A Devassa da Devassa

A Devassa da Devassa Kenneth Maxwell




Resenhas - A Devassa da Devassa


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Lucas 11/10/2023

Livro importante para entender a inconfidência. Faz uma excelente análise dos autos da devassa e oferece um panorama completo do contexto histórico e social da época.
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Lana 27/05/2021

Passada com esse livro, não estava nos meus planos,mas tem seminário então... Eu realmente achei incrível a forma como o Kenneth, um historiador brasilianista ( ou seja, um estrangeiro que escreve sobre a história do Brasil) descreve os acontecimentos em torno da Inconfidência mineira, desmistificando muitas coisas que são ensinadas erroneamente nas escolas do Brasil,como a ideia de que a denúncia de Silvério dos Reis teria levado Barbacena a suspender a derrama,e que na verdade a suspensão se deu antes mesmo do governador ter conhecimento da conspiração. É muito interessante vê a maneira como o Kenneth desenvolve a narrativa, mostrando e quebrando informações que comumente são transmitidas nas escolas. Apresentando diversas maneiras de analisar o caso da Inconfidência mineira. Em suma, é bastante enriquecedor. Vale a pena a leitura!
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Gabriel Moura 18/11/2015

A Devassa da Devassa
Em "A devassa da devassa", Kenneth Maxwell faz um trabalho primoroso para mostrar as origens e os desdobramentos da revolta mineira. Traça um panorama da política colonial entre os anos de 1750 e 1789 e de como ela foi prejudicial para os interesses da elite local. Apresenta também quais eram os motivos dos principais participantes, oferecendo uma nova perspectiva ao tema.
Um livro muito interessante tanto para quem quer conhecer, quanto para quem quer se aprofundar sobre a Inconfidência Mineira. Possui uma linguagem de fácil entendimento, mas ao mesmo tempo é escrito de forma muito criteriosa, além de possuir uma vasta bibliografia que inclui mapas e anexos estatísticos.

site: https://resumodelivro.wordpress.com/2015/07/09/a-devassa-da-devassa/
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Antonio Luiz 15/03/2010

Lançado em 1973 na Inglaterra - país natal do autor - com o título original de “Conflicts and Conspiracies: Brasil & Portugal 1750 – 1808”, o livro é hoje leitura obrigatória sobre o período. Resultado de uma minuciosa pesquisa, que se faz presente na constante exposição de dados quantitativos, “A devassa da devassa” em nenhum momento corre o risco de ser mais um livro sobre a Inconfidência Mineira. Kenneth Maxwell vai muito além da simples exposição dos fatos que compuseram o episódio e tampouco se deixa levar pela livre especulação que as lacunas documentais tornam tentadora. O livro mostra um autor preocupado em colocar suas hipóteses mas sem nunca deixá-las sem o respaldo de um documento e/ou raciocínio que a sustente. E desta forma vai penetrando na História de um Brasil-Portugal imerso numa crise cuja solução extrapola o período selecionado, sem nunca esquecer de situá-la na Europa pré e pós-Revolução Francesa.

O livro mostra o eterno esforço de Kenneth Maxwell em tentar encontrar a versão mais lógica para os acontecimentos que nortearam a relação de brasil e Portugal entre 1750 e 1808. Daí a opção pela ordem cronológica dos fatos, que em alguns momentos chega a se aproximar da estrutura narrativa. O tempo é usado como fio condutor para a sucessão de informações costuradas por análises para chegarem à categoria de hipótese.

Dentro deste padrão geral que dá unidade à obra, “A Devassa da Devassa” é dividida em oito capítulos de títulos simples e diretos, sempre seguidos de duas citações documentais sobre o assunto a ser tratado, e quase sempre contemporâneas ao mesmo.

Tudo começa em julho de 1750, com a morte de D. João V, que leva D. José I ao trono. Está dada a deixa para o tema que permeará todo o primeiro capítulo e, de forma geral, todo o livro: Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marques de Pombal, e sua atuação no governo. Após uma apresentação da situação econômica e política de Portugal, o autor debruça-se sobre as façanhas pombalinas, sempre remetendo-se à relação entre Portugal e Inglaterra como fator imprescindível à compreensão do processo. É dado assim um panorama geral sobre a situação do Brasil das Companhias de Comércio, dos jesuítas, do contrabando. Os capítulos seguintes, “Mudança” e “Divergência”, continuam, cronologicamente, a expor os movimentos principalmente econômicos que geraram a situação que culminaria no episódio central do livro, a Inconfidência Mineira.

