A Floresta Sombria

A Floresta Sombria Cixin Liu




Resenhas -


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mpettrus 19/12/2022

A Elegância Sombria de Uma Floresta Assombrosa
??A Floresta Sombria? é o segundo volume da Trilogia de Cixin Liu, o premiado autor de ficção científica da China. A história começa com um prólogo antes dos eventos do livro anterior, no qual um estudioso um tanto dissoluto, Luo Ji, se encontra com Ye Wenjie, uma antagonista chave do primeiro livro, e recebe um quebra-cabeça.

Este quebra-cabeça, uma breve parábola de uma formiga e uma aranha e o conteúdo de uma conversa no primeiro capítulo criam a estrutura temática geral do livro: a exploração dos limites entre comunicação e falta de comunicação, postulando como a distância entre os agentes cresce, quer essa distância seja da cultura, tempo ou espaço, a possibilidade de comunicação significativa diminui, e onde a comunicação falha, a desconfiança floresce.

? A humanidade travou uma guerra contra os insetos por milhares de anos. Apesar de nosso intelecto e tecnologia superiores, os insetos ainda sobrevivem e até prosperam. No final de ?O Problema dos Três Corpos? , os alienígenas de Trissolaris enviam uma mensagem simples para a humanidade: ?Vocês são insetos.? A lacuna entre os Trissolares e os humanos é tão grande quanto entre os humanos e os insetos.

A humanidade enfrentará a aniquilação desta espécie muito mais inteligente estabelecida na colonização da Terra, ou encontrará uma maneira de sobreviver depois de ser rebaixada para um estado insetoide? Se existem alienígenas, eles são muito mais avançados do que nós, tecnológica e intelectualmente. Eles podem nos ver como formigas e nos destruir como humanos destroem formigas. No entanto, isso significa que devemos (tentar) destruí-los no momento em que os encontrarmos para nos proteger?

? Suponha que você saiba com precisão absoluta que em quatrocentos anos um evento cósmico destruirá a raça humana. Suponha, por exemplo, que você seja um estrategista brilhante e ex-secretário de defesa, ou um renomado neurocientista e físico quântico. Você tem acesso a recursos quase ilimitados e não presta contas a ninguém. O que você faria? Essa é a grande questão que impulsiona a narrativa da história.

Esta é a motivação para o Projeto Wallfacer, um plano ousado que concede a quatro homens enormes recursos para projetar estratégias secretas para salvar a raça humana. Três dos Wallfacers são estadistas e cientistas influentes, mas o quarto é totalmente desconhecido. Luo Ji, um astrônomo e sociólogo chinês nada ambicioso, está perplexo com seu novo status. Tudo o que ele sabe é que ele é o único Wallfacer que Trissolaris quer ver morto.

? Outro detalhe incrível desse enredo é que os Trissolaris enviaram partículas chamadas Sofóns que têm a dupla missão de espionar os humanos e reduzir o seu avanço tecnológico e científico ? exatamente o que poderia salvar a todos nós. O que torna isso absolutamente emocionante é que, embora os humanos saibam que os Sofóns estão aqui, não sabemos em que ponto esse bloqueio começará a funcionar, então a única coisa que podemos fazer é continuar tentando avançar o máximo possível sem saber para onde, quando ou como o bloqueio será aplicado.

Também emocionante - e fascinante - são os grandes insights filosóficos e sociopolíticos sobre prever como os humanos reagiriam a tudo isso. Existem muitas respostas diferentes para isso: alguns desejam dar as boas-vindas aos nossos novos senhores. Outros desejam a destruição da raça humana. Outros querem investir em planos para escapar completamente da Terra. Outros querem ficar e lutar. Todos esses tópicos são examinados e elaborados e o resultado é instigante.

? A primeira metade da história é um trabalho árduo. Enquanto ?O Problema dos Três Corpos? se concentra na ciência pura dentro de seu enredo, a primeira metade de ?A Floresta Sombria? serpenteia sem rumo entre reflexões filosóficas existenciais e os planos bastante ridículos inventados pelos Wallfacers.

Outro grande problema é Luo Ji, que considero bastante desagradável como personagem principal. Luo Ji empalidece em comparação com a brilhante e emocionalmente devastada Ye Wenjie do primeiro romance. O sexismo aberto de Luo Ji certamente não ajuda, o que é especialmente decepcionante depois de ter Ye Wenjie como a forte protagonista feminina do volume um. Outro ponto negativo que também encontrei aqui é uma queda perceptível na qualidade da escrita neste livro em comparação com o texto poeticamente escrito e cuidadosamente polido do primeiro volume.

