The Last of the Wine

The Last of the Wine Mary Renault
Mary Wine




Resenhas - The Last of the Wine


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hobbitusille 11/11/2023

I saw death come for you, and I had no philosophy
Eu não faço ideia de como esse livro chegou até mim, muito menos a razão pela qual a autora não é tão comentada em redes tão grandes como o booktok, dado o crescente interesse por livros de ficção histórica e recontos que se passam na grécia antiga. independentemente de qualquer coisa, estou feliz que esse livro e essa autora vieram até mim.

aqui vamos acompanhar a vida de alexias, um ateniense que teria sido morto por seu pai por ter nascido muito cedo e muito pequeno. nós o vemos lutar sob o comando e contra líderes famosos da guerra do peloponeso, fazer amizade com figuras históricas como sócrates, platão, fédon e xenofonte, concorrer durante as olimpíadas, sofrer sob o cerco que os espartanos estabeleceram e se apaixonar por lysis.

alexias tem uma vida difícil desde pequeno, e o acompanhamos tomando decisões difíceis ao longo de todo o livro. decisões que talvez não entenderíamos, mas que deveriam ser tomadas de alguma forma. não só ele enfrenta dificuldades por conta própria, mas também vemos como seus relacionamentos são conturbados seja com quem ele esteja. com a perda da sua mãe biológica, ele busca amor materno em sua madrasta, não muito mais velha que ele. seu pai é rígido e alexias faz de tudo para ganhar um pouco de amor e aprovação e, quando não consegue isso com seu pai biológico, tenta encontrar algo com sócrates, seu mentor e, de certa forma para ele, uma figura paterna.

não é um livro fácil de digerir. a guerra e a vida difícil de alexias por si só já carregam o livro de um tom mais pesaroso. porém, a escrita tão imersiva e aprofundada de mary neste livro o torna uma ficão histórica diferente da maioria que vemos por ai hoje em dia: não há contornos ou rodeios para a vida, moral e pensamentos da época. o que quero dizer é: mary não esconde a misoginia e os costumes de homens mais velhos se relacionarem com meninas e meninos com menos idade da época, e a deixa explícita em sua forma bruta até mesmo nas atitudes e pensamentos do nosso protagonista.

é nesse ponto que exercitamos nosso senso crítico. apesar do livro ter sido escrito nos anos 50 (e talvez esse seja um motivo pelo qual não temos cenas explícitas ou mais aprofundadas de intimidade entre alexias e seu amante lysis. o que, no entanto, não é um ponto negativo do livro.), e podermos analisar que alguns preconceitos ainda refletem na sociedade da época de mary, ela os coloca aqui para levar o realismo da época em sua história para um nível ainda maior, e que hoje nós entendemos as problemáticas, mas não podemos apagar nossa história e nem cobrar valores atuais em uma época tão distante.

mary leva seus leitores direto para um mundo totalmente diferente, sem nenhum rodeio ou passada de pano, sem fugir de detalhes e, ainda assim, os personagens ainda são profundamente humanos em sua essência.

é tambem um livro cheio de referencias a vida atheniense e grega da época, com detalhes sobre política, filosofia, sociologia e costumes que me colocaram para pesquisa, mas acredito que não seja tão necessário voce se aprofundar em tudo para ter um bom aproveitamento do livro.

a narrativa dela me pegou um pouco. a estrutura das frases foi bem diferente para mim e levei um tempo para me acostumar, não vou mentir. eu penei um pouco, mas não foi nada que não valesse o esforço.

por fim, esse livro definitivamente não é para todo mundo. é denso, real, não tem tanto o foco em romance ou na relação íntima de alexias e lysis. mas eu gostei bastante e acho que recomendaria para algumas pessoas em específico. se forem ler, não leiam esperando um livro todo fofo e triste sobre um casal aquileano, vão de mente aberta para a vida ateniense em sua forma crua e real, o que não é algo tão fácil de lidar em alguns momentos.

"All-knowing Zeus, give me what is best for me. Avert evil from me, though it be the thing I prayed for; and give me the good which from ignorance I do not ask."
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