Resenhas - Área de Segurança - Gorazde

Art 12/05/2024

Lembrar para não esquecer; Não esquecer para não perdoar
O genocídio bósnio coincide com o período de desintegração da antiga República Socialista Federativa da Iugoslávia no início da década de 90 e as respectivas tentativas de autonomia e independência de países como Kosovo, Croácia, Bósnia e outros frente às ideias de pan eslavismo e de formação de uma "Grande Sérvia" que ignoraria ou segregaria toda a diferença étnico-religiosa em pró de uma submissão.

Com as negativas de aceitarem a faca no pescoço, restou apenas a barbárie covarde: destruição em massa, estupros coletivos e limpeza étnica. Para termos uma dimensão, entre os dias 11 e 15 de julho de 1995, 8.373 bósnios muçulmanos foram mortos por tropas sérvias no que ficaria conhecido como o maior genocídio pós segunda guerra (Massacre de Srebrenica).

Estima-se um total de mais de 200 mortos e mais de 2 milhões de refugiados pela desumanidade armada. E. ao mesmo tempo que tantas vidas se perdiam, a insuportável culpa da omissão de uma suposta comunidade internacional que temia por uma intervenção também deve ser citada e responsabilizada.

É impossível citar com palavras todo o horror desumano que a população local foi submetida, porém há como dar espaço de representação para que a história seja contada pelas vítimas em seus depoimentos.

Esses relatos são organizados e ilustrados pelo jornalista e quadrinista Joe Sacco em seu período de estadia em casa civil em Gorazde, cidade da Bósnia e àquela época uma área de segurança. Por meio desses quadrinhos, histórias e denúncias reais de diferentes pessoas podem ganhar ilustração e divulgação internacionalmente

A dor, a desconfiança iminente e a intolerância entre aqueles que antes antes eram vizinhos de boa convivência e agora se tornaram inimigos mortais são algumas das representações que aparecem na obra sobre a perspectiva de um mesmo questionamento: a paz ainda é possível daqui pra frente?

O autor não nos dá respostas quanto a isso e ele sabe muito bem que isso não cabe a ele ou a qualquer outro indivíduo o poder de fazer essa definição tão dolorosa. O que ele faz, por outro lado, é apresentar histórias alternativas que a grande mídia geralmente finge que não existe. Sacco ilustra histórias reais aos quadrinhos e as combina com informações verídicas de seu contexto histórico.

E é por meio desse espaço alternativo que um grupo de pessoas antes ignoradas podem se manifestar e ser representadas para além de um estereótipo, sendo representadas por quem elas realmente são.

Joe Sacco não é um especialista internacional, um chefe de Estado ou um mediador da paz, mas é um contador de histórias que ajuda a desmistificar muito sobre fatos históricos que não podem ser esquecidos ou apagados de forma alguma. Lembrar

Gabriel Farias Martins 02/05/2024

Como pode ser tão recente?
Faz tão pouco tempo, como discursos extremamente nacionalistas e pequenas diferenças podem desencadear tamanha violência?..
Croatas, Bósnios e Sérvios, todos de um mesmo solo, os antigos eslavos do sul.
É triste observar parte do que foi esse conflito.
Um massacre a céu aberto, televisionado e com pouquíssima interferência externa.
Joe Sacco demonstra magistralmente o dia a dia das pessoas comuns e seus relatos.
Nada parece romantizado, nem mesmo o próprio autor, que em diversos momentos é falho como qualquer outro humano.
Essa visão humanista dá um peso maior a obra.
Entre todas minhas leituras do autor, essa se tornou minha favorita

Pisi14 23/08/2023

Um relato poderoso sobre a maldade humana
O livro é jornalismo contado por meio de história em quadrinhos, um relato sobre a Guerra da Bósnia com as histórias mais chocantes que li sobre a maldade humana.

Histórias reais recolhidas e vivenciadas pelo jornalista em meio a uma guerra civil na qual vizinhos que conviveram décadas juntos são separados por questões religiosas e políticas

Vivi 11/12/2022

Excelente livro!
Pra quem se interessa por história/guerra é um prato cheio.
Infelizmente são fatos tristes, cruéis e reais.

Luan Rocha 10/02/2021

Numa guerra existe mesmo segurança?
Em quaisquer guerras muita gente inocente sempre acaba sendo envolvida em conflitos que não tem interesse. Nessa hq vemos a tensão de uma área de segurança na guerra na Bósnia. Chega a ser triste, assustador e, em alguns momentos, um pouco cômico vê como pessoas reais convivem com uma guerra indesejada. Na realidade nenhuma guerra jamais deveria ser desejada.

raíssa 20/11/2020

"- Eles sabem de Gorazde na América?
- Sim, menti."

Que relato incrível! Jornalístico, mas íntimo.

Do ponto de vista da história: a quem interessa a guerra, quem cria as narrativas e existe vida após a guerra? Como aceitar que ainda hoje hajam guerras?
Quanto a arte: desenhos incríveis e impactantes.

pBaesse 29/08/2016

Choque de realidade
Mostra o que realmente aconteceu e acontece em conflitos civis como o da Bósnia de uma maneira bem realista e crua.

Cláudia.Dune 27/08/2016

Envolvente e perturbador
No estilo que domina tão bem, Joe Sacco nos mostra detalhes e personagens de uma guerra atual mas que alguns insistem em deixá-la às sombras.
Depoimentos e pesquisas in loco deram um rico material ao autor para trazer até nós, em quadrinhos de um traço só seu, os horrores, o abandono, a penúria e a esperança de um povo que, ao final, só queria ser lembrado.
Recomendadíssimo!