Outra grande surpresa desse livro é sua ênfase em cenários espetaculares ? juro para vocês que tem cada imagem poderosamente incrível do Universo narrado em letras que são possíveis de serem imaginados pelas nossas mentes -, e ideias científicas em conflitos. Conduzir esses conflitos é uma questão primordial. Pensei que o autor não conseguiria conduzi-los de maneira coerente e coesa. Ledo engano! Não só o faz brilhantemente como também me convenceu com sua explicação lógica, racional e puramente científica.

? Por fim, após mais de duzentas páginas lidas, eu fiquei me perguntando o porquê do título ?A Floresta Sombria? e definitivamente, as respostas só vieram nas últimas páginas do livro. Fiquei estarrecido com o grande Plot Twist revelado.

Lembram que eu falei sobre a comunicação falha que floresce a desconfiança entre raças diferentes?! Pois é exatamente sobre isso que o autor que nos dizer: a floresta sombria do Universo é o breu que corta toda a comunicação dos humanos com outros planetas. Simbólica e materialmente, a existência é um conflito, uma discórdia que produz complexidade.

Essa teoria generaliza em um nível cósmico a natureza entrópica da comunicação. Suas árvores criam raízes em todos os lugares. Nós patrulhamos a floresta, ouvindo os passos uns dos outros, todos nós caçadores e presas, ou seja, a humanidade e os Trissolaris sabem que são crianças na floresta sombria do sistema solar.

? Esse livro não é um romance perfeito. Sofre com a falta de mulheres, que somente aparecem distintamente para reforçar o orgulho dos personagens masculinos e refletir sua glória. No entanto, lembre-se de que esse também é o caso dos personagens mais jovens do livro que estão lá para apoiar os personagens mais velhos. É porque a cultura chinesa sempre valorizou ser homem em vez de mulher e ser mais velho em vez de jovem.

Sofre com a falta de um vilão convincente, já que o principal conflito é simplesmente entre os protagonistas e sua capacidade de se comunicar de forma significativa. Mas a escrita - inteligente, intensa e sensual - faz com que todos esses elementos se fundem em um todo atraente e legível.

É um romance extraordinário e verdadeiramente grande. Há uma elegância assombrosa na metáfora da homônima ?Floresta Sombria? e que a grande revelação do Plot Twist no final do romance é de tirar o fôlego.
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cacferraz 18/04/2021

A Floresta Sombria
Dá continuidade à "batalha" entrea Terra e Trissolaris, dessa vez em um futuro distante, mastrando o lado negativo de ser uma barreira
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Sara 18/03/2022

já é minha melhor leitura do ano
essa é uma trilogia que pretende tratar do problema do contato extraterrestre dentro da nossa sociedade; o que a consciência da existência de vida inteligente em outro planeta representaria, como a sociedade internacional reagiria, e como isso ditaria o funcionamento do mundo. o primeiro livro narra os eventos que levaram a descoberta e ao primeiro contato. neste, a frota trissolariana está vindo em direção a terra, com a chegada estimada daqui a quatro séculos. a humanidade em um frenesi desesperado concebe um programa chamado Barreiras, com o intuito de desenvolver estratégias para lidar com a emitente invasão e salvar a terra. com o avanço da ciência de base travado por supercomputadores subatômicos, os sofóns, as Barreiras devem conceber essas estratégias em segredo e considerando essa estagnação científica e tecnológica intransponível. é nesse contexto que compreender os anxiomas da sociologia cósmica parece ser a chave para a sobrevivência da humanidade.
acho que é muito simbólica a forma como o livro se apresenta logo no prólogo. ao dar vida ao conceito de sociologia cósmica, o autor trás a tona uma perspectiva sobre a vida e a civilização que é inovadora na mesma medida em que é extremamente lógica, através da definição dos dois anxiomas da sociologia cósmica: a principal necessidade de uma civilização é a sobrevivência, e segundo: a civilização cresce e se expande continuamente, mas a materia total do universo permanece constante. na matemática os anxiomas sao proposições logicas que nao precisam nem serem demonstradas, mas, apesar dessa aparente obviedade os anxiomas da sociologia cosmica permeiam a narrativa do livro de forma bastante enigmática, e vc nunca chega a entender o sentido verdadeiro deles ate determinado ponto, o que o torna extremamente impactante. e quando isso acontece a sensação é que vc acabou de desvendar o maior segredo do universo, cuja resposta só quem viveu esse livro entenderia. ver uma correlação entre conceitos astronômicos e sociológicos sendo estabelecida foi uma das coisas mais interessantes que já vi, principalmente enquanto alguém das ciências sociais e fã de ficção científica. e é quase inacreditável que algo tao genial tenha sido concebido. tenho um problema com genios: sempre que me deparo com um, fico nesse estado de letargia completa ao realizar que o que eles produzem sao coisas completamente únicas na história, e que houve um conjunto de variáveis aleatórias que me levaram a conhecer essas obras que poderiam ter passado despercebidas em qualquer outro momento. quando isso acontece fico quase possessiva, entao ao mesmo tempo em que queria que mais pessoas reconhecessem a genialidade nessas obras tenho ciúmes por elas terem sido muito significativas pra mim, e feliz que eu sou uma das pessoas que sabem de sua existência enquanto a maioria nem imagina, ou nao a entenderiam do mesmo modo que eu.
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Janaina 09/02/2021