A crise do ouro aparece como fator de desenvolvimento não só de Portugal, mas também do Brasil, ambos impulsionados pela substituição de importações, o que acaba por gerar uma burguesia incompatível com a política pombalina de altamente mercantilista. A morte do Rei, a demissão de Pombal e a Independência dos Estados Unidos levam o autor a apresentar a década de 1780 como cenário quase óbvio para a Inconfidência: a nova política metropolitana era desastrosa e os interesses coloniais ganhavam força.

Nesse contexto, Kenneth Maxwell apresenta Minas Gerais com seus personagens. Terra de economia dinâmica e intelectualidade efervescente, entre outros atributos. Terra do grupo de Vila Rica, terra de Tiradentes, o tão proclamado herói da República. E é exatamente essa glorificação, essa imutabilidade nacionalista de uma História sedenta por heróis, como a nossa, que é questionada no livro. Questionamento que se dá via fatos, via raciocínio lógico, sem qualquer fúria tendenciosa. O autor começa descrevendo cada um dos participantes da chamada Inconfidência mineira, apresentando-os como endividados membros da plutocracia mineira, em conflito com um governo cada vez mais rígido principalmente no que cerne à cobrança de tributos. É a partir daí que se dá a desmistificação do movimento.

O capítulo “Conspiração” e uma descrição quase em tom de romance, não fossem os vários e precisos dados apresentados pelo autor, da preparação tentativa de revolução. Descrição física, detalhamento de horário, composição do cenário, números das dívidas. Tudo é descrito. E é nesse momento que aparece com força a tese do autor de que Inconfidência foi movida única e exclusivamente por motivos pessoais, por homens que viam na proposta de um Estado independente a única solução para seus problemas bem menos nobres que uma preocupação ideológica de fundo nacionalista. O nacionalismo era sim exaltado, mas como veículo natural para uma revolução que buscava a independência. E o povo também era convocado por razões não menos óbvias, como coloca o autor: “A conspiração dos mineiros era, basicamente, um movimento de oligarcas e no interesse as oligarquia, sendo o nome do povo invocado apenas como justificativa”.

A historiografia institucionalizou a versão de que, estando a revolução programada para a ocasião em que fosse imposta a derrama (já que era necessário um contexto de insatisfação popular), e sabendo-se que Joaquim Silvério dos Reis delatou a intenção do movimento para o governador de Minas Gerais, Barbacena, este último teria cancelado o imposto em função da denúncia. A proposição de outra versão por Maxwell é talvez um dos pontos mais interessantes da sua tentativa de repensar o episódio. Diante de várias evidências por ele reunidas, o autor chega à conclusão de que a suspensão precedeu a denúncia, e que a atitude de Joaquim Silvério dos reis correspondeu a uma tentativa de ter sua dívida perdoada por fidelidade à coroa, já que com a suspensão da derrama a rebelião fracassaria.
Outro ponto que “A devassa da devassa” mostra-se uma obra inovadora é na apresentação de evidências de que, ao contrário do que mostram os documentos oficiais, Cláudio Manoel da Costa, um dos inconfidentes, teria sido assassinado, e não provocado suicídio.

Mas o ponto principal em que toca Kenneth Maxwell ao propor uma nova visão da Inconfidência mineira diz respeito a Tiradentes, hoje tido como grande herói da Inconfidência e, consequentemente, da Independência. O livro traz a tese de que o alferes Joaquim José da Silva Xavier trazia em si todas as condições para ser “eleito” bode expiatório, sendo o único a ter sua sentença efetivamente executada. Indivíduo em busca de ascensão social, elemento periférico dentre os plutocratas que compunham o grupo revolucionário. É assim que Tiradentes é mostrado, e o autor sugere até mesmo que aquele que viria a ser herói não atuava além das questões práticas, sendo posto de lado nas decisões do movimento, preterido pelos próprios companheiros. A sua morte, espetáculo público, usada como exemplo por um governo temeroso e ainda atônito, fez dele um símbolo. E Maxwell nos lembra que, ao ser interrogado, o inconfidente defendeu ferrenhamente os ideais de República e Independência, trazendo para si toda a responsabilidade da rebelião fracassada. E aí reside seu mérito incontestável: a coragem a e determinação que o transformaram em herói póstumo.

