História econômica do Brasil

História econômica do Brasil Caio Prado Júnior




Resenhas - História econômica do Brasil


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Samara 11/01/2023

A economia dependente
Conheci Caio Prado Jr em uma das minhas primeiras aulas da faculdade de economia e, de longe, foi o autor que mais tive o interesse de ler e pesquisar. O autor expressa o tempo todo do quanto o Brasil persiste em seu passado colonial e insiste em não fazer essa ruptura. Demonstra com dados o quanto a economia brasileira é fadada a surtos "milagrosos" que dependem fundamentalmente da estrutura internacional de interesses.
Muitas partes do livro são escritas nos moldes do presente (a última atualização do livro foi em 1976), então é possível se adequar a realidade atual.
Não achei uma leitura difícil, há muitas palavras de conceito econômico facilmente encontradas no Google, então vale muito a pena a leitura para entender onde chegamos.
Vou deixar uma nota de rodapé do capítulo 18, que fala sobre a abolição da escravidão: "Quanta luta, quanto heroísmo também para arrancar essas duas frases tão simples, mas tão eloquentes ao mesmo tempo, do reacionário e escravocrata império brasileiro!"
Eduardo.Alvarenga 08/06/2023minha estante
Essa nota de rodapé também me chamou a atenção. Poucas mas profundas palavras, já que ele detalha como foi difícil ( quase uma guerra entra Inglaterra e Brasil), para que a escravidão fosse abolida.




joao 06/01/2010

Esse livro é muito bom para termos uma visão de conjunto da evoluçao econômica do Brasil ao longo dos anos, e através dele encontraremos uma amostragem geral do gerenciamento econômico do Brasil, dos desmandos e da riqueza que temos! Vale a pena ler!
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Silva Júnior 27/06/2010

História
Para quem gosta de História do Brasil este é o livro. Muito detalhado e de fácil entendimento. Basilar para formação em Hstória...
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Volnei 24/11/2015

História econômica do Brasil
O autor nos traz uma analise econômica do país desde os tempos coloniais, mostrando as varias formas que desenvolvemos a economia do Brasil até chegar a republica. A economia de subsistência e comercial do pais , as dificuldades de locomoção e todas as agruras do desenvolvimento econômico

site: http://toninhofotografopedagogo.blogspot.com.br/
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Filino 20/11/2017

Uma didática e provocativa história do Brasil
O livro apresenta um relato bastante didático da formação do Brasil, partindo do descobrimento e chegando até o final da década de 60. O célebre Caio Prado Jr. expõe como o nosso país, desde o início, foi alvo de uma exploração que teve consequências desastrosas - para o meio ambiente, para os que foram escravizados, e para a nossa própria economia. Vários episódios chamam a atenção, a exemplo de como os navios negreiros descarregavam suas "mercadorias" em alto mar, atados a pedras, para que não fossem recolhidos pela marinha inglesa e também não ficassem à vista.

Ao chegar no século XX, o autor trata de forma mais incisiva o que ele chama de "imperialismo" das nações mais desenvolvidas sobre o Brasil, que ocupa uma posição periférica no tabuleiro econômico mundial - segundo o autor, atuando apenas como fornecedor de matérias-primas e, mais recentemente, de mão-de-obra barata para as grandes indústrias através das multinacionais que aqui se instalam.

O autor é um grande nacionalista, defendendo a intervenção do Estado no campo econômico. Igualmente alerta para o fato de não ter sido desenvolvida uma política industrial verdadeiramente voltada para os anseios do povo brasileiro.

