Anna Laitano 29/06/2013O Príncipe da Névoa ou Rumpelstiltskin?O livro é curto e a história te prende, como qualquer outra do autor, embora a narrativa seja um pouco diferente. Em geral, os elementos que caracterizam o Zafón que todos conhecem e amam, podem ser encontrados desde este seu primeiro livro. A diferença, é que aqui o autor não tinha tanta experiência e, consequentemente, apesar de uma escrita clara, com descrições muito boas e um ritmo contagiante, ainda não havia aquele toque único da forma metafórica de narrar.
Apesar de ser intencionado para o público jovem, este livro, assim como
Marina, apela para todas as idades (inclusive, talvez o vocabulário mais simplificado faça parte justamente da intenção de focar-se no público mais jovem). Os cenários são bem descritos, embora a caracterização dos personagens fique um pouco a desejar, assim como a própria exploração dos mesmos. Talvez, se o livro fosse mais longo, alguns aspectos fossem melhor aproveitados. Contudo, o livro faz parte de uma trilogia, então ainda não sei exatamente quais personagens serão remanescentes, apesar de a sinopse das outras histórias dar uma ideia de independência entre as mesmas.
Achei a sinopse um pouco exagerada, prometendo mais do que encontramos. Ao ler, você espera que as irmãs de Max, por exemplo, sejam muito importantes para a história e que os sonhos e vozes que escutam sejam constantes e que, de certa forma, movam o mistério, mas não é bem assim que acontece. Além disso, o romance é relativamente sutil, sem grandes declarações e levemente forçado, em minha opinião.
Uma associação que não pude evitar de fazer em alguns pontos da leitura (embora talvez seja apenas o efeito de acompanhar a série de televisão Once Upon a Time) foi entre o Príncipe da Névoa e Rumpelstiltskin, o também misterioso personagem dos contos de fadas que também concede desejos, cobrando preços cruéis em retorno. Apesar disso, as semelhanças não vão muito além disso.
A diagramação, por sua vez, é simples e limpa, e a revisão e tradução estão muito boas - não percebi erros. Apesar disso, acho a capa original mais interessante. Para mim, a capa nacional não ficou muito realista (dá para perceber uma mudança de cor ao redor do menino na pedra, que não gostei), embora, em geral, crie um clima que combina mais com as capas nacionais dos outros livros de Zafón.
Uma coisa que se deve ter em mente, é que este foi o primeiro livro do autor. No Brasil, a maioria conheceu a obra prima dele,
A sombra do vento, antes (inlusive, está no marketing da capa). Porém, se você for com expectativas altas, esperando um livro tão grandioso quanto, pode se decepcionar. Este é o Zafón que antecede o criador do Cemitério dos Livros Esquecidos, e de nossos queridos Daniel e Fermín e até mesmo
Marina. Leia o livro esperando exatamente isso: Conhecer o começo da carreira deste escritor, perceber o quanto sua escrita amadureceu até chegar lá.
Resumindo, o talento de Zafón é inegável, com histórias diferentes, encantadas e assombrosas, envoltas em uma atmosfera própria que impossibilita o leitor de largar o livro. Pode não estar em sua fase mais brilhante, mas é claramente um começo que mostra o potencial do autor. Além de um ótimo primeiro contato, para os que ainda não o conhecem. Recomendo!
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