A paixão segundo G.H.

A paixão segundo G.H. Clarice Lispector




Resenhas - A Paixão Segundo G.H.


970 encontrados | exibindo 31 a 46
3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 |


Karina Paidosz 26/01/2021

Meu primeiro livre dela e vou confessar que não gostei.

Não sei se todos os seus livros são assim, e espero que não, mas achei o desenrolar muito viajado e sem sentido.
Parecia interminável.

Tenho outros da Clarice na minha lista.
Espero gostar mais.

Escolhi uma frase do livro que gostei:

"Ah, meu amor, não tenhas medo da carência: ela é o nosso destino maior. O amor é tão mais fatal do que eu havia pensado, o amor é tão inerente quanto a própria carência, e nós somos garantidos por uma necessidade que se renovará continuamente. O amor já está, está sempre. Falta apenas o golpe da graça - que se chama paixão."
Dani.Giardin 05/03/2021minha estante
Também não gostei ?


Karina Paidosz 05/03/2021minha estante
Kkkk triste, né?! Só continuei a leitura pois era leitura do grupo.




Cristiane.Cardoso 27/03/2022

Ler Clarice Lispector é um desafio pessoal.
Toda vez que a leio, sou tomada por uma energia que me faz mergulhar mais fundo em minha vida, me conhecer melhor. Mas acredite, ler Clarice não é uma tarefa fácil.
Acredito não ser capaz de ler na estrelinhas da escrita de Clarice, de fazer uma análise pormenorizada da sua obra, da sua maneira de desvendar os mistérios do mundo, pois nem sempre compreendo ao menos o que ela fala.

Ao terminar a leitura de A paixão segundo G.H., parece que minha cabeça ia explodir. Foi uma leitura bem difícil, de grande profundidade filosófica, onde ela fala sobre o seu lugar no universo, sobre o pensar e o sentir, sobre as inquietações e reflexões acerca da vida de G.H., a protagonista da história que se sente perdida e sem propósito no mundo.
Um quarto de empregada, um desenho feito com carvão na parede e uma barata levam G.H. a mergulhar numa profunda reflexão sobre suas individualidades.
O dilema de G.H. inicia quando ela decide fazer uma limpeza no quarto de empregada e aparece uma barata, que em meio ao pavor, não vendo outra forma de fugir, ela enfrenta os seus próprios medos e fecha a porta do armário separando a barata no meio. Ao sentir a dor de matá-la, G.H. mergulha também nas dores guardadas em seu âmago. Sentimentos estagnados, nunca expressados ou mal resolvidos que agora se revelam para si mesma, num intenso fluxo de consciência vivido pela personagem.
Sinceramente, parece que minha mente está muito mais embaralhada que a de G.H., ou a de Clarice.
Se gostei ou não? Só acho que não li num momento certo. Terminei a leitura com essa certeza e com a sensação de que ainda devo voltar a ler.
Amo Clarice, mas confesso que G.H. não me cativou. Queria muito ter gostado do livro, mas quem sabe futuramente, em uma releitura, quando eu estiver "mais organizada" do que estava agora, eu possa mudar minha opinião.

Já leu essa obra?
Comente como foi sua experiência de leitura
Cleber 28/03/2022minha estante
A primeira vez que esse livro eu não entendi é nada, mas recentemente li em uma leitura coletiva e me ajudou bastante. Agora é um dos meus livros preferidos da Clarice.


Cristiane.Cardoso 28/03/2022minha estante
Quero reler futuramente. Espero que dá próxima consiga entender melhor, assim como você. A leitura em grupo é muito boa, um ajuda o outro na compreensão.




-molly 31/12/2023

A paixão segundo gh
Esse livro é de fato pra ser sentido. não da pra tentar entender logicamente, nem a propria clarice entenderia. os trechos são completos devaneios, q na minha opinião, cada um pode compreender da maneira que sentir melhor, encaixar na sua vida como pode. e é isso que gostei tanto, a liberdade que a clarice me da de apenas sentir, do meu jeito, a minha maneira, me sinto acolhida lendo ele.

apesar disso, achei dificil pq requer bastante concentração, e tenho dificuldade com esse tipo de texto, quando puder comprarei um físico pra sempre reler!! livro como esse não se le so uma vez
asperti 31/12/2023minha estante
uau, deu certo ler até dia 31!!!