Há um posfácio, escrito em 1976, em que Caio Prado Jr. escreve como os acontecimentos posteriores "confirmaram" os seus estudos, bem como continua a não enxergar um futuro brilhante para o país. Ao contrário, vislumbra uma dependência econômica cada vez maior e um agravamento de nossa situação.
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rodrigo963 25/07/2018

Brasil
O livro História Econômica do Brasil é/foi escrito por Caio Prado Júnior, esse livro busca abordar de forma semi-completa as atividades que ocorrem no Brasil, desde a época colonial até os dias mais atuais. Assim, observar-se que a história do nosso país é vivenciada por ciclos econômicos que proporcionarão riquezas e impulsionaram na formação (atual) do território brasileiro e no processo de povoamento do mesmo. Porém, esses ciclos econômicos também são caracterizados por crises e pelo abandono dessas atividades que irão ocupar a segunda ou terceira posição nas atividades desenvolvidas do país. Essas crises são resultados da concorrência do mercado internacional, intensa exploração dos recursos e na degradação, baixo nível técnico presente na época, entre outros.

Dessa forma, o livro também aborda as “questões sócias” que estão diretamente ligadas com atividades econômica do Brasil, tais como: escravidão/abolição da escravidão e migração. Assim, de forma (geral) o livro é enriquecedor, cheio de informações que irão proporcionar no ganho/ampliação do seu conhecimento e entender as atividades que impulsionaram o Brasil, sendo na formação do território brasileiro, povoamento e nas questões sociais que estão presente (até hoje) na sociedade brasileira.
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Wagner 13/07/2019

EFÊMERO...

(...) Raros serão os patrimônios brasileiros que atravessariam mais de uma geração , e os casos de vários extremos financeiros no curso de uma só existência são quase normais (...)

In PRADO, Caio. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense,1980. Pg 201.
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Samira 28/12/2020

Necessário!
Para estudantes de História, economia e leigos!
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Letícia 03/07/2021

Publicado em 1945 e atualizado em 1970, História Econômica do Brasil é uma das principais obras de Caio Prado Júnior. Em um esforço pioneiro de realizar uma análise marxista das estruturas econômicas de nosso país, o autor inaugura, ao lado de nomes como Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre, uma nova fase da historiografia brasileira.

Ao narrar os processos de ocupação e a exploração do território brasileiro, dois argumentos principais sobressaem-se no livro. O primeiro é o caráter de nossa colonização: um verdadeiro “bombeamento” de recursos naturais, movido pelo máximo e momentâneo proveito e sem qualquer preocupação com o longo prazo.

Além de abordar o já conhecido modelo da monocultura latifundiária e escravista, Prado Júnior destaca o predomínio de atividades extrativistas e de técnicas rudimentares que exaurem o meio ambiente e contribuem para um rápido declínio dos produtos brasileiros no mercado internacional, incapazes de acompanhar a concorrência. Nas palavras do autor, prevalece a “ignorância e imprevidência em tudo”.

A segunda tese central do livro diz respeito à nossa incapacidade de superar por completo as raízes coloniais e construir uma economia nacional: permanecemos um país produtor de bens primários destinados à exportação e à satisfação de atores externos (ou de elites a eles ligados), ao invés de nos voltarmos às nossas próprias necessidades, sobretudo das grandes massas trabalhadoras.

Em tempos de expansão do agronegócio - com o avanço das queimadas no Pantanal e na Amazônia -, de desindustrialização e fechamento de filiais de multinacionais, de desvalorização cambial, de inflação e de insegurança alimentar entre os mais pobres, percebe-se, com muito pesar, que pouco ou nada mudou desde a publicação de História Econômica do Brasil.

Leitura fundamental. Se, em alguns momentos, o livro se torna maçante, é menos por demérito do autor e mais pela triste repetição de erros e crises cíclicas que acompanham nossa sociedade.

site: https://www.instagram.com/pulsaoliteraria/
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Carlos.Junior 10/10/2021