Mas não fossem as circunstâncias a coragem de um homem não teria força para firmar-se como feriado nacional séculos depois. Em “A devassa da devassa” fica claro o papel paradigmático que a fracassada Inconfidência mineira assume no momento de crise entre metrópole e colônia em que ela ocorre. O autor nos lembra que, dentre tantas revoltas, esta ganha destaque por ter sido pioneira no seu nacionalismo e na clareza com que atacava o sistema colonial. E o fato de não terem conseguido o que planejaram, ou a verdadeira natureza de suas motivações não fazem o grupo de Vila Rica menos importante como agente histórico. Nada voltaria a ser como antes. A morte de Tiradentes em nada intimidaria uma sociedade que passava a ver em Portugal um obstáculo, e não uma matriz incondicional. A Inconfidência trouxe à tona um sentimento cujo controle escapava às garras de um mercantilismo já senil. Desde 21 de abril de 1792 seriam quase três décadas. Foi este o tempo da gestação de uma independência concebida na clandestinidade mineira.

Maxwell encerra o livro fazendo uma análise dos anos que se seguiram, até a vinda da corte portuguesa para o Brasil, em 1808.
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quefrenjr 09/12/2009

A Devassa da Devassa
O livro “A devassa da devassa – a Inconfidência mineira: Brasil e Portugal, 1750 – 1808” do historiador inglês Kenneth Maxwell, com sua primeira publicação em 1973 pela Cambridge University Press com o título “Conflicts and conspiracies: Brazil & Portugal, 1750 – 1808” tem como objeto de análise as relações entre Portugal e Brasil na metade do século XVIII e início do XIX. O livro busca levantar como as relações entre colônia e metrópole se estruturaram, notadamente, após dois acontecimentos: 1º - a morte de Rei português D. João V e a ascensão do novo monarca; 2º - a escalada ao poder de Sebastião José Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, homem com grande notoriedade e centro do poder em Portugal de D. José I.

Ao longo de oito capítulos, com títulos muito bem definidos e que já apresentam a idéia principal, que o autor buscará explicar as atitudes tomadas pelo Marquês de Pombal, as relações anglo-portuguesas e a forma como essa acaba por afetar o Brasil. O autor ainda aborda como o contexto internacional afeta a Capitania das Minas, proporcionando o surgimento dos inconfidentes de Minas Gerais. São traçados também importantes esclarecimentos sobre a relação entre a Coroa portuguesa e o movimento da Inconfidência mineira. Há referências a um processo de manipulação na maneira como o acontecimento de 1789 foi usado na construção do Brasil, seu ideal de nação, nacionalismo e cidadania (FONSECA, 2004).

O primeiro capítulo intitulado “Disposições” é norteado pelas as relações econômicas de Portugal, sua dependência do mercado Colonial e das suas flutuações. Destaca-se uma certa frouxidão nas relações econômicas, notadamente no que diz respeito à Grã-Bretanha e a comercialização de seus produtos com a América Portuguesa, que acabavam por ampliar as perdas portuguesas e, principalmente, como o contrabando com a América Espanhola acabava por ser algo não tão as escuras, ou como o autor define um “tráfico legal”. Como Maxwell destaca, o mercado com Buenos Aires, principalmente, utiliza-se do próprio sistema e da debilidade do poder estatal. Desta forma, será mostrado a forma como o Marquês de Pombal irá buscar uma reformulação no sistema colonial no intuito de ampliar a arrecadação portuguesa.

Em “Mudança” encontramos o autor centrado na questão das relações internacionais portuguesas, com ênfase na sua aliada e parceira Inglaterra. Desta forma, será mostrado como, na verdade, a instabilidade na relação colocava em risco a paz em Portugal e suas posses, além disso, após a invasão espanhola em 1762, o capítulo destaca a debilidade do sistema defensivo português – sendo utilizado pelo o autor a citação da fonte do relatório britânico acerca da fragilidade portuguesa.

