spoiler visualizarCamila Felicio 15/10/2023
Concluí a leitura de forma rápida, a primeira parte simplesmente devorei, a apresentação do Anjo da música, da história de Christine e a paixão juvenil de Raoul com o ápice na identidade do F. da Ó, apresentaram-se de forma frenética, pelo menos ao meu ver, ao leitor.
No entanto, a segunda custou-me um bocado mais, iniciamos de forma mais frenética com o relato de Christine sobre a real identidade de Erick e seguimos até conclusão da história com uma cadência mais lenta, e para mim menos palatável e mais cansativa!
Esperava muito devido ao início avassalador, posto que na maioria das obras chamadas clássicas (em especial em obras francesas e russas) o que observamos é um início muitas vezes letárgico para um leitor do século XXI e um final mais catártico e reflexivo, como exemplo observei em Madame Bovary ou em O Corcunda de Notre Dame, ambas obras francesas, ou então, para melhor análise, em Drácula que por mais que seja pertencente à literatura inglesa vemos também uma temática gótica e extremamente introspectiva!
Não desconsidero que a presente obra tenha sido redigida em forma de folhetim, mas Dumas, apesar de sua barriga narrativa, me passou mais emoção em sua conclusão de o "Conde de Monte Cristo" e me pareceu mais linear e emocionante! (um favoritaço da vida)
Sobre o enredo, Leroux como fã de Victor Hugo nos fornece elementos interessantes, a psique do "monstro" que oculta-se em sua tumba subterrânea para evitar olhares assustados e julgamentos dos seres "humanos", classificação que para Erick não lhe pertence, posto que pela sua deficiência ou anomalia ele seria um demônio que oculto assusta a Ópera, pregando peças ilusórias, agindo como um autêntico fantasma.
O mesmo argumento, ainda que de forma menos dramática e mais reflexiva (para mim, melhor executada) vemos em Quasimodo de Victor Hugo, oculto na torre dos sinos em Notre Dame, agindo à sua maneira como o "fantasma" sineiro... Da mesma forma que Quasímodo ama Esmeralda e lhe é devoto, temos a loucura de Erick por Christine, Esmeralda não consegue olhar para Quasímodo como um humano (bem diferente do desenho da disney), Christine (ao final) olha Erick e beija-lhe a testa, e este com o pouco afeto mostra-se satisfeito e abraça seu lado humano libertando a cativa e entregando-se à morte.
Lindo final, mas o realismo em O Corcunda ainda me choca mais, a forma linear da obra me encanta mais, tendo se transformando em um favorito da vida... No entanto, me envolvi menos com Erick e suas loucuras, em especial durante o marasmo de parte da 2º parte.
Excelente obra, mas não minha favorita! Indicado à todos, que como eu, buscamos algo mais gótico para um outubro de dia das bruxas.