Historia Econômica do Brasil-Nota:10/10
O livro "História Econômica do Brasil", escrito pelo excelentíssimo advogado e professor de economia política, Caio Prado Junior tem como foco amostrar e relatar historicamente e economicamente os processos econômicos que se evoluíram pela história, política, cultura diversa e geografia nacional. Em 410 longas e informativas páginas o professor, sob um ponto de vista marxista-comunista, desenvolve e fórmula as práticas de emprego, comércio e lucro em diversas eras do Brasil. É um livro fundamental para um mulher entendimento das características estruturais da sociedade brasileira dos dilemas que herdamos do passado e o que podemos fazer para superar isso no futuro. O autor concentra sua energia no desenvolvimento das ideias de lucro, comércio e procura desenvolver suas idéias sobre as questões de forma formal, porém acessível sem ser vulgar ou pedante ao decorrer da leitura. Trazendo um diagnóstico completo sobre o subdesenvolvimento brasileiro em relação a outros potências mundiais, mesmo sendo um livro antigo e que só foi relançando em 1970, o Brasil de hoje continua lembrando esse Brasil abusado, explorado e escravagista e descrito de forma mais abrangente e completo por Caio Prado, preso as raízes coloniais, racistas, excludentes e focando-se mais na sastifação de interesses econômicos externos imperialistas. Podemos fazer um paralelo econômico bacana entre o Brasil e outros países apartir do conteúdo desse livro. Como os Estados Unidos que possuem um planalto totalmente diferente do brasileiro e logo desenvolverem uma economia de superpotência a custo de emendas econômicas neoliberais e se concentrando na maximização do lucro e na descaracterização dos direitos humanos e fundamentais como saúde e educação pública. Ou como Cuba, que mesmo pequena e tendo o embargo econômico aplicado de forma política, conseguiu especializar sua educação, saúde e cidadania. É uma boa recomendação pro pessoal que estuda ou gosta de economia, geografia e história, é muito completo
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Jesus.Cassiel 28/11/2021

Genialidade de Caio Prado
Este livro merece cinco estrelas pela fluidez com que descreve a nossa história brasileira desde a invasão dos portugueses quando descobriram nosso território. O autor Caio Prado Júnior excelente historiador, realizou uma grande pesquisar sobre a economia brasileira. O resultado foi uma obra a qual dispõe de uma linguagem simples sem termos de difícil compreensão para a maioria dos leigos. O livro serviu em peso a minha pesquisa sobre os Ciclos Econômicos.
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Gui Mendes 23/12/2021

Livro fundamental
Encontrei esse livro na casa do meu pai e ele já me chamou a atenção, sempre quis ler um livro que explicasse a evolução da economia brasileira com o passar do tempo. Mesmo com uma visão diferente da minha, Caio Prado consegue fazer uma análise boa, e na minha opinião correta dos motivos do nosso desenvolvimento não ser tão acelerado e o nosso padrão de vida não ser tão alto. Nossa história se divide em pequenos momentos de crescimento artificial para alimentar mercados estrangeiros com períodos de estagnação elevada. Livro fundamental apra entender a complexidade da economia nacional.
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Oliver.Lima 23/01/2022

Pica
Uma aula de economia e, consequentemente, com rapidas pincelasas na historia do nosso pais. Leitura intelectualmente edificante
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Sophia 14/11/2022

Foi uma leitura bastante demorada, alguns termos eu não conhecia e tive que pesquisar, confesso que não havia me aprofundado em trustes antes e gostei muito da visão do autor.
Uma visão sem medo de pegar as raízes e uma das coisas mais sagradas da economia brasileira, sua origem na exportação de alimentos, na agricultura e analisar ela pela base das crises e do uso excessivo do solo, com avanço sempre retardado em relação aos países industrializados.
O livro traz a importância de se investir em pesquisa nacional de qualidade e avançar a técnica no país, para também ser um produtor de valor agregado e não apenas "celeiro". Infelizmente, tivemos uma tendência que justamente retornava ao que o livro tanto criticava, porém espero que ainda se trace o caminho do progresso no país.
O livro é excelente mesmo e nos faz pensar muito e entender muito coisa de maneira simples.
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Amós 15/05/2023