-molly 01/01/2024minha estante
siim




zoni 10/07/2018

Provocativo e extremamente reflexivo.
Esse livro foi um mergulho em mim mesmo, pois foi impossível não ir me questionando junto aos questionamentos da protagonista. Foi impossível não participar dessa viagem reflexiva que a personagem fez, e foi um pouco assustador, me fez sentir muito mais do que achei que sentiria.

Enquanto G.H. busca busca descobrir sua identidade no mundo, as razões de viver, sentir e amar, ela nos leva juntos num caminho parecido e tortuoso de entender tudo que se passa dentro de nós mesmos e que vai nos levar a transcender. Livros em fluxo de pensamento nem sempre são fáceis de ler, e esse então, foi totalmente difícil pra mim, então resolvi fazer como meu irmão tinha me dito: li o livro sem tentar entender cada frase, li tentando sentir cada palavra e frase que estavam ali, e diferente dos meus últimos livros esse não me causou prazer ou deleite, foi mais uma angústia e uma inquietação horrível, e isso não foi ruim, na verdade foi a parte mais interessante da leitura, terminar o livro com um pensamento totalmente diferente do que comecei.

A cada página avançada, ia percebendo que em partes, essa obra se aproxima muito com o que eu sou, eu estou nela e ela está em mim, tem uma frase logo no começo do livro que define pelo menos metade dos leitores que começam a obra, “Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo, quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação.” E assim como G.H vai se libertando ao decorrer do livro, me senti liberto ao terminar aquela história que vinha me sufocando e cutucando fundo, me moldando aos poucos.

É uma leitura que com certeza indico para todos, mas entre no livro disposto a ter sensibilidade o suficiente pra perceber o que ela, Clarice, quer falar nos silêncios de uma narração pesada, conturbada e quase incompreensível. Já tenho certeza que daqui algum tempo quero reler esse livro e todos os quotes que fiz.

site: www.instagram.com/nomeiodatravessia
manuella.rosasilva 20/03/2022minha estante
Essa frase que vc citou foi uma das mais marcantes pra mim tbm ? marquei muito desse livro ?


zoni 25/03/2022minha estante
Sim, Manuella, eu marquei um monte de passagem também. É incrível!




JAeh.Pereira 19/01/2023

Intimista
Qual é a natureza humana?

Achei uma leitura intimista, existencialista e subversiva. Além disso, nota-se uma descrição científica de alguns eventos e seres...

Não é um livro fácil, contudo, com toda certeza, é um livro excelente. Não é para todos... É para os inquietos.

A narrativa coloca a natureza humana em questão...
@voulerdenovo 19/01/2023minha estante
Eita! Vou tentar ler esse ano! ??


JAeh.Pereira 20/01/2023minha estante
Você não vai se arrepender... Livraço ??????




Vinicius 24/04/2022

Quando a máscara cai
Um dos livros mais conhecidos de Clarice e com o qual só agora pude ter contato. Foi uma leitura desafiante e entendo a infinidade de opiniões diversas sobre ela. O tom se mantém ao longo da narrativa, então caso sinta nas primeiras páginas que não é o momento dessa leitura, deixe-a de lado, pois o fluxo de pensamentos permanece e se densifica.

Acredito que as interpretações dessa leitura serão muito pessoais. Lendo o posfácio da edição me parecia um comentário sobre outro livro, diferente das minhas percepções. Mas acho que essa é uma das belezas de um livro assim enigmático.

Caso não queira saber dos temas tratados, sugiro que pare a leitura aqui. Não é spoiler, mas é difícil não comentar sobre o livro sem levantar alguns desses pontos.

Me surpreendi bastante com o fato de Clarice trazer muitos conceitos da cosmologia hindu/budista/tântrica. G. H., a narradora, levanta questões sobre mindfulness, vacuidade, desejo e ego. A partir de um insight começa a questionar o modo como viveu até então e a enxergar de outros ângulos a experiência humana, o amor e a divindade.

G. H. se abre para o mundo de sutilezas da neutralidade/equanimidade e se permite expandir para além das barreiras da pele. Ao perceber isso ela não se aproxima da experiência da morte, e sim da experiência da vida. Deixando de se buscar o Sagrado, percebe que sempre O foi.

