Ricardo Santos 30/01/2021Pelo direito de ser, de existirPara mim, como homem cis hétero, posso resumir este livro em uma palavra: aprendizado. Mas essa coletânea de contos não se limita a ser didática. Porque ficção é, acima de tudo, expressão, voz, botar para fora o que você é, sente e pensa. E, no caso das pessoas autoras e personagens em questão, são muitas vozes, diferentes e únicas. Encontramos uma variação de propostas, temas e cenários. Há contos realistas e fantásticos. Comédia, drama, denúncia, sátira social. Acompanhamos histórias em que pessoas LGBTQIA+ existem no mundo, no Brasil, em escolas, locais de trabalhos, famílias, na rua, em outros universos, em abordagens que desafiam os estereótipos e o preconceito. São personagens que acertam e erram, amam e odeiam, que não precisam da permissão de ninguém para serem quem são. A qualidade dos contos oscila, indo dos regulares aos bons até os excelentes. Agora os dois últimos me incomodaram (ou eu devia dizer, me chocaram) por investir em desfechos desnecessários, logo nesse livro, e mesmo que a realidade os corrobore. Mas, no fim das contas, o saldo é muito positivo. Transliterações é um livro da editora CHA que valoriza pessoas autoras nacionais.