Resenha da obra “História Econômica do Brasil” do Caio Prado Jr.; 1º edição com atualização de 1970 e post-scriptum de 1976; Leitura finalizada em 02 de Maio de 2023
Caio Prado Jr., nascido em 1907 e filho das elites político-econômicas de São Paulo, é considerado hoje, junto a nomes como Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Hollanda, um dos “pais fundadores da sociologia brasileira”. Apesar de não ser um sociólogo por formação, Caio Prado realmente se debruçou e produziu de maneira prolífica ciência sobre a política brasileira, mas seu trabalho gira em torno principalmente das questões materiais e econômicas. Formado em Direito pela USP, o autor teve participação política na 1º República Brasileira e foi um dos articuladores da Revolução de 1930.
Porém, decepcionado com a incoerência ideológica do movimento, irá se filiar ao Partido Comunista Brasileira em 1931 e posteriormente à Aliança Nacional Libertadora (ALN), onde presidirá o braço paulista. Identificado-se com o marxismo, corpo teórico em ascensão à época devido aos sucessos da recém fundada União Soviética, o autor vai com os anos desvendar a formação do Brasil por uma ótica materialista histórico-dialética, pensando detalhadamente de que forma a nossa economia moldou nossa mentalidade, política, estrutura e superestrutura. No livro em questão, o autor tem por foco o Brasil, porém irá se apoiar também no contexto global para explicar certos fenômenos locais.
Na obra História Econômica do Brasil, originalmente publicada em 1945 e passando por algumas atualizações até 1976. Caio Prado Jr. divide a obra a partir dos ciclos econômicos vivenciados no Brasil, mas inicia o livro com uma descrição pormenorizada da geografia brasileira, pensando suas condições para prática da agricultura, mineração e vias fluviais que irão auxiliar nesse processo. Logo em seguida ele aborda a ciência náutica e sua evolução nas mãos dos ibéricos até a chegada às Américas para só então se debruçar sobre a economia brasileira de fato.
Passados esses capítulos introdutórios, o autor inicia tratando sobre a exploração do Pau-Brasil por portugueses e em menor grau franceses. Nesse momento inicial, a coleta da madeira é feita mediante a cooptação dos indígenas que viviam na costa a partir do escambo com produtos europeus. Porém, esse ciclo é muito breve pois logo as reservas naturais do produto se esgotam, o que nos leva ao começo do primeiro grande ciclo econômico nacional: a cana-de-açúcar.
Para tanto, logo se formam as capitanias hereditárias (faixas de terra doados por Portugal a dignitários da corte lusa), que apesar da baixa adesão, dão início ao latifúndio voltado a monocultura exportadora, prática nunca abandonada na agricultura brasileira e onipresente no Brasil até hoje. Também se inicia nesse momento atritos em maior grau com as nações indígenas da costa, que reconhecem a ameaça que a presença portuguesa representava. Não mais tendo sucesso em cooptar trabalhadores nativos, o tráfico negreiro toma grandes proporções rapidamente, pondo em prática a técnica de cultivo da cana-de-açúcar que já era tida como um sucesso em ilhas da costa africana. Em paralelo a isso, se desenvolve uma pequena mas importante economia de subsistência nesses latifúndios, com a produção de gêneros alimentícios que irão sustentar a população colonial. Isso é feito em grande medida a contragosto dos proprietários de terra, que viam nisso um desperdício de possíveis lucros que teriam obtido com o cultivo de cana. Nesse momento começa a expansão no agreste nordestino para a criação de gado.
Seguindo de forma cronológica, chega-se ao ano de 1640 e com isso as várias mudanças decorridas da formação da União Ibérica, momento em que Portugal e Espanha se tornam só um reinado, liderado por Castella e comprometido na luta contra os holandeses. Isso reflete no Brasil se tornando campo de batalha dessas forças, com parte do nordeste brasileiro sendo ocupado pelos holandeses. Nesse contexto se observa um grande afluxo de colonos portugueses para o Brasil, em busca de terras e novas oportunidades que não existiam mais na Europa. Com isso, se faz necessário o fortalecimento do Governo Geral instalado na Bahia, mas também se proíbe a produção de uma série de mercadorias para privilegiar a produção portuguesa e sua importação para o Brasil a altos preços.