Um livro para reler inúmeras vezes e ter novos insights a cada leitura.
Cleo 25/04/2022minha estante
Tive minha primeira experiência com as obras dela através desse livro, não consegui entender, ficou tudo muito confuso pra mim, já de início sabia que não ia ser fácil, mas tbm não imaginava que fosse tão difícil kk mas comprei essa edição e creio que dá próxima vez que for ler ele novamente, já vou conseguir começar a entender.


Vinicius 29/04/2022minha estante
Oi Cleo! Eu li pouco de Clarice, mas este foi de longe o mais desafiador. E é impossível absorver tudo. Em alguns momentos simplesmente não entendemos rsrs. Mas, sem problemas, existem os textos de apoio e as releituras. Acho que vale lermos os vários trabalhos de monografia e afins, disponíveis por aí na rede. Ao menos nos dá uma possível interpretação. Acredito que são inúmeras! ?




Bia 20/04/2016

A Paixão Segundo G.H. de Clarice Lispector
"Sei que se eu abandonar o que foi uma vida toda organizada pela esperança, sei que abandonar tudo isso em prol dessa coisa ampla que é estar vivo abandonar tudo isso dói como separar-se de um filho ainda não nascido. A esperança é um filho não nascido, só prometido, e isso machuca."

A Paixão Segundo G.H traz preciosidade em cada frase, a escrita extremamente sensível e poética de Clarice é capaz de nos emergir a tal ponto que a experiência descrita no livro é facilmente sentida pelo leitor.

A visão de um ser vivo ancestral, e repugnante para a maioria, desencadeia na personagem principal uma torrente de questionamentos. A vida, o mundo, o tempo, a essência, o princípio, as esperanças, as decepções e uma série de outros temas e sentimentos são abordados através do pensamento incessante de G.H.

Ao desvendar o labirinto que é sua mente, a personagem mostra que as convicções assumidas por nós durante uma vida inteira podem ser na verdade prisões que construímos para nos defender e, apesar de ser um processo doloroso e perigoso para a sanidade, livrar-se delas é possível.
Lucas 20/04/2016minha estante
parece um livro instigante.


Lucas 20/04/2016minha estante
Bom texto Bea, conclusão incrível! :)




@lendoaos30 18/08/2020

Antes de começar a falar dessa obra-prima que é “A Paixão Segundo G.H.”, preciso contar minha história com esse livro. Estando na minha lista para leitura já há uns bons anos, sempre ouvi dizer que era um livro complexo, que muitos não compreendiam e que era necessário ir muito fundo na escrita de Clarice para conseguir realmente absorver algo dessa leitura. Intimidador, não? Pois bem. Devido a esse medo de não ser digna de toda a sabedoria de Clarice nesse livro, fui deixando para depois e para depois... Até que resolvi: era chegada a hora. Comecei a leitura e digo com toda sinceridade: não entendia nada. Achei chato, cansativo, nada me dizia, e parecia não ter fim. Parei e respirei fundo: não funcionaria assim. Deixei o livro guardado e resolvi que só o pegaria de novo quando sentisse que essa primeira impressão ruim tinha passado. Chegou, enfim, o grande dia, em que eu – mais por não gostar de deixar coisas inacabadas do que por realmente querer continuar a leitura – resolvi terminar o livro. Separei um dia só pra ele, e pensei “vou continuar de onde parei, faltam menos de 100 páginas”. No dia seguinte, ao pegar o livro nas mãos, a surpresa: me veio uma vontade muito grande de começar tudo de novo porque não, o que eu lera até ali não me dissera nada, não podia continuar assim. E, de repente, assim como G.H. ao se deparar com a uma simples barata começa a perceber algo que nunca havia imaginado, eu, ao me deparar com as primeiras palavras de Clarice nessa obra, senti que agora seria diferente. Devorei 60 páginas de uma vez, em desespero, quase sem fôlego, fruindo daquelas palavras significados tão profundos que, assim como a personagem principal, não consigo descrever. Continuei a leitura no mesmo ritmo (só mais para o final senti que me perdia de novo, mas de alguma forma parecia que Clarice sabia que isso poderia acontecer e me puxava de volta) e ao terminar, eu mal conseguia encontrar palavras para expressar o que estava sentindo. Esse livro é uma revelação. De quê? Não sei. Nem mesmo G.H. sabe, talvez Clarice não soubesse de verdade. Mas algo acontece. Algo muda. Algo cresceu dentro de mim, algo ativou uma parte de mim que eu talvez desconhecesse. E Clarice tem esse poder. Ela, que nesse livro critica tanto nossa mania de querer nomear tudo e usar a linguagem para codificar e delimitar o mundo, consegue fazer com que as palavras nos toquem de uma forma que quase sentimos fisicamente. Não há nada de mais no enredo desse romance: uma mulher, cuja empregada se demitira, resolve arrumar o quarto onde a mulher dormia, esperando que estivesse completamente desorganizado e precisando de seu poder de arrumação. G.H., como a maioria de nós, quer ter controle, quer organizar tudo, quer saber que tem esse poder sobre as coisas. Ao chegar no aposento, percebe-o já organizado, sem precisar de sua intervenção. É um choque. A barata tão famosa nessa história aparece logo depois, e leva G.H. a um fluxo de consciência em parece abordar o mundo inteiro, questionar tudo, entender tudo. Mais que isso não devo falar, pois é preciso estar ali, naquele quarto, junto com G.H., encarando a barata, para realmente poder sentir o poder dessa narrativa. Só posso confirmar que vale a pena, e que se sentir que é preciso, pare, volte, insista, respire. Porque com Clarice é assim: ou toca ou não toca. E quando toca... uau.

