Pam 04/06/2021
"Meu amor não é dividido... é multiplicado."
"A garota que bebeu a lua" basicamente é um conto de fadas que vai te deixar com o coração quentinho: é um abraço em forma de livro. Kelly Barnhill nos introduz a um mundo fantástico e mágico de forma totalmente fluida. Eu passei mais de 1 hora lendo achando que havia lido somente por alguns minutos, é uma sensação rara que tive com poucos livros. Não tenho costume de ler obras MG (infantojuvenil) mas decidi ler esse por ouvir boas críticas, e estavam todas corretas.
Somos levados a uma cidade que todo ano entrega seu bebê mais novo como sacrifício para uma bruxa, a Xan, e em seguida vemos algo que não é muito comum em contos de fadas infantis: acompanhamos o ponto de vista da bruxa, por que ela faz isso e o que ela faz com essas crianças. E a nossa garota que bebeu a lua, a Luna, é um desses bebês que curiosamente a Xan decide "adotar". Somos apresentados a uma bruxa com intenções e rituais muito singulares de acompanhar, além de contarmos com a companhia dos amigos dela: um dragão e um monstro do pântano. Não vou detalhar porque acredito que é legal deixar esse gostinho, que será muito mais divertido de descobrir lendo. Quem gosta de found family vai se deliciar.
O livro o tempo todo tem pequenas reviravoltas, já no capítulo 2 ele me deixou impressionada. Essas surpresas constantes deixam a história intrigante e fluida, e nunca fica cansativa. Em certos momentos acontecem coisas previsíveis, mas é tudo feito de forma tão satisfatória que nunca decepciona. Também vemos diversos pontos de vista nos acontecimentos, outra coisa incomum em contos de fadas, o que enriquece muito a história.
Eu adorei a construção do universo, dos personagens, seus relacionamentos e de suas jornadas. Acima de tudo, é uma história de amor. Não amor romântico, mas amor entre família, entre amigos, e entre pessoas: a empatia. Como todo conto de fadas, ele também traz uma lição de moral. Nesse caso, acredito que o amor é a principal. Pode parecer clichê, mas quem lê vê que aqui ocorre uma abordagem muito bonita: o amor pode surgir dos lugares mais inesperados, das pessoas mais inesperadas, e ele sempre pode crescer, assim como na citação em que usei de título.
Quem está querendo ler um livro simples e tranquilo, além de curtinho, pra se distrair e se acalmar, tem aí a minha recomendação de A Garota Que Bebeu A Lua.