Adorei!
Se o primeiro livro nos ofereceu muita ciência (bem pesada para quem não é da área), nesse segundo a sociologia e a política assumem o protagonismo.
O conceito de "floresta sombria" e o Paradoxo de Fermi, para mim, foram realmente os pontos altos da obra.
Ansiosa pelo último livro da trilogia.
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Lucy 13/04/2024

Precisamos falar sobre Kevin
Vamos lá, não há maneiras de não citar as obras de referência para o autor e a emulação fantástica, maravilhosa que ele vem fazendo do livro 1 ao 2. Já iniciei a leitura do livro 3 e se comprova a malha de produção criativa que ele estabelece e eu confesso que estou me divertindo a cântaros, como não imaginava!
O horror que o livro 2 traz é tão surreal quanto os momentos mais pastelões de Twins Peaks, e nonsense em sutilezas, flertando com humor britânico. A cena com as belonaves no sistema solar é tão surrealista quanto ridícula, ao mesmo tempo que terrível e assustadora, você pode pegar os meandros da piadinha maliciosa da cena ao mesmo tempo que está tomando bofetadas das descrições das cenas mais terríveis possíveis, de um verdadeiro massacre, e ao fundo eu só ouvia aquela valsinha tocando na minha cabeça" tananann tanan tanan" que nem no monthy phyton... numa piada do 2001 odisseia no espaço.
Não há como negar que há uma premissa na obra de Asimov em fundação, assim como fundação é basilar para o Guia do mochileiro das galáxias, visto que em Floresta sombria o autor confere alguma citação ao autor enquanto no livro um ele insere, literalmente, obras físicas dele, como por exemplo na conversa com o encarcerado sobre a manutenção da milícia.
No entanto, não significa que se perde em mera cópia, visto que Camões não se perde por emular seus predecessores, pelo contrário, a emulação é, ao seu passo, uma gentileza que se presta aos grandes nomes e modelos de gênero, que hoje, diferente de séculos passados, permitem que nós subvertamos eles próprios em prol de uma literatura engajada e inventiva.
Há também referência ncias muito divertidas a Darwin e a Star Trek, e não vi nenhuma clara sobre Star Wars, já que seria um demérito entre as frentes de fãs, não é mesmo?
Enquanto temos teorias e tecnologias que vão se inserindo como naturais no contexto da obra , recuperados da cultura pop de um modo que eu fiquei pendente sem saber exatamente de onde, como por exemplo o Mar profundo e a bicicleta ou a cidade floresta, tudo de um modo que o leitor consegue lidar com a verossimilhança.
O que se dá em relação ao Guia fica na piada da floresta sombria e se vc já leu a obra de Douglas Adams pode ter pegado a piada, no que se insere o conceito do lugar mais brega da galáxia, no que Asimov tem em Fundação um elemento de partida, na obra deste autor que falamos vai para um terceiro sentido.
Ainda ali em Adams, temos o derrotismo, que vem do livro 1 ao 2 e parece algo pertinente, mas é uma referência ao Arthur Dent, ao espírito Britânico e, quiçá, da humanidade, ao passo que encontramos também um Zaphod as avessas, que não é exatamente um preside te da galáxia, mas acaba fazendo a mesmíssima coisa que o dito cujo, com o direito a seu próprio fantasma...
A cena do golfinho é a confirmação mor, vc poderá constatar, pq é ali, no momento de diversa adjetivação de um elemento trissolariano que vemos a assinatura de amor de um mochileiro.
Cabe ressaltar aqui que se você leu o livro "aguas vivas não sabem de si" e ficou meio chat pelos destinos que se deram aos azulis e a protagonista... pois é mané... não tem tudo a ver com esse aqui, mas reflete um pouco... tem tb a questão dos cientistas lá do livro 1 e a contagem regressiva, isso é muito importante e passa direto pro final aqui, atravessando o Rey Dias, e vamos encontrar dinovu nu livru 3... to piranu ??
E a maior piada está no elemento da revelação da aparência dos trissolares, menine! É exatamente como eu esperava, mas quase isso, de certo modo, ainda que estivesse torcendo pra que não.
E o Kevin? Que kevin...
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