site: https://www.instagram.com/lendoaos30/
Luciana.Balardin 19/08/2020minha estante
Já desisti uma vez e já estava querendo desistir novamente então li sua resenha e vou continuar.


@lendoaos30 20/08/2020minha estante
Que bom, Luciana! Fico feliz. Espero que a leitura seja proveitosa ao final!




Danilo 25/12/2020

Parafraseando Dante: abandonai toda esperança, ó, vós que iniciais esta leitura.
Uma sinopse básica desse livro provavelmente não atrairia ninguém, "uma mulher de classe média alta fica sem empregada, decide fazer uma faxina ela mesma, vê uma barata e tem um ataque de nervos". Aliás, essa sinopse provavelmente se aplica a muitas pessoas em 2020, pois muita gente ficou sem a empregada (o que rendeu bons vídeos, como a moça descobrindo a tampa no leite e a outra aprendendo que a capa da pamonha é a casca do milho).
MAS estamos falando de Clarice, e quando ela escreve algo em fluxo de pensamento sobre uma mulher encontrando uma barata, prepare-se para ter diversas crises existenciais, emoções afloradas, tensão, desespero, desesperança, aflição, nojo, angústia, enfim, leia com atenção o aviso que ela faz no início do livro, se você entendeu profundamente o que ela diz ali, vai saber se esse livro é ou não é para você.
Mas nem tudo são flores... apesar de admirar a capacidade anormal da Clarice de tirar leite de pedra, fazendo um livro inteiro sobre uma fração de um momento no dia de uma pessoa, vou confessar que em determinado momento o livro soa repetitivo e, consequentemente, fica cansativo, pois ela parece entrar numa fórmula, é frase atrás de frase sempre com as mesmas características, coisas mais ou menos assim "o ser é o que é, porque o não ser não o é, logo ela era o que nunca foi", claro que foi um exemplo tosco, e isso funciona muito bem dentro do livro se usado com parcimônia, pois chega uma hora que parece apenas pseudo-intelectualismo.
Enfim, apesar deste ponto que me incomodou até que bastante, é gritante o quanto a Clarice é uma alienígena, foi meu primeiro contato com uma obra dela e definitivamente não será o último.
Layla.Ribeiro 26/12/2020minha estante
Muito boa sua resenha


Danilo 26/12/2020minha estante
Muito obrigado Layla.




ekundera 11/03/2021

?Era a alta monotonia de uma eternidade que respira?
Ufa, consegui sobreviver a esse livro, que deixa a gente totalmente sem noção do que se trata. Clarice viaja na maionese e extravasa tudo que quer no texto, independentemente de fazer algum sentido pra quem está lendo. A escrita é hermética e pedante, uma vomitação de invencionices que vão do nada para lugar nenhum. Dificilmente é o tipo de leitura que se lê com prazer, tem que ter estômago e boas doses de paciência.
Soares 11/03/2021minha estante
Tô lendo ele por causa da leitura coletiva da Isa, mas confesso que estou com muita dificuldade.


ekundera 11/03/2021minha estante
Eu também peguei ele por causa da leitura coletiva. Gosto de terminar quando começo, mas é normal ter horas que algum livro desanima, hehe.




