Resenhas - Hitler e o nazismo

Luís Gustavo 31/01/2024

Coleção excelente da Paz e Terra
Livro curto, mas carregadissimo de informações e dados, organizados de forma clara e com argumentos tão claros quanto. É ótimo de ler. O autor pontua bem o argumento que vai trazer e como vai abordá-lo, bem como traz argumentos que busca rebater.

A Segunda Guerra em si não é explorada. Ou seja, pouco se falará das batalhas, generais, ou envolvimento dos países. Ela será usada apenas como suporte argumentativo para alguns pontos do último capítulo do livro.

Dentre vários pontos trazidos pelo autor, destaco alguns:
(1) A classe trabalhadora não apoiou maciçamente Hitler. Boa parte dos trabalhadores das indústrias pesadas, notadamente as do Vale do Ruhr e de Berlim, era de eleitores do Partido Social-Democrata e do Partido Comunista alemães

(2) Sobre a popularidade de Hitler em 1933: quando ele foi nomeado chanceler, tinha recebido apenas 37.4% dos votos nas eleições de Jul/1932. E, até o final daquele ano, tinha perdido votos. Sua nomeação para chanceler se deu em termos que o autor desenvolve no capítulo 2 do livro, mas, em resumo, tratou-se de um acordo entre as elites politicas e econômicas tradicionais para ter alguém, que pensavam que seria interino, cobrindo o cargo em tempos turbulentos. Em outra palavras, um acordo civil-militar de certa forma.

(3) As condições que levaram Hitler e o Nazismo ao poder não podem ser resumidas em: populismo, nacionalismo, racismo e ?carisma?

(4) O Estado completamente terrorista em relação ao controle da vida privada dos cidadãos e a extinção de espaços públicos desassociados do nazismo dificultam a mensuração da real aceitação do nazismo na Alemanha. É evidente que existia apoio, mas até que nível estava presente esse apoio e o quanto de desacordo existia é difícil mensurar. Como ponto interessante, o autor afirma que os espaços institucionais em que ainda havia algum tipo de respaldo para questionamento (Igreja e Exército) foram os dois pontos dos quais saiu certa resistência mais explícita;

(5) Um ponto importantíssimo que deriva não só desse livro, mas de vários outros estudos: o antissemitismo na Alemanha Nazista não foi algo localizado somente naquele momento histórico. O antissemitismo tinha força em vários outros países e regiões na Europa em diversos momentos. O que foi inédito foi a escala que tomou e como isso se expandiu para inúmeros outros grupos sociais. A Europa já era extremamente racista, já era antissemita. Acontecer o que aconteceu foi questão de tempo

(6) Sempre bom frisar: o que Hitler fez na Europa a Europa já tinha feito no mundo

Enfim, são pouco mais de 100 páginas muito claras, com muitos números e informação, que explicitam o quão longo é um processo de construção de ódio e como ele se instala aos poucos.

Lucas 21/08/2023

O Historiador Geary trás um retrato bem detalhado e expositor sobre como o partido nazista conseguiu chegar ao poder mesmo com sua ideologia completamente doentia, mas ainda sim humana. Por meio da violência, da higiene social, do pangermanismo e da propaganda conceitos também trabalhados pelo autor. O que mais me chamou atenção foi pensar que a classe trabalhadora alemã ao todo não foi cúmplice do partido, pois além de terem sido coagidos por necessidades materiais foram proibidos de se organizarem como classe política o que possibilitou o crescimento desenfreado do nazifascismo