Com a posterior dissolução da União Ibérica e a expulsão dos holandeses, chegamos ao ciclo do ouro, momento fundamental para a interiorização do processo colonizatório. Achados jazidas do metal precioso e também de pedras preciosas na região das Minas Gerais, tal exploração é altamente controlada e taxada pelos portugueses e não há preocupação alguma com o refinamento da técnica de exploração, o que leva a um rápido esgotamento das reservas superficiais.
Junto a isso, ocorre no nordeste e na amazônia a interiorização da colônia a partir de uma lógica fluvial. No nordeste, se vê a criação de gado crescer às margens dos rios perenes, em especial o São Francisco. Já na amazônia, se observa a formação de uma economia extrativista voltada para a busca de frutas, drogas e peixes, sempre guiados por indígenas, já que os portugueses tinham extrema dificuldade de adentrar mata adentro, o que é também facilitado pela formação de missões jesuítas que passam a apresar e catequizar a população local.
O autor passa então a abordar a expansão acelerada da fronteira agrícola brasileira no momento em que nascia a indústria têxtil na Inglaterra e o Brasil se tornar grande produtor de matérias primas que irão alimentar esse processo. Importante frisar, porém, que nossa agricultura nunca foi tão produtiva como a norte-americana ou a europeia devido a pobreza da técnica aqui empregada. O que causa uma rápida dilapidação da qualidade da terra o que, por sua vez, força a expansão da fronteira agrícola rumo ao interior do país. A produção de arroz e anil também cresce, mas não alcançando o vulto do algodão ou da cana-de-açúcar.
Retornando ao ponto do fim da União Ibérica, o autor descreve o processo de ocupação colonial do sul do país. A motivação maior era a delimitação mais precisa das fronteiras das colônias espanholas e portuguesas e para tal foram sendo assentadas pessoas nas margens dos rios que servem de fronteira até hoje. Porém, cabe frisar que devido ao clima temperado da região, se atraem famílias portuguesas que se estabelecem em pequenas propriedades rurais, produtoras de gado principalmente e concentradas em áreas fluviais de fronteira e na costa. Essa descrição encerra a descrição geral do período colonial brasileira, passando logo em seguida para os anos de 1800 e a chegada da família real portuguesa ao Brasil no contexto das guerras napoleônicas.
Em sua síntese, se coloca que a população colonial à época era de cerca de três milhões de pessoas concentradas na costa brasileira. A economia ainda girava essencialmente em torno da agricultura tropical de exportação, que era majoritariamente transportada pelo mar e em muito menor grau, por terra com as colônias vizinhas. Também havia importante participação de contrabandistas das mais variadas nacionalidades atuando na costa brasileira, trazendo ampla variedade de produtos. Marginalmente se produziam gêneros para a subsistência da população. Da mesma forma, também se forma uma parca economia industrial/manufatureira, voltada exclusivamente para a produção ferramentas e utensílios de uso geral da colônia, sem jamais ganhar maior complexidade ou produtividade, até por conta da sistemática perseguição portuguesa, que via nisso uma ameaça a sua própria indústria. Porém, destaca-se nesse contexto a fraquíssima integração logística e comunicativa dos núcleos urbanos costeiros entre si e com o interior, onde praticamente não existiam estradas e os caminhos eram basicamente trilhas improvisadas e a mais utilizada forma de comunicação ainda eram as viagens pelo mar, pois pouco se usou do transporte fluvial, com exceção do Rio Amazonas.
A partir do capítulo treze, a história nacional é posta um pouco de lado para compreendermos o cenário global que se inicia. O desenvolvimento do capitalismo industrial é o mais importante e relevante acontecimento do contexto, junto a derrocada do Antigo Regime representada pelo processo de Independência dos Estados Unidos. Esse quadro geral começa a fraturar a relação colonial que havia entre os países ibéricos e as suas colônias nas Américas. Inglaterra e França, como potências industriais em ascensão, passam a pressionar pelo fim dos monopólios comerciais tão característicos do pacto colonial vigente. Portugal logo cede à pressão inglesa, abrindo os portos do Brasil ao comércio internacional no contexto das guerras napoleônicas que devastavam o cenário europeu e que também trouxeram a família real portuguesa para cá. Esses acontecimentos em conjunto irão alterar profundamente o desenvolvimento da economia e política brasileira.