O autor ainda demonstra como a vitória inglesa na Guerra dos Sete Anos trouxe instabilidade na relação Inglaterra – Portugal e, como conseqüência, Pombal toma medidas para ampliar a produção portuguesa e a produção de além mar. Desta forma, não somente o setor produtivo, econômico, será alterado, possibilitando a redução de custos para setores produtivos da colônia e ampliando o número de produtos brasileiros a entrar na Europa. Tais medidas são tomadas no intuito de assegurar uma menor dependência com os britânicos e possibilitar um maior desenvolvimento econômico português e a redução de custos com a defesa do Brasil e com os custos da burocracia brasileira.

No terceiro capítulo, “Divergência”, Maxwell demonstra que a década de 1770 é marcada pelo fim da idade do ouro para Portugal. O autor destaca o fato de que a queda da extração aurífera e as alterações promovidas por Pombal terem impulsionado outros setores da economia mineira e outras regiões de Minas Gerais. Sendo assim, como é destacado, em 1775, Minas Gerais obtivera a independência dos produtos europeus. Entretanto, Kenneth Maxwell, começa a delinear que este clima de ascensão produtiva (que de acordo com o autor atinge outras capitanias também) e o declínio da produção mineradora começam a impulsionar os membros da Inconfidência Mineira, embora, como se destacará a frente, não seja o principal motivo.

Mas, como é demonstrado, Pombal tinha como principal preocupação, naquele momento, os fatores externos e secundarizando, principalmente, as invasões ou levantes – questões internas. Quanto à queda da arrecadação do ouro Pombal verifica como solução o estabelecimento da derrama. Finalizando o terceiro capítulo, demonstra-se o conhecimento de Thomas Jefferson sobre os intuitos do grupo de mineiros.

No quarto capítulo (“Confrontação”) Minas Gerais é apresentada em seus aspectos geográficos e sociais. A forma como é constituída por várias regiões com desenvolvimentos distintos e produções diferenciadas. Nesta apresentação com ares poéticos vemos a descrição do Mosaico Mineiro (WIRTH, 1982, p. 39). Fica bem definido que o rumo do livro irá caminhar para o estudo dos inconfidentes e do movimento de 1789. Maxwell descreve como grande parte dos integrantes do grupo de 1789 tinham outros intuitos que não o nacionalismo.

Será no quinto e sexto capítulos, com o título de “Conspiração” e “Farsa” respectivamente, que será desmistificado o movimento dos inconfidentes. O autor demonstra que os envolvidos estavam em débito com a Coroa e viam na ruptura com esta a solução para a quitação da dívida. Essas dívidas eram oriundas de contratos de entradas e dízimo.
Uma vez que o movimento era impulsionado por dívidas com a Coroa, logo, a traição só poderia ser justificada com igual motivo. Em a “Farsa”, o autor comprova que a denúncia de Joaquim Silvério dos Reis, em troca de perdão dos débitos, ocorrera depois que Barbacena havia cancelado a derrama, tal fato devido à situação econômica de Minas Gerais. Para isso, o autor levanta fontes comprovando e reescrevendo a mitologia que cerca este fato histórico.

Nos dois últimos capítulos o autor revisita os autos da devassa, especificamente no sétimo capítulo (“Crise”). Maxwell mostra como o resultado da investigação acaba por favorecer os iguais (membros da elite mineira devedores) e penalizando um, este que iria tornar-se o mártir da História do Brasil. Neste ponto, o autor visa compreender o porquê de Tiradentes; o que levou a condenação de pena máxima e não a troca por banimento. Neste capítulo, as fontes se tornam a principal base, em uma busca minuciosa por uma resposta.

Encerrando o livro, que possui ampla base em fontes documentais e teoria e que reedita um marco da História, o autor retoma seu principal objeto, as relações de Portugal e Brasil e o desenrolar do panorama político-econômico internacional até o famoso 1808 com a transferência da família Real e das Cortes portuguesas para o Brasil.
Maxwell em sua empreendedora missão de instituir uma devassa da devassa, consegue, através das fontes, citações de fontes e dados estatísticos, fechar, mesmo que temporariamente, os autos da devassa que cercou as Minas Gerais.


Uma leitura essencial no que tange à releitura da Inconfidência Mineira.


Bibliografia:

FONSECA, Thaís Nivia de Lima e. História & Ensino de História. 2.ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.

WIRTH, John. O Fiel da Balança: Minas Gerais na Federação brasileira 1889 – 1937. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
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