A paixão segundo G. H.

A paixão segundo G. H. Clarice Lispector




Resenhas - A Paixão Segundo G.H.


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Vini 28/03/2024

O QUE É A BARATA
"Sei que se eu abandonar o que foi uma vida toda organizada pela esperança, sei que abandonar tudo isso - em prol dessa coisa mais ampla que é estar vivo - abandonar tudo isso dói como separar-se de um filho ainda não nascido. A esperança é um filho ainda não nascido, só prometido, e isso machuca."

Eu achei a leitura densa e complexa, teve partes que eu senti que foram abstratas pra mim mas não me incômodo muito com isso pois acho a Clarice uma escritora fascinante demais. Esse aqui deva ser o 5° ou 6° livro dela que eu já li e continuo tendo curiosidade de conhecer mais. Ler Clarice é difícil mas faz parte. Espero um dia poder reler esse livro e entender o que faltou de entender afinal ela desejava que fosse lido por pessoas de alma já formada. Animado pra ver a adaptação pro cinema que vai estrear em breve
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LetíciaPeruzzi 28/03/2024

Ainda perplexa e reflexiva com Clarice
Uma obra desafiadora e até complexa para alguns, que trata sobre autoconhecimento e despersonalização, sobre a condição humana, o viver e o divino.
É uma narração de observação que te traz a chance de questionar diversas questões pertinentes sobre si e o outro.
Clarice é uma experiência única e inexplicável, que cabe a cada um individualmente, sentir. Conheço pessoas que não gostaram desse livro e quando questiono o motivo dizem não ter entendido, achado estranho, sem sentido. Como a própria Clarice já disse, "Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido"
"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência, e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca".
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Edoaruda 26/03/2024

Crescimento
Quando, no início da história, GH pega na mão do leitor dizendo que precisa disso pra seguir, achei meio estranho e no final quando ela diz que vai soltar, eu não queria que ela me deixasse.
Uma daquelas histórias que não é para serem lidas e entendidas, mas sentidas.
Fiquei com essa palavra/ sentimento o tempo todo. Sentir, Sensorial.
Desde o início, eu me senti muito pertencente a essa história. Muitos dos questionamentos que GH teve eram questionamentos meus e poder caminhar de mãos dadas com ela por nada essa história me fez pertencente. E que caminhada, chorei mais que deveria, levei situações, parágrafos inteiros pra discutir com a minha psicóloga.

Amei caminhar de mãos dadas com você. E muito obrigada!


Clarice Lispector é um ser atemporal.
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MaGiaC 25/03/2024

O mundo independia de mim ? esta era
a confiança a que eu tinha chegado: o mundo independia de mim, e não, estou entendendo o que estou dizendo, nunca! nunca mais
compreenderei o que eu disser.
Pois como poderia eu dizer sem que a palavra mentisse por mim? como poderei dizer
senão timidamente assim: a vida se me é.
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Maju 25/03/2024

"Toda vida é uma missão secreta."
De todos os livros de Clarice que li, esse é o mais fascinante!
Veja só. Como alguém pensaria que uma barata, um "ser vivo imundo" seria a causadora maior de reflexões tão poderosas?!
Foi por causa da maldita barata que GH questionou sua existência, seus sentimentos, tudo em volta. Foi por causa dela que ela entendeu que tudo que ela precisa tava ali !!!!!! Imagine você descobrir que a coisa considerada a mais banal em um relacionamento é feita de mais puro e intenso amor !!!!!!!!!!
FANTÁSTICO.
Que mente a da Clarice !

PRECISO URGENTEMENTE ENCONTRAR UM BARATA !
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mthsthn 24/03/2024

Clarice e as baratas
Uma coisa que comecei a me acostumar com Clarice é como devemos nos entregar ao texto dela sem nos agarrarmos à lógica e a certezas já formadas; é preciso mergulhar de cabeça no profundo oceano que é Clarice. O entender, ao que se parece, não está no campo da inteligível e da intelectualidade, mas do sentir. É na falta de sentido que o sentido se aparece; é na falta de entendimento que o entendimento se apresenta. Talvez essa seja a maior dificuldade que alguns leitores tenham ao se deparar com Clarice.