Gisa 11/09/2023

Paixão segundo G.H
A paixão segundo G.H é um livro complexo e genial. O livro começa com a personagem G.H entrando no quarto onde sua antiga empregada ficava, com o objetivo de arruma-lo. Ao entrar ela se depara com uma barata e a partir daí o livro continua com a G.H tendo várias reflexões e descobertas sobre si mesma. O livro é ótimo, porém eu terminei ele com um pouco de tristeza, pois sinto que deixei de compreender muitas coisas.
Lane 11/09/2023minha estante
Nunca li esse, mas, se tiver interesse, Isabela Lubrano do canal "Ler antes de morrer" tem lives e resenha sobre este livro. Ela costuma explicar termos e contextos em seus vídeos.


Gisa 11/09/2023minha estante
Obrigada pela recomendação, eu vou visitar o canal dela. ?




Eliza.Rezende 23/07/2022

Ler Clarice não é fácil, mas ganha-se muito ao lê-la.

Nos meus encontros e desencontros na literatura é apenas em Clarice que me sinto sendo tocada de uma forma que nunca senti antes. Não há como ler Clarice e não sentir um aperto no peito e, ao mesmo tempo, um afrouxar na alma.

Sua escrita é pura profundidade, questionamento e sentimento.

Neste livro, abrem-se comportas da consciência e na mesma intensidade elas são fechadas. A cada página há uma grande descoberta, mas também é como se já soubesse aquilo que se lê.

Quando leio Clarice é como se estivesse lendo pela primeira vez, por vezes me confundo inteira, mas também é como se lesse algo que já sabia, que já estava aqui, mas que ainda não se via.
Alê | @alexandrejjr 23/07/2022minha estante
Quase um testemunho! Clarice é realmente única, Eliza.


J. Silva 26/07/2022minha estante
????




OceaneMontanea 02/07/2015

Esta (como quase todas do Skoob) não é uma resenha
Eu tinha certo receio de Clarice Lipector por ter lido "Felicidade clandestina" por obrigação para o vestibular. Penso que naquela ocasião, eu não estava preparada para Clarice. Não só no aspecto da idade, pois eu já era até bem "velha", rsrs, mas também por não estar com a alma pronta, no momento correto, nem com a expectativa certa. Então resolvi pegar novamente Clarice, agora com "A paixão segundo G. H", que ouvi dizer ser uma das suas obras primas. Ainda bem que fiz isso. Diria que foi uma das melhores reconciliações da minha vida. "A paixão segundo G.H" para mim foi uma experiência sensorial, filosófica e literária. A história seria banal, se não fosse a escrita de Clarice, e não fosse o mergulho que ela nos faz dar na alma de G.H.
G. H. é uma mulher, aparentemente rica, eu a percebi até meio esnobe. Essa mulher está numa fase e num dia de especial reflexão sobre sua vida, seu mundo, sobre como ela se mostra para os outros, etc. Então, ela resolve fazer uma faxina na sua casa, começando pelo quarto da empregada que foi embora. Chegando lá, ela se depara com um local totalmente diferente do que ela imaginava. Ela pensava que aquele quarto ia ser escuro, sujo, entulhado, e o que ela vê é uma limpeza, um cuidado que ela não imaginava. Nesse momento ela encontra o outro, o desconhecido, aquilo que ela sempre procurou manter distante. E essa qualidade, essa clareza, essa limpeza e brilho do outro a chocam de uma maneira que faz desabrochar uma verdadeira torrente de pensamentos. Principalmente ao ver na parede do quarto um desenho mal feito, onde ela se enxerga a si mesma através do olhar daquele mesmo outro que ela desconhecia. A partir daí ela começa a pensar em como esse desconhecido a vê, em como ela construiu sua aparência para os outros. E ao abrir o guarda roupa ela encontra uma barata.
A partir desse encontro com a barata que ela esmaga na porta, ela começa a descrever a morte do bicho muito detalhadamente. Essa morte e a própria vida anterior da barata a levam a fazer reflexões muito cruas e puras sobre toda sua vida. Sobre morte, Deus, amor, rejeição, perda. E é um desespero. Por vezes eu me sentia como sendo puxada, levada por uma maré poderosa, muito além da linguagem. É uma cena muito rápida, muito banal, mas que G. H. transforma numa revelação. Ali ela pensa no que é Deus, no que é sua vida, no que é seu corpo, no que são os outros, no amor, enfim.
Acredito que a "paixão" se deva ao fato dessa revelação ser um tão desesperado encontro com aquilo que mais nos define, que mais nos faz mal, que mais nos assusta, e que pode ser chamado de paixão. Afinal o que é paixão senão isso, o encontro com o limite entre o humano e o divino, entre a vida e a não vida...?
Foi uma experiência! Não serei capaz de falar em tons acadêmicos sobre o texto. Posso falar sobre o que eu senti. Posso dizer que G. H. me puxou pra dentro e me mudou, pois muitas das reflexões dela eram também as minhas. A conclusão é uma desesperança, uma não chegada a lugar nenhum, mas algumas descobertas. E no fundo, um certo alívio por podermos voltar a vida cotidiana, fugindo desse encontro com o nosso eu, que nos persegue e nos aterroriza. Um livro para reler muitas vezes.
Alê | @alexandrejjr 16/01/2022minha estante
Obrigado por compartilhar a tua linda experiência, Kelly!