Lista de Livros 13/07/2014

Lista de Livros: Área de Segurança - Gorazde, de Joe Sacco
“Logo estávamos na sala de alguém, tomando café, sabendo das novidades dos últimos três anos e meio.
A fome?
Terrível.
Os valores e esperanças aniquilados?
Rapaz!
As granadas caindo?
Você não acreditaria!
(Talvez você não acredite mesmo.)
Mas eu estava tentando quebrar o gelo com Emira, a tradutora de 19 anos que nos foi designada durante a tarde.
- Então, o que você faz para se divertir aqui?
- Eu não me divirto.”
*
“Tudo bem. Talvez esta festa não fosse grande coisa. Apenas uns drinques e um barulhão de uma banda chamada Bálcãs.
Mas nossos novos amigos... brindavam como ressuscitados.
Não como se houvesse amanhã, mas porque haveria um amanhã...”
*
Mais em:


site: https://www.listadelivros-doney.blogspot.com.br/2014/07/area-de-seguranca-gorazde-guerra-na.html

Matheus 10/01/2013

Joe Sacco é um mestre no estilo que ele ajudou a popularizar. Assim como no álbum que eu li anteriormente, Palestina, nesse ele continua demonstrando a face mais interessante e brutal que uma guerra pode ter: a de seus sobreviventes. Num conflito tão complicado quanto o de Israel, ele consegue nos emocionar com coisas simples, como no capítulo em que tudo que as garotas de Gorazde pedem a ele são calças jeans, ou com as cantorias de Riki, e, ao mesmo tempo, nas “páginas pretas”, ele nos explica os porquês, o inicio e o desenrolar da guerra da forma mais impactante, com uma carga de realidade que choca até os mais acostumados com temas relacionados á guerra. Mais uma obra-prima de Joe Sacco!

Thiago 27/12/2012

Muito mais que quadrinhos
O estilo de Joe Sacco é algo que eu nunca havia visto/lido. O fato do jornalista-quadrinista usar ilustrações para mostrar depoimentos dos entrevistados e seu traço magnífico é algo comovente. A ilustração de Joe Sacco consegue despertar muitas sensações, da alegria à raiva.
O autor consegue penetrar na vida das pessoas e retratar muito bem essa guerra entre vizinhos, a crueldade do exército sérvio e a omissão da ONU quanto aos massacres ocorridos em Gorazde.

Guxta 12/04/2012

Uma obra-prima dos quadrinhos
Para quem procura entender tudo sobre a guerra da Bósnia (Oriental), não aconselho tomar como prioridade essa leitura. Mas para quem quiser apenas entender um pouco, sem entrar em detalhes complicados, esse material é excelente.

Joe Sacco fez o que sabe com maestria. Entrevistou diversas pessoas, escreveu seu roteiro e desenhou maravilhosamente bem. Algumas cenas são pesadas, o que por um lado pode parecer desnecessário e por outro torna o material sincero ao extremo.

Uma guerra não pode ser tratada de forma leve ou mostrada sob os panos. Uma guerra destrói, mata e acaba com muitas vidas. Além disso, Saco tb entra em questões individuais e até mesmo em temas banais que não deixam de afligir, por exemplo, a cabeça de algumas mulheres até mesmo durante a guerra.

Eu não fazia ideia que essa guerra havia sido tão pesada e complicada antes de ler o livro. Acredito que muitas pessoas tb não sabem. É uma obra-prima que, ao pararmos entre uma página e outra para refletir, mete medo.

Recomendadíssimo

Cris 27/01/2012

E não é que no final das conta a gente acaba se surpreendendo!
Confesso que quando me deparei com o livro disse pra mim mesma: Puxa como ele é grande!
Uma surpresa, por que já li livros muito maiores, e me peguei pensando: Será que perdi o gosto por leitura?Não era isso!(ainda bem) diga-se de passagem. Mas sim é que eu não estava acostumada a ler livros do gênero, daquela grossura e afinal chegamos ao x da questão, em preto e branco! Quando li palestina senti vontade de pintá-lo, e não foi diferente com o livro em questão, no começo foi um pouco difícil deixei ele um pouco de lado, quando peguei ele pra ler de verdade,fui levada e envolvida pela história, me senti preocupada, me emocionei com os relatos daqueles que presenciaram as atrocidades cometidas, as mortes, me senti por um momento enojada, como ser humanos podiam fazer isso com seus semelhantes, e pior ainda ficar impunes?Essa pergunta trago comigo, o livro conseguiu me mostra e passar esse sentimento de revolta, descaso e pena , por que não?
A verdade é que esse livro é uma obra de arte, é o relato puro e sincero de quem, como muitos bósnios sofreram com a guerra...

Marcia Engel 18/12/2011

Nova perspectiva
O que Joe Sacco traz nesta obra é uma visão de como a guerra afetou a vida das pessoas comuns, que repentinamente se viram em meio ao combate. Brutal e verdadeiro.

Fábio Valeta 02/09/2011

Já havia lido Palestina - uma nação ocupada e Na faixa de Gaza do mesmo autor e, enquanto nesses dois trabalhos o que é mostrado é injustiça permeada com violência, Gorazde é pura e simplesmente genocídio.

Simples, direto e brutal.

Recomendo.