Já li algumas resenhas dizendo que A paixão segundo G. H. é um dos mais difíceis livros de Clarice. Talvez seja pela sua linguagem acertiva da condição humana. Mas certamente é visível como as baratas e pequenos insetos pré-históricos têm influência na construção de nossa humanidade: e o que seria a barata senão nossos mais profundos instintos, senão o it, a coisa, que em inumana condição nos torna humanos. Enfim, a única certeza no momento é que esse, assim como vários outros livros de Clarice, é necessário entrar em sintonia pela emoção, pela incerteza e desconfiança porque Clarice simplesmente vira o dicionário de cabeça para baixo e nos faz questionar nossas certezas mais profundas. Por muito senti nojo, incertezas, confusão e profunda falta... Falta de algo que faça sentido e nessa falta de sentido que a completude é sentida. E nojo daquilo que a barata de G. H. representa, que é nosso profundo mim.

Para além disso, a edição da Rocco está maravilhosa, sua diagramação e as capas com os quadros de Clarice. Bastante ancioso para ver a adaptação com a maravilhosa Maria Fernanda Cândido.
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Marih 24/03/2024

A paixão Segundo G.H: um mergulho na própria essência
Clarice sempre foi conhecida pela densidade de seus debates e a poética de seu discurso, neste livro não poderia ser diferente. Nele a autora lança mão, não só de recursos expressivos que conferem mais profundidade na mensagem, mas também, de modo "velado", remete a teorias psicanalíticas, às perspectivas de outros literatos e, ainda, insere passagens bíblicas como suporte de suas reflexões.
G.H entra em conflito consigo pelo fato de estar no mundo como espelho do que os outros propõem e ela acolhe e, nesse sentido, é como se a existência escapasse de suas mãos, pois entende-se a partir do que percebem nela, a partir do seu ofício e não considera o que realmente é. Ela não sabe quem é. Perde-se na construção do que imagina ser, permeada pela visão do outro, por isso.
Contudo, quando emerge a paíxão (que na minha visão pode remeterà questão do sentimento amoroso, ao laço, mas principalmente à Paixão de Cristo, a nossa própria danação, escancarada a realidade como é - o sofrimento - os dias finais da personagem), pois é o momento em que, angustiada, despoja da ideia de ser e desaparece. Na visão do eu-lírico para ser é preciso aglutinar-se, despersonalizar-se, algo que rememora muito a visão oriental de ascensão espiritual, isso porque só seria possível sair da samsara (roda kármica do sofrimento) se compreendessémos que somos parte de um todo e deixássemos os desconfortos serem assistidos por nós e não vivenciados de maneira profunda, assim nos tornaríamos unívocos, seríamos o mundo.
"Como eu poderia dizer sem que a palavra mentisse para mim?" , G.H ressalta, ainda, que a linguagem não consegue traduzir quem somos, porque nós mesmos a ficcionalizamos, para suportar a existência; buscamos o sentido no conteúdo imagético-social e não na perspectiva de universialização do eu, devido a isso incorremos em sofrimento, pelo fato de não perceber a força do agora e que somos uma parte de um todo.G.H não compreendia que era parte de um todo e, justamente por isso, acreditava que era o que diziam os outros.
No momento em que a "patroa" entra em contato com o lugar do "subalterno" - que fala , indiretamente - aquele lugar visto como sujo e inferior, dentro de uma casa ordenadamente pensada, a faz entender o que é o nada . Reflete não só sobre a condição de sua funcionária que a havia deixado, mas também sobre sua própria condição, enquanto indivíduo. Ali a danação acontece. Ela reconhece sua ignorância . O seu medo de ir para a vida e sustentar o eterno vir-a-ser a paralizou diante da própria existência e ela só consegue se aproximar mais da ideia do que é viver quando se dispõe a romper o invólucro de si, de todas que vieram antes dela, pois ela representaria o todo. "Toda mulher é a mulher de todas as mulheres". O livro é um mergulho não só nos conflitos existenciais da personagem, mas nos nossos próprios. Indico fortemente este mergulho na essência.
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brunohitchhiker 24/03/2024

Clarice é como uma linguagem inventada para traduzir o que sinto ? quando muitas vezes nem eu mesmo sei o que digo? ela é minha melhor intérprete, que sabe decodificar até os meus mais complexos silêncios.