Com a família real portuguesa aqui e a abertura dos portos ao comércio internacional, se assiste a primeira grande crise cambial de nossa história, coisa que irá se repetir ciclicamente em nossa trajetória. Agora com acesso facilitado a ampla gama variedade de produtos, as camadas médias do Brasil passam a consumir todo tipo de mercadoria manufaturada que lhes chegava, porém, nossa combalida economia agroexportadora não conseguirá bancar tais luxos, causando uma acelerada desvalorização da moeda, que sai do ouro para o papel-moeda em questão de anos. Nesse contexto, a Inglaterra irá assumir as rédeas da situação, passando eles a explorarem largamente o Estado nacional a partir de vultosos empréstimos e investimentos com altas taxas de lucratividade.
O autor então passa ao debate em torno da escravidão, tratando de como à época o sistema já era encarado como falido, mas nossa elite ainda se mantinha fiel a tal prática. As nascentes organizações abolicionistas ainda não tem potência suficiente para pressionar o Estado pelo fim da escravidão e mesmo com a pressão diplomática Inglessa somada, a servidão seguirá, cambaleante, por mais várias décadas. Somente em 1840, com a aprovação da Lei Aberdeen no parlamento inglês, a repressão ao tráfico negreiro se intensificará, com a apreensão e afundamento dos navios flagrados em tal prática, e o Estado Brasileiro passará a também reprimir a chegada de novos cativos ao país, iniciando a fase final da escravidão local.
Passado esse tumultuado momento histórico, o Brasil inicia a sua transição do ciclo da cana-de-açúcar para o café. Marginalmente se seguiu a produção de tabaco e algodão, mas o açúcar já não mais conseguia competir com outros produtores, que contavam com uma maior produtividade e que agora concorriam com a produção de açúcar de beterraba produzido localmente na Europa. Em paralelo a isso, ocorre um crescimento da demanda por café nos Estados Unidos e no Velho Mundo. Os latifundiários inicialmente resistem a aderir a produção devido ao prazo , porém com a subida dos preços logo as plantações irão se espalhar por toda área costeira e com o rápido empobrecimento do solo, o cultivo penetra os interiores de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro.
Esse novo ciclo irá deslocar o poder econômico e político do nordeste para o sudeste do país, com as elites paulistas assumindo a liderança nacional a partir da riqueza gerada pelo café, fase em que o produto representou 70% das exportações brasileiras. Inicialmente o café era trabalhado com mão de obra escravizada e que lentamente transitou para mão-de-obra assalariada oriunda das migrações europeias que começavam a chegar ao país fruto das políticas de embranquecimento da época. A princípio os fluxos migratórios de europeus para cá serão incentivados pelo Estado a partir da promessa de terra aos imigrantes, o que posteriormente será substituído pelo simples trabalho assalariado nas fazendas de café. Essa migração terá mais sucesso entre italianos, pois diversas nações passam a coibir a migração de seus nacionais para o Brasil devido às várias denúncias de condições degradantes e abusivas que possam ocorrer, chegando inclusive ao ponto de acontecerem revoltas de colonos. Esse quadro se altera quando o próprio Estado assume a responsabilidade de proteção legal dos imigrantes e os distribui conforme a necessidade que a lavoura de café irá impor, os assentando em especial em São Paulo e no Sul do país..
