. Mas eu continuava achando-a bonita. Gostava de estar junto dela e de dormir com ela. Algo em Yukiko me acalmava. E, o que quer que acontecesse, eu não queria voltar para aquela vida desolada e solitária dos meus vinte anos. 'Este é o meu lugar', eu pensava. 'Enquanto estiver aqui, sou amado e estou protegido. E, ao mesmo tempo, amo e protejo minha esposa e minhas filhas.' Era uma experiência totalmente inédita para mim, e o fato de eu ser capaz de cumprir aquele papel era uma descoberta inesperada." (p. 62)

Então, quando tudo parece estabilizado, na parte final, Shimamoto reaparece em uma noite chuvosa no bar de Hajime e logo é restabelecida aquela antiga conexão que eles tinham entre si. Só que ela impõe a condição de não falar sobre a sua vida particular e, a partir deste momento, a narrativa entra em um clima sombrio, induzindo o leitor em uma espiral de mistério e realismo fantástico tão característica de Haruki Murakami com alguns temas normalmente não abordados em outras obras, tais como a crise existencial de meia-idade e o suicídio. Na verdade, o grande questionamento do livro é se Shimamoto é real ou um delírio de Hajime.

"Durante cerca de dois meses, até a chegada da primavera, encontrei Shimamoto praticamente toda semana. Ela aparecia nos meus bares de vez em quando. Às vezes no menor, mas geralmente no Robin's Nest. Vinha sempre depois das nove. Sentava ao balcão, tomava dois ou três coquetéis e ia embora por volta das onze. Enquanto ela estava lá, eu ficava sentado ao seu lado, conversando. Não sei o que os funcionários achavam da nossa relação, mas também não me importava com isso. Do mesmo jeito que, na escola, não me importava com o que os colegas pensavam de nós. [...] Eu não sabia praticamente nada sobre as circunstâncias em que Shimamoto se encontrava. Não sabia onde ela morava. Se vivia sozinha ou com alguém. Não sabia de onde vinha seu dinheiro. Se ela era casada ou se já fora algum dia. [...]" (pp. 118-9)

Talvez não seja o livro indicado para a iniciação em Haruki Murakami, mas, certamente os fãs do autor irão adorar mais este lançamento traduzido tão tardiamente no Brasil.

Sobre o autor: Haruki Murakami nasceu em Kyoto, no Japão, em janeiro de 1949. É considerado um dos autores mais importantes da atual literatura japonesa. Sua obra foi traduzida para mais de quarenta idiomas e recebeu importantes prêmios, como o Yomiuri e o Franz Kafka. O escritor vive atualmente nas proximidades de Tóquio.
Mari 14/06/2021minha estante
Kovacs, como você mencionou que talvez não seja o livro indicado para iniciação em Murakami, teria alguma recomendação nesse sentido? Dele, li Do que eu falo quando eu falo de corrida, mas é um livro sui generis dentro da obra dele, né...


Alexandre Kovacs / Mundo de K 14/06/2021minha estante
Oi Mari, exatamente. Eu recomendo começar com uma antologia de contos antes de se arriscar com a trilogia 1Q84 ou outros romances maiores. Eu gostei muito dos contos do livro: "Homens sem Mulheres".


Mari 15/06/2021minha estante
Muito obrigada pela dica! Vou procurar esse de contos.




Claudio 30/05/2021

Obsessões e angústias em primeira pessoas
Livro ótimo, com um personagem principal profundo, humanamente muito verdadeiro, e talvez por isso difícil de gostar.
Os personagens secundários não ficam atrás, com sua aura de mistério e diálogos muito verosímeis.
A história narrada em primeira pessoa nos permite ver essa história sob a ótica desse protagonista, entendendo suas obsessões e angústias.
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joskegshikta 29/09/2022

Me senti vazio após terminar esse livro, sério, muito vazio.
Este é meu primeiro contato com esse autor e não poderia ter escolhido um livro melhor para começar! Estou certo de que daqui um tempo ele se tornará meu autor favorito.

Segui o narrador com tanto afinco, acabei me identificando com o Hajime, mesmo não sendo filho único temos muitos em comum. As complexidades dele são tão reais que me senti como um amigo próximo que estava a ler cartas deixadas para atrás após sua morte. Ele tem seus milhões de defeitos e eles não se resolvem apenas com um estralar de dedos, isso foi muito bem desenvolvido na história o quanto ele é humano é de encher os olhos de alegria ? o que eu já esperava pois já vi muitos elogios para esse autor em questões de personalidade dos personagens.

É simplesmente lindo, calmo e apaixonante. Não o li procurando por defeitos nem nada parecido, li imerso em sua história, e quando o acabei me senti vazio, solitário por completo. Me vi refletindo sobre certas ações que cometi quando mais novo e como poderia ter sido diferente se tivesse a mentalidade de hoje em dia, mas o que posso fazer não é mesmo? todo mundo erra ao menos uma vez na vida, não há nada que possamos fazer, apenas lamentar e tentar se redimir. A vinda e ida de Shimamoto foram com certeza os momentos mais importantes da leitura, o descobrimento das situações diante desse acontecimento foram de outro universo.

Nota: 4,8 ?

[ Quotes favs ... ]

E todas as vezes eu pensava que o que ela estava manuseando não devia ser apenas um disco, mas um vidro contendo a alma delicada de alguém.
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Um redemoinho surgia e, a partir dele, brotava mais um, que depois se conectava a mais outro.
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E eu também não sabia se valia a pena tentar explicar para outra pessoa essas coisas que eu sentia.
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Pretend you?re happy when you?re blue
It isn?t very hard to do?

Hoje em dia eu entendo o que elas querem dizer, é claro: ?Finja estar feliz quando estiver triste. Não é tão difícil assim?.
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?Eu, do jeito que existo hoje, cresci sem irmãos. Se eu tivesse irmãos, teria me tornado alguém diferente de quem sou hoje. Então, não faz sentido tentar pensar como seria se eu, como existo hoje, tivesse tido irmãos?. Por isso, a pergunta feita pela minha mãe era incoerente.
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Quando voltei para casa, sentei diante da escrivaninha no meu quarto e fiquei encarando, por muito tempo, a mão que Shimamoto havia apertado. Eu estava muito feliz por ela ter feito isso. Essa sensação agradável aqueceu meu coração por vários dias. Mas, ao mesmo tempo, me deixou confuso, perdido, triste. Pois eu não sabia o que fazer com esse calor, para onde direcioná-lo.
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Eu devia ter continuado bem próximo de Shimamoto. Eu precisava dela, e acho que ela também precisava de mim. Mas era inseguro demais, tinha muito medo de me machucar. Depois disso só voltei a vê-la muito mais tarde.
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Até hoje, quando me lembro dela, o que me vem à mente é uma manhã calma de domingo. Um domingo tranquilo, ensolarado, que acabou de começar. Você não tem lição de casa e pode fazer o que quiser. Ela fazia eu me sentir em uma manhã assim.
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Às vezes, um lugar novo pode mudar os sentimentos e o modo como o tempo passa.
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Se ficasse ali, algo dentro de mim desapareceria.
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Izumi não compreenderia. O que ela buscava naquele momento eram outros sonhos, outros mundos, lugares diferentes dos meus. Mas, no fim, antes mesmo dessa minha nova vida começar de fato, meu relacionamento com Izumi teve um final inesperado e súbito.
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Mas, olhando para trás, muitos anos mais tarde, o que eu tirei dessa experiência foi uma única verdade fundamental: ao fim e ao cabo, eu era um ser humano capaz de fazer o mal. Nunca foi minha intenção fazer mal a ninguém. Mas, quaisquer que fossem meus motivos e minhas intenções, conforme a necessidade eu podia ser egoísta e cruel. Eu era uma pessoa capaz de tecer várias justificativas e ferir de forma irreparável alguém de quem eu gostava.
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Era como se eu estivesse ocupando um lugar que pertencia a outra pessoa, vivendo de uma forma determinada por outra pessoa. Até onde este que está aqui sou eu mesmo, e quando deixa de ser? Essa mão que segura o volante é minha mesmo? Esta paisagem que me cerca é parte do mundo real? Quanto mais eu pensava sobre o assunto, menos sabia responder.
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?Tudo vai desaparecer?, pensei. Algumas coisas desaparecem de uma vez, numa ruptura clara. Outras levam tempo, vão ficando cada vez mais difusas até desaparecerem por completo. ?E no fim sobra apenas o deserto.?
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Às quatro da manhã, a cidade era miserável e suja. Sombras da decomposição e da ruína espreitavam de todas as frestas. E minha própria existência era parte disso. Como uma sombra queimada contra a parede.
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Sentei ao lado dele e fechei os olhos. Aos poucos, o som da música foi se afastando, e eu fiquei sozinho. Nessa escuridão macia, a chuva continuava a cair.
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É porque todo mundo busca, em maior ou menor grau, um lugar imaginário.
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Tudo o que tem forma física desaparece, cedo ou tarde. Yukiko, o cômodo onde estávamos, as paredes, o teto, as janelas, tudo isso poderia sumir antes que eu me desse conta.
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Depois do sumiço de Shimamoto, às vezes eu me sentia na superfície da lua, sem oxigênio. Agora que ela não estava mais lá, não existia um lugar no mundo onde eu pudesse abrir meu coração.
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? É uma bela composição.