Nela, eu me encontro. Sinto como se eu estivesse em casa? e esse livro é o meu cômodo predileto. Em minha individualidade, tive uma das melhores experiências literárias até este momento de minha existência.

Onde quer que você esteja, Clarice, receba minha gratidão por me embriagar com sua empatia, com o seu entendimento e por me fazer pertencer, principalmente quando o mundo me olha torto ao tentar explicar o que é existir, para mim.

?A vida se me é, e eu não entendo o que digo. E então adoro.?
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CarolCaliopio 22/03/2024

?A vida se me é, e eu não entendo o que digo. E então adoro?
Sem dúvidas é o livro mais complexo da Clarice pra mim, uma vez que diante da enxurrada de reflexões e emoções de G.H., foi difícil me manter conectada a leitura em todos os momentos. Mas aí está a beleza do livro. Se eu me perdia nos devaneios da personagem, virava a página e me deparava com um trecho que falava alto comigo. E houve gritos, houve risos, houve nojo? impossível não ser um pouco transformada (ou transtornada) por esse livro.
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Caroline.Morgue 19/03/2024

Sem alma formada.
Vi que o livro vai ter uma adaptação para o cinema com a maravilhosa Maria Fernanda Cândido e por isso resolvi ler. Achei super audacioso e tô beeeem curiosa pra vê o que vai sair disso aí, levando em conta que achei o livro um tanto quanto abstrato.
Clarice diz que o livro é pra todos, mas que desejava que fosse lido por pessoas de alma formada. Fiquei pensando se tenho a alma já formada. Infelizmente acredito que não fiz uma boa escolha pra introduzir a Clarice nas minhas leituras. Mais profundo do que eu consegui acompanhar. Mas não deixa de ser uma grande obra. Vou reler depois.
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Neylane Naually 19/03/2024

"Minha luta primária pela vida"
Não é fácil se deparar com a matéria inumana de uma barata e a partir disso fazer o impossível (comer a barata, o "antipecado") enquanto passa por um processo de epifania, ainda mais difícil é escrever isso e mais difícil ainda é ler sem criar uma barreira entre o que está escrito e o leitor, talvez seja por isso que Clarice pede que A paixão segundo G. H. seja lido apenas por pessoas com "alma já formada".

G. H. tem uma boa vida e mora em uma cobertura no Rio de Janeiro. Um dia qualquer ela decide ir limpar o quarto da recém demitida empregada, mas se depara com um quarto já limpo e com desenhos estranhos na parede, feitos de carvão. Enquanto olha o quarto, ela se encontra com uma barata e o choque instantâneo desse momento faz com que ela esmague a barata com a porta do guarda roupa. Aí nós começamos a descer para o "inferno de vida crua".

Enquanto vê a barata morrendo, G. H. descobre um império. "Como chamar de outro modo aquilo horrível e cru, matéria-prima e plasma seco, que ali estava, enquanto eu recuava para dentro de mim em náusea seca, eu caindo séculos e séculos dentro de uma lama - era lama, e nem sequer lama já seca mas lama ainda úmida e ainda viva, era uma lama onde se remexiam com lentidão insuportável as raízes de minha identidade."

Ler uma página de Clarice equivale a 10 páginas de um livro comum, não pela dificuldade, mas pelo peso de quem conhece intimamente as palavras. E nesse livro ela usa esse conhecimento com maestria, mais uma vez. São menos de 200 páginas que contam a história de toda a existência, partindo do estopim de encontrar/matar/comer uma barata, de se deparar com a existência significativa da empregada demitida e com o "golpe da graça, que se chama paixão."

