Tuca 10/09/2021Quando seu mundo é despedaçado, seus sonhos são dissipados, e até mesmo parte de você não existe mais, como se volta a viver? Depois de perder a perna e o melhor amigo quando estavam em serviço militar no Afeganistão, Holden Steel criou uma nova amizade com a dor. Parceira fiel, ele não sabia mais o que era um dia em que ela estivesse ausente. Não era apenas o trauma que o impedia de viver, a dor também havia o transformado. Mal-humorado e isolado, Holden não sabia mais o que era sorrir. Até que pouco a pouco, Miranda –Mae – Jacobs, sua vizinha, foi escavando até perfurar o coração de aço de Holden. Sua completa oposição, Miranda tornou-se seu remédio, sua alegria e fez nascer nele novos sonhos e um recém desejo de se reerguer além de uma mera sobrevivência, de ser alguém melhor... para ela.
Miranda era apaixonada pelos romances que revisava, pelos doces que alegravam seus dias, em especial os donuts, por bebês e por stalkear seu vizinho rabugento e bonitão. Ela sempre teve o sonho de encontrar o cara perfeito com quem constituir família. Entre a sua lista de tudo o que deveria existir no homem com quem iria se casar, e suas outras trocentas listas, seus dias eram sempre coloridos e ela começou a pôr cor também no mundo preto e branco de Holden.
Eu amo os romances em que o mocinho ogro se torna um completo manicaca, e essa é a melhor definição da transformação de Holden. É uma história com uma grande carga dramática, assim como os outros livros da série e traz temas sensíveis e possíveis gatilhos. Mesmo assim achei que foi o mais “leve” dos romances entre os três se posso me atrever a tanto (li fora de ordem, então esse, apesar de segundo da série, está sendo o último para mim), e ainda, ele me deixou em um turbilhão de emoções difíceis de digerir.
A série corações tem sido um louvor ao amor enquanto fonte de cura e força motriz, e com Holden e Miranda não foi diferente. Holden parece não ter apenas um coração de aço, mas ser todo feito dele, pela sua resistência em persistir na vida e por sua maleabilidade em reaprender como. Miranda é uma mocinha impactante, e só alguém com tamanho impacto poderia fazer par tão bem com um homem em reconstrução como Holden. Fora dos padrões estéticos atualmente impostos, Miranda vive de forma leve e amorosa, sem medo de ser feliz, de aproveitar o que gosta, de comer o que a satisfaz e de tornar seus dias mais doces, e assim ela conduz uma nova visão de mundo, um sentimento de paz, para um soldado que só conhecia a guerra. O aço é também um ótimo condutor térmico e entre eles dois a eletricidade gera faíscas que nenhum deles jamais vira igual.
Amie Knight colocou nesse livro, não apenas um, mas dois corações de aço, dois personagens que em fases diferentes precisam se reinventar e tirar força de onde não sabiam que existia. Um homem e uma mulher que se tornam primeiro amigos, depois parceiros, e então, amantes em um romance slow-burn que machuca um pouco a alma do leitor, mas que também celebra o valor da vida, das razões incompreendidas das adversidades, e até mesmo da tristeza que nos lembra de que depois da tempestade, sempre vem a bonança.
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