Esse breve período de prosperidade irá solucionar temporariamente os problemas da balança comercial brasileira. Os altos preços do café irão conseguir tornar positiva nosso quadro de importação/exportação, a isso também se somará o fim do tráfico negreiro, que encerrou um dos maiores fluxos de saída de capital do país. O fim total da escravidão porém ainda será adiado até 1888 devido ao sistemático combate ao ideário abolicionista promovido pelas elites escravistas que não desejavam o fim do sistema. Se observa que de 1850 adiante ocorrerá o crescimento do tráfico interno, que irá levar pretos cativos do norte/nordeste para as áreas produtoras de café do sudeste. Também se implementaram taxas alfandegárias que irão aumentar a arrecadação do Estado e também irão dar conta de proteger a nascente e cambaleante indústria nacional.
O fim da escravidão junto ao fim do Império causam um verdadeiro rebuliço na economia e na política brasileira. Tendo o café como carro chefe, o país também será grande exportador de produtos como cacau, borracha e algodão. As elites do café aliadas ao Estado e o capital inglês, irão investir na integração logística do país com a construção de linhas férreas e telegráficas, das primeiras estradas de rodagem e do investimento no transporte marítimo a vapor. Também se promove uma onda de industrialização, em especial a têxtil que irá se focar no mercado interno, visto que não tinha nível compatível de produtividade para a competição no mercado internacional. Porém, o Estado pouco consegue se aproveitar desse momento devido a pouca organização do mercado financeiro e do desbalanceamento das contas públicas. Cabe destacar que nesse momento, o Brasil ainda não é auto suficiente em sua produção alimentar, tendo que importar muito do que é consumido localmente devido ao sequestro da terra para cultivo exclusivo do café, produto de maior valor para exportação.
A proclamação da República representou um grande tropeço para nossa trajetória econômica, com crises cambiais e financeiras embaladas por um grande surto de especulação financeira, causando bolhas de investimento que levam à falência muitas empresas do país. Isso por sua vez atraiu investimento externo, em especial inglês, que passa a lucrar tanto com a especulação quanto com a compra e controle de certos setores da economia, como café, a nascente produção de eletricidade e os transportes. ,
No capítulo vinte e dois, o autor dá um passo atrás e remonta a trajetória dos principais produtos de exportação: café, açúcar, borracha e o nascimento das pequenas propriedades rurais. Café, açúcar, cacau e borracha compartilham, em grande medida, uma mesma história. Surto de investimento nos momentos iniciais do produto devido ao seu alto preço no mercado internacional, e posterior declínio devido ao crescimento da competição e a falta de investimentos para aumento da produtividade. O caso da borracha é simbólico, pois em momento algum se preocupou com o cuidado das seringueiras nativas da mata amazônica, plantas essas que morriam devido a sua exploração descuidada e que não eram substituídas pelo plantio de novas plantas. Esse processo irá tornar rara as reservas dessas plantas que inicialmente eram muito abundantes. Em paralelo a isso, a Inglaterra toma sementes da mesma e as leva para ser estudada e cultivada no leste-asiático, que em poucos anos irá se tornar o maior competidor do Brasil no mercado da borracha, até tornar-se, de fato, o líder em vendas de seringa. Desse longo capítulo, cabe destaque ao nascimento da pequena propriedade rural, que floresce com a vinda dos trabalhadores europeus imigrantes, que com seu trabalho assalariado conseguem adquirir pequenos lotes de terra, onde irão produzir essencialmente para a subsistência e vender os sobressalentes ao mercado nacional. Apesar do pequeno vulto desses empreendimentos, ele foi suficiente para substituir a importação de comida, ajudando em grande medida nossa balança comercial.
Nesse período a industrialização brasileira se acelerou, apesar de ainda cambalear com a flutuação de nosso câmbio e da doença especulativa. A falta de infraestrutura energética e da metalurgia atravanca nosso processo, mas a indústria têxtil floresce, em especial em São Paulo, Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul. Isso foi possível graças às taxas alfandegárias que nasceram para aumentar a arrecadação mas que marginalmente serviram para proteger nossa indústria pouco competitiva. Também a 1º e a 2º Guerra mundial irão ajudar nesse processo, devido a alta demanda por carne enlatada, ferro, aço e produtos têxteis. Porém, a precariedade de nossa integração territorial torna tal processo compartimentado, sem conseguir alcançar maior complexidade/produtividade e essencialmente sendo reféns de insumos industriais vindos dos Estados Unidos e da Europa. Nesse contexto também chegam ao país as primeiras indústrias de capital estrangeiro, que surgem para fugir das taxas alfandegárias e que são basicamente maquiladoras que montam os produtos a partir de peças prontas vindas das matrizes em seus países. Com isso se inaugura uma maior inserção do capital internacional na economia brasileira, que passa a sequestrar em grande medida parte de nosso setor produtivo em prol dos próprios interesses.
Se fragiliza a indústria nacional, menos produtiva, que passa a ser comprada por investidores estrangeiros. Esse movimento causa um aumento quantitativo da mão de obra mais bem paga e qualificada, mas altera nossa balança comercial devido às altas remessas de lucro enviadas para o exterior. Somado a isso ocorre na 1º República um importante programa de substituição de importação, o que fortalece nosso ímpeto industrial, que passa a produzir tudo que não mais poderia ser comprado da Europa devido a fragilidade produtiva fruto das guerras mundiais. Esse ciclo industrializante porém morre com a crise de 1929, que impacta grandemente nossas vendas de café que financiavam esse processo industrial. Há uma retomada com a 2º Guerra Mundial, mas após o seu fim o Brasil retoma ao papel de exportador de matéria prima, em especial para os EUA que nesse tempo havia se tornado a maior potência industrial do mundo. Nossa indústria então passa a ser adquirida pelos grandes conglomerados internacionais, que enviam grande remessas ao exterior, levando o país a uma crise cambial sem saída. Esse drama é aliviado pelas políticas protecionistas de Vargas II mas que logo se encerram com o suicídio do estadista, sendo substituídos por políticas liberais que aprofundam a captura de nosso setor industrial pelo capital internacional.
Há porém uma mudança relevante no quadro da economia rural do país, que se desloca da produção de café e outros produtos marginais para o foco na pecuária, com a produção voltada para a alimentação dos grandes centros urbanos do país e também para a exportação. Essa mudança é relevante devido a melhora da qualidade da alimentação do país e também por esse tipo de produção não depender de solos de grande qualidade e também da pouca necessidade de mão-de-obra. Esse processo expulsa o campesinato empobrecido do campo para as metrópoles do país, que incham rapidamente dando luz a nossa urbanização eivada de vícios, como as grandes favelas e a falta de acesso ao saneamento básico (mal até hoje onipresente na realidade brasileira). Com esses comentários, Caio Prado Jr. encerra o texto original do livro mas dá continuidade à análise com seu post-scriptum de 1976, quando as crises de petróleo fazem afundar a economia brasileira do “milagre econômico” promovido pelas políticas da Ditadura Militar. O autor reforça sua perspectiva de que as crises cambiais cíclicas do Brasil não tem solução que não passem por uma revisão profunda de nossa produção industrial, da influência negativa do capital externo e da questão da terra no país, que concentra em poucas mãos os ganhos de tão importante atividade econômica.
A leitura do livro História Econômica do Brasil é inescapável a qualquer um que se lance ao desafio de entender o trágico caminhar de nossa economia. Apesar da distância temporal que existe entre os comentários do livro e a nossa atualidade, o diagnóstico das mazelas brasileiras segue vivo e até hoje, o Brasil amarga, essencialmente, os mesmos problemas. Crises cambiais cíclicas, uma economia refém do quadro internacional vigente, produção agroexportadora de baixíssima complexidade e a dependência de produtos industriais de alto custo e uma grande influência do capital estrangeiro no caminhar da nossa política. Com a leitura da obra qualquer um consegue delinear com precisão as origens de nossas deficiências sociais e de como a solução dessas questões passam, necessariamente, pelo enfrentamento das oligarquias nacionais - que lucram com nossa situação - e dos interesses imperialistas que atuam no país.


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