Enquanto lia até me questionei se eu estava devorando o livro ou se o livro estava me devorando. Os devaneios de G. H. nos levam por um labirinto de perguntas onde temos a respostas mas não sabemos exatamente de qual pergunta é essa resposta, só resta a esperança. Gostei muito da leitura.
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Lis 18/03/2024

Tsunami Clariceano
Por várias vezes me peguei refletindo acerca de mim, do mundo e de mim no mundo.
A dor no estômago também se fez presente? a riqueza de detalhes que Clarice traz é profunda.
Não é o meu livro preferido da autora, mas valeu demais a leitura.
A cada livro de Lispector, um novo tsunami de emoções toma conta de mim.
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Maria 17/03/2024

Primeira coisa que leio da Clarice. Ela atende a fama de "complicada". Não achei a linguagem complicada, mas isso porque sou uma pessoa com certo letramento e nível de escolaridade, mas definitivamente tem uma construção narrativa e uso de palavras que podem sim ser um pouco complexos se lidos de maneira desleixada. Vi que vai ter uma adaptação desse livro, estou curiosa para saber como vai ficar. Porque o livro pareceu BEM abstrato para mim, acompanhamos ali um tempo psicológico na cabeça da G.H. que é uma grande viagem, ela traz tantas reflexões e questões que eu tive que ler por partes para não ficar perdida ou sem entender. Aí ficamos entre os pensamentos dele e o momento ali da barata, que chega até a ser engraçado. Acho que esse livro exige um tempo pra ser digerido, porque ele é como algo que você precisa sentir para entender e não sei consegui sentir muita coisa... Talvez seja por isso que não gostei tanto assim.
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Bianca1771 17/03/2024

Este livro certamente contém um enredo contínuo, porém, ele é mais que isso, ele é um sentimento, você sente as palavras de Clarice, se você me perguntar a História deste livro, vou saber lhe explicar, porém, não conseguirei lhe transmitir o sentimento que clarice me transmitiu.
Este livro é muito mais do que uma mulher trancada em um quarto com uma batata morta, é entrar dentro da cabeça da personagem e admirar a sua complexidade.
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Tico Menezes 17/03/2024

"O divino para mim é o real"
Ah, Clarice... Você tem se tornado uma figura mais importante na minha vida com o passar dos anos. Antigamente era só um nome na aula de português, uma pontada de curiosidade num trecho lido na internet, uma mulher idolatrada que, em minha imaturidade literária, eu sonhava em entender o porquê. Hoje, é um dos nomes que mais me interessam nesse universo. Sua existência complexa e as marcas indeléveis deixadas em seus contemporâneos me fazem querer te ler, te estudar, aprender com sua eternidade. No meu eterno ler, o farei calmamente.

O que nos traz a essa pedrada que é A Paixão Segundo G.H. Uma reflexão dolorosamente honesta sobre existir numa sociedade repleta de opressões e expectativas. Os capítulos, embora curtos, são profundos, convidam a pensar sobre diversos temas, constroem G.H. como alguém que não aguenta mais ser humano e quer mais sendo menos. Mas o que é esse mais? E o que é esse menos? E quem vai decidir o que é o quê?

Numa entrevista para a TV Cultura em 1977, Clarice diz que um professor de português a abordou dizendo que leu quatro vezes esse livro e não sabia dizer sobre o que se tratava, no dia seguinte, uma jovem de 17 anos a abordou e disse que esse era o seu livro de cabeceira. Para mim, isso é A Paixão Segundo G.H. A subjetividade, a crise da incompreensão, a dor da compreensão, o amor pela literatura, a rejeição do proselitismo, o fascínio pelo que fazemos birra para entender e talvez nunca entendamos, a incerteza de compartilhar trechos e pensamentos com os quais nos identificamos sem saber se alguém mais vai entender como entendemos.

Seria ótimo poder dizer que é um livro sobre uma mulher que passa a refletir sobre sua vida após ver uma barata. Me faria dividir esse livro com muito mais gente. Mas é tão, tão mais, que simples recomendações não fazem jus. É preciso ter vivido essa leitura. É preciso deixar que ela te encontre. É preciso deixar que ela te viva.
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