Eu concordei.

? Sim, é linda. Mas não só isso. É bem complexa, também. Escutando várias vezes você vai percebendo. Não é qualquer um que consegue tocar ? falei.

? Chama ?Star-crossed Lovers?, uma composição antiga de Duke Ellington e Billy Strayhorn. Acho que é de 1957.

?Star-crossed Lovers? ? repetiu Shimamoto. ? O que quer dizer isso?

? É uma expressão em inglês para um casal que nasceu sob uma estrela ruim, um casal desafortunado. Nesta música, estão falando de Romeu e Julieta. Ellington e Strayhorn compuseram uma suíte para apresentar no Festival de Shakespeare de Ontário, e essa canção era parte dessas obras. Na apresentação original, o sax alto de Johnny Hodges fez o papel de Julieta, e o sax tenor de Paul Gonçalvez, o papel de Romeu.

? Um casal que nasceu sob uma estrela ruim ? disse Shimamoto. ? Parece uma música feita pra gente, não parece?

? Somos um casal?

? Você acha que não?
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? Quando olho pra você, às vezes me sinto olhando para uma estrela distante ? falei. ? É uma luz muito nítida, mas foi emitida há dezenas de milhares de anos. Pode ser o brilho de um corpo celeste que já nem existe mais. E mesmo assim às vezes é mais real do que qualquer outra coisa.

Shimamoto continuou em silêncio.

? Você está aí ? falei. ? Parece estar aí, mas pode ser que não esteja. Pode ser que isto seja apenas sua sombra. Que você de verdade esteja em outro lugar, ou já tenha desaparecido há muito tempo. Fica cada vez mais difícil, para mim, saber o que é real. Mesmo quando eu estendo a mão e tento tocar, você se esconde atrás de palavras como ?talvez? e ?algum tempo?. Até quando as coisas vão continuar assim?
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Você fica lá, entra dia e sai dia, vendo o sol surgir ao leste, atravessar o céu, desparecer no oeste? até que, de repente, alguma coisa arrebenta e morre dentro de você, puff. E aí você larga o arado no chão e sai andando rumo a oeste, sem pensar em nada. Vai em direção a oeste do sol. E continua andando, sem parar, sem comer nem beber, como se estivesse enfeitiçado, até cair morto no chão. Isso é a histeria siberiana.
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Quando Nat King Cole começou a cantar ?Pretend?, Shimamoto o acompanhou baixinho, como ela costumava fazer.

Pretend you?re happy when you?re blue
?It isn?t very hard to do?
(Finja que está feliz quando está triste
?Não é muito difícil de fazer?)
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Ao sul da fronteira, pode ser que o talvez exista. Mas, a oeste do sol, não há talvez.
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Fiquei pensando nesse mar até que alguém se aproximou e pousou de leve a mão nas minhas costas.
DANILÃO1505 29/09/2022minha estante
Parabéns, ótimo livro

Livro de Artista

Resenha de Artista!




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