OceaneMontanea 16/01/2022minha estante
Oi, Alê! Essa observação é de muitos anos atrás, eu mudei o título e o skoo trouxe todas como se fossem de agora. Hahaha. Mas continuo achando isso mesmo.




Rafaela.Rezzadori 23/01/2023

Leitura difícil!
Acho que não estou pronta para ler Lispector. Minha segunda experiência e não curti... A leitura não fluiu bem, não me encantou.
felipe.gugel 09/03/2023minha estante
Hum, vc tem algo a dizer AGORA???

Brincadeira ????


Rafaela.Rezzadori 09/03/2023minha estante
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH Agora vou ter que ler de novo!




@freitas.fff 08/11/2021

Sobre o não ser, em dedicação ao estar
Acredito que não teria a maturidade e a capacidade de compreensão de um texto tão profundo se antes não tivesse conhecido Virginia, Hesse e um pouco do saber de Joyce. Quando uma grande amiga me indicou a leitura eu era apenas um amontoado de caos na pressa de viver que temos antes da maioridade. Mas enfim eu li, a compreendi, e também me apaixonei.

G.H. uma mulher complexa se completa quando enfim abandona toda a sua complexidade através da observação da vida sob a perspectiva da vida de uma barata. Ao longo do que parecem ser seus devaneios, ela na verdade conecta-se à vida, as questões existencialistas e transcende ao encontrar a semelhança entre todas coisas e seres em suas qualidades de impermanência.

A cada reflexão G.H. vai se despindo de suas camadas de ego humano, aceitando a ausência de sentido como o sentido próprio de tudo e todos. Em constante desconstrução ela consegue se despersonalizar e despadronizar enquanto ser humano em sociedade. E descobre em uma mescla de susto e fascínio a simultânea vida e morte que acontece dentro do mesmo tempo e espaço de nossas realidades falsamente construídas pelo nosso ego, como um silencioso e grandioso insight sobre a equidade.

Nessa obra surpreendente Clarice parece querer nos deixar nus frente aos nossos conceitos e pré conceitos, os quais desesperadamente nos apegamos para poder dizer quem somos, ou o que somos e qual o nosso propósito. Ela nos mostra o caminho tortuoso do não-ser, onde tudo e o nada coexistem, no qual todas as verdades são questionáveis e só existem num lugar íntimo que criamos dentro de nós, num mundo que construimos a nossa volta, essa bolha de existência. Estamos vivendo e vendo sem ver nem viver. Não é sobre ser, é sobre estar. É sobre o momento presente.

Gratidão primeiramente a própria Clarice, mas sobretudo também a minha amiga Cássia por me dar nas mãos essa oportunidade de crescimento, ainda que caótico e não totalmente compreendida, mas que me foi essencial. E sem dúvidas vai direto para os meus favoritos ??
May 10/11/2021minha estante
Estamos todes acometidos dum mesmo "mal", a vida. E pra mim essa narrativa nada mais é que a nudez do viver, e deixar viver, sentir, olhar e tão somente observar. Fico imaginando Clarice nesse tempo, com toda essa gente acelerada e deslumbrada, como ela olharia pra tudo que tá acontecendo, sei lá, mas gosto de pensar. Você, meu amigo, me transportou pro detalhe do livro, ausência. Gratidão


@freitas.fff 10/11/2021minha estante
??




970 encontrados | exibindo 31 a 46
3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR