A paixão segundo G.H.

A paixão segundo G.H. Clarice Lispector




Resenhas - A Paixão Segundo G.H.


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Serena 29/05/2009

Na última entrevista que clarice deu a cultura no ano de sua morte, ela diz que um professor não conseguiu absorver a mensagem de seu livro, e que ironica e contraditoriamente uma garota de 17 anos o tinha como livro de cabeceira!
Clarice não é uma questão de ser intelígivel, é sensorial!
Concy 24/08/2009minha estante
"Clarice não é uma questão de ser intelígivel, é sensorial!"



Bravo!





Lara 04/07/2021minha estante
Muito bom , senti vontade de chorar , surtei com G.H


Andrea.Karli 24/07/2023minha estante
sim, meu professor de literatura falou isso quando estávamos estudando Clarice Lispector e sim eu concordo muito. Um dia eu terei uma aula já formada para entender Clarice, mas por enquanto, apenas sentirei ela!


Celia132 26/02/2024minha estante
Maravilhosa Clarice! Recomendo a biografia dela,. Escrita por Benjamin Moser,me emocionei muito.




Alane.Sthefany 18/01/2022

Esse livro será eternamente uma "incógnita" ...
"Só sei que nada sei ..." - Sócrates ???

Essa frase resume o que eu sei desse livro ?

? Nota 4/5 ?

No princípio, eu não tinha entendido nada, após a minha incompreensão, deixei a minha "razão", de querer dar sentido e significado as coisas aqui escritas e apenas me apeguei em sentir o que de fato o livro queria me transmitir.

Esse livro será uma experiência diferente para cada leitor, pois durante a leitura, tudo que você é "HOJE", o que você acredita, seus anseios, experiências, exatamente todo o seu "EU", terá impacto em como entenderá esse "mundo" (A Paixão Segunda G.H), que é esse livro. ???

Recomendo bastante, mas aconselho a se desligar do seu lado "racional", digamos assim, e ir em busca do seu eu interior. Daquilo que não vemos, muitas vezes não percebemos, mas que existe e vive em cada um de nós. ?

Boa Leitura !!! ??

Só não surte igual a mim, que estava tentando usar o máximo meu cérebro e depois de perceber que eu estava entendendo, chegava a conclusão que não tinha entendido era absolutamente nada ???

.
Marcelo 15/04/2022minha estante
Ler Clarice Lispector é sempre um desafio. Estou tentando ler "A Hora da Estrela", apesar da dificuldade em perceber as nuances que ela coloca em seu texto, fugindo da história narrada para uma descrita, é interessante, mas não é algo que abraço diariamente.


Alane.Sthefany 15/04/2022minha estante
Sim, bem difícil a leitura dos livros dela (temos que pensar, usar o cérebro ?), engana aquele que ver 100, 150 pág, e diz que a leitura será rápida, kakakakakakaka... ?

Mas é muito gratificante e enriquecedor ??




3.0.3 06/02/2024

A morte que nos faz manusear a vida por baixo dos panos
“Este livro é como um livro qualquer. Mas eu ficaria contente se fosse lido apenas por pessoas de alma já formada. Aquelas que sabem que a aproximação, do que quer que seja, se faz gradualmente e penosamente – atravessando inclusive o oposto daquilo que se vai aproximar. Aquelas pessoas que, só elas, entenderão bem devagar que este livro nada tira de ninguém. A mim, por exemplo, o personagem G.H. foi dando pouco a pouco uma alegria difícil; mas chama-se alegria.”

Considerada figura de destaque na literatura brasileira, as obras de Clarice Lispector (1920-1977) têm significativa importância, e o livro A paixão segundo G.H. (1964) é considerado um dos trabalhos mais importantes da autora. Muitas vezes vista como uma escritora movida pela paixão, ela atribui à sua voz uma força que cadencia o ritmo das suas frases e que origina diversas ideias filosóficas. Clarice, inclusive, chega a sugerir que o conceito de infinito é arquitetado a partir de elementos finitos, entrelaçando, assim, os domínios mental e físico.

A sua escrita é movida pela diferenciação entre uma noção de eu e uma avassaladora torrente de sensações, que quase sempre nos deixa tontos. Ao captar as diversas vozes que sussurram ao pé de seu ouvido e manifestá-las na linguagem, compreendendo os seus mistérios, podemos dizer que Clarice Lispector tem essência de poeta, pois o que ela faz é uma espécie de alquimia com as palavras, transformando-as em algo encantador, atestando que “um mundo todo vivo tem a força de um Inferno”.

Por meio da dedicatória do livro, Clarice Lispector nos indica que embarcará em uma jornada com o leitor, assumindo a perspectiva de outro indivíduo, outra voz (ou vozes). Ao longo da narrativa, esse indivíduo a acompanha na busca pela transcendência, e o leitor se torna o pilar de apoio e consolo para G.H., que se vê isolada e desanimada, sem qualquer assistência.

A obra narra a vida mundana de uma mulher abastada de classe média alta que, em meio à sua rotina doméstica, se surpreende com a presença de uma barata dentro do quarto de Janair, sua ex-empregada. No entanto, ao percorrer o caminho até o cômodo, G.H. passa por um profundo conflito interior, suficiente para desconstruir a sua própria identidade. A partir desse ponto, ela embarca em uma viagem íntima, refazendo os passos de sua educação passada e investigando os aspectos de sua história presente. Nesse giro vertiginoso, desvenda ruínas de civilizações esquecidas, revelando o intrincado mosaico de vida que dela floresceu. É imperativo que G.H. confie em alguém. Para que ela cumpra o seu objetivo de dar movimento à sua existência, é urgente que ela encontre alguém que possa ajudá-la a compreender e a racionalizar a experiência que viveu e que ainda vive em si. Apesar de todas as tentativas, ela acha impossível guardar esse encontro com o seu eu mais íntimo.

O livro se desenrola no interior de um apartamento que funciona como um espécie de metáfora para a jornada interna da personagem G.H.. Nesse sentido, a presença de múltiplos significados fica evidente na obra, sobretudo as referências ao tempo e ao espaço, que assumem diversas interpretações, pois aqui “tudo olha para tudo, tudo vive o outro; neste deserto as coisas sabem as coisas”. Enquanto caminha em direção ao aposento de sua ex-empregada, a área de serviço transborda energias insólitas por todos os cantos do condomínio, e G.H. percebe que o ambiente é uma paisagem sem vida. Funcionando como uma espécie de rito de passagem, G.H. percorre toda a extensão do corredor para chegar ao aposento da ex-empregada. O corredor, nesse sentido, funciona como o caminho que conduzirá a protagonista para o interior de si mesma.

Quando chega ao aposento, G.H. experimenta uma profunda sensação de desapego e abandono. A atmosfera torna-se inquietante, levando G.H. a buscar a ordem em meio ao ambiente já organizado. Ela examina cada canto do pequeno aposento, que, apesar de também ser parte de sua casa, soa-lhe estranho. É durante esta exploração que G.H. descobre três esboços a carvão adornando as paredes, cada um representando um homem, uma mulher e um cachorro. Ao abrir o guarda-roupa, a barata surge na narrativa. O inseto olha para G.H., que a esmaga contra a porta da mobília. A partir desse momento, elas se veem presas. A barata perturba o psicológico da narradora, fazendo com que as suas emoções e os seus pensamentos desmoronem diante do inseto que não se cansa de perscrutá-la.

“Era uma cara sem contorno. As antenas saíam em bigodes dos lados da boca. A boca marrom era bem delineada. Os finos e longos bigodes mexiam-se lentos e secos. Seus olhos pretos facetados olhavam. Era uma barata tão velha como um peixe fossilizado. Era uma barata tão velha como salamandras e quimeras e grifos e leviatãs. Ela era antiga como uma lenda.”

Ao ultrapassar os limites da compreensão, G.H. desafia a própria essência da linguagem, chegando a um ponto em que as palavras não conseguem mais alcançá-la. No encontro entre G.H. e a barata, a sedução surge como força dominante. A natureza repulsiva do inseto se transforma em algo sagrado, criando uma linguagem que nos permite experienciar todas as nuances em seu mais profundo absurdo. Porém, como menciona a dedicatória, só quem tem a “alma formada” é capaz de decifrar o furacão dessa linguagem, indicando-nos que a vida deve ser sentida pelo poder que as palavras emanam. Libertando-se das fronteiras das normas, ela embarca numa busca aterrorizante, sem retorno. A substância que escorre da barata traz profundas revelações e expõe o seu lado mais oculto. Aquilo que se esvai do inseto é o que se esvai da narradora: a sua humanidade em uma explanação vívida que envolve todos os sentidos.

Quando G.H. descobre o oposto da linguagem como canal para outros significados, o seu próprio nome já não é capaz de defini-la. Ela percebe que as iniciais G.H. marcadas nas malas estão desbotadas. Não há como voltar mais ao seu estado anterior, quando o seu nome era suficiente. A urgência de compartimentar as experiências do mundo a faz perder a verdadeira compreensão das coisas, e a substância branca que vibra dentro da barata intervém nos instantes mais comuns para resgatá-la desse abismo.

Estabelecer um diálogo entre A metamorfose (1915), