DIRCE 29/12/2011
A história da jovem Atlas.
Há tempos, eu alimentava o desejo de ler “Os Fios da Fortuna”, porém, embora , não tenha lido as resenhas ( optei por não lê-las para não me deixar influenciar por elas, já que as leitoras foram muito econômicas na distribuição das estrelinhas), entretanto, não obtive sucesso, pois somente as avaliações foram suficientes para que eu protelasse a leitura por vários meses.
Eu sou suspeita para falar, face o fascínio que temáticas que abordam a cultura do Oriente Médio ( no livro em questão o Irã do século XVII – antiga Pérsia)despertam em mim, mas, ainda que sentimentos de revolta e indignação tenham tomado conta de mim, sucumbi à narrativa que me permitiu visualizar a “ A enorme Imagem do Mundo” (a enorme praça de Isfahan, ), o palácio do Xá, o Grande Bazar e a mesquita Sexta- Feira, e ,lamentavelmente, também visualizei a penúria em que viviam os desafortunados.
Antes de continuar falando sobre o romance, quero fazer um aparte para tecer comentários sobre os títulos ( só pra variar um pouquinho ) o original “ The Blood of flowers “: explica a escritora, que se inspirou no Poema ”Ode a um tapete Persa", o qual retrata o tapete com motivo de jardins como local de refúgio que estimula visões do divino.Faz sentido. Já, "Os Fios da Fortuna"...fortuna de quem? Com certeza, não da pobre narradora.
Recordo-me, que a Paulinha em uma das suas resenhas ( não me lembro em qual foi), disse , que quando chegou ao final do livro sentiu vontade de ficar abraçada a ele ( também não me recordo o que causou essa motivação nela)
Eu também me senti tentada a ficar abraçada no “Fios da Fortuna”, porém, não no final, mas logo no início. Tive a sensação que, com esse gesto, eu protegeria a pequena camponesa de sofrer os efeitos maléficos do cometa que atravessou sua pequena aldeia. Aldeia onde ela vivia em companhia do seu baba e de sua bibi, com muita simplicidade e dificuldade, porém, cercada de amor e carinho.
Já, mais adiante..., que sensação de impotência! Só me restava presenciar a jovenzinha carregar o mundo nas costas como se fosse o Titã Atlas. Só me restava vê-la ser tratada como uma mera mercadoria tendo que se sujeitar ao tal sigheh e,com isso, perder o que a mulher tinha de mais valioso: a sua virgindade. Só me restava vê-la aturar as tirânias de Gordiyeh que fazia com que ela e sua mãe trabalhassem feito escravas. Só me restava vê-la ser usada por Naheed – sua suposta amiga. Entretanto, do resto sobrou algo mais: sobrou a minha torcida para que a jovenzinha e, depois de alguns anos já uma jovem, conseguisse controlar sua impetuosidade, para contar com ajuda de Gostaham e,dessa forma, aprimorar o seu talento de...designer(?), que lhe permitiria sair do fundo do poço e melhorar sua condição de vida, da sua bibi e de outras jovens mães artesãs.
“Os Fios da Fortuna” contém ingredientes que me levaram além de uma viagem na História – no Irã do século XVII: me levaram a acreditar, com mais convicção, que com treinamento e persistência somos fadados ao sucesso.
PS.: Estou sonolenta. Espero não ter falado muito besterol.