Mr.Sandman 22/04/2024
"Viva de Cabeça Erguida" (As chamas do coração nunca morrem)
Akaza aparece. A terceira lua superior, um Jougen. O trem descarrilhado jaz destruído ao fundo e enquanto Tanjirou Kamado luta contra seus ferimentos, Kyojuro Rengoku empresta suas últimas chamas para proteger a todos.
Em uma dança repleta de tensão, Rengoku e Akaza trocam golpes na escuridão da noite. O olhar de Tanjirou e Inosuke revelam o olhar de quem entende que é fraco. Uma distância fria e triste de quem não consegue fazer nada naquele momento. O olhar tenta acompanhar, o coração tenta desacelerar, mas só existe um sentimento vivo nos garotos: Medo. Medo da morte do outro, medo da própria morte, medo do caminho que se apresenta adiante.
É uma excelente jogada da autora. Creio que seria ainda mais interessante para a trama se Rengoku tivesse passado mais tempo com os garotos. Não deu tempo de se afeiçoarem de verdade. Mesmo que Tanjirou se afeiçoa a quase qualquer um em questão de instantes, a morte de Rengoku soaria melhor na trama caso tivesse criado um vínculo mais profundo com o grupo. O que realmente sustenta todo o volume e seu apelo emocional (e tem sido meu ponto em várias das minhas análises sobre o mangá) é o inquestionável carisma que Rengoku e os outros carregam. Além do visual específico e inspirado, o humor, o comportamento e as habilidades do personagem fundamentam toda uma personalidade que chama muita atenção e é absolutamente cativante. Por isso, mesmo com pouco tempo, sentimos muito a perda de Rengoku. Sentimos pelos meninos e por nós mesmos. Funciona. Meu ponto aqui é: até quando?
O veredito da batalha é cruel. Deixado para morrer ao nascer do sol, o Hashira das Chamas resgata seu passado e chama por um futuro, um futuro em que ele passou a acreditar. Akaza foge, ao som de gritos ardentes de um ódio que vem da tristeza e do prelúdio de um luto doloroso. Além de criar uma rivalidade, reforça o trauma de Tanjirou e constrói um ódio renovado sobre essas criaturas covardes e sem honra. É um momento importante. Serve de combustível para o futuro. Rengoku-San se foi, mas suas chamas nunca deixarão de queimar nos corações de nossos heróis. Eles vão lutar de cabeça erguida, rumo ao futuro.
A notícia se espalha. Emoção e preocupação regam o Kisatsutai. Nossos heróis se recuperam, Tanjirou lida com a família de Rengoku e um novo arco bastante extravagante se inicia. Demos adeus a um arco que foi impactante, mesmo que curto, mas que poderia explorar melhor as relações e se estender um pouco mais. O carisma mais uma vez salva a trama de uma possível sensação de pressa e superficialidade, satisfazendo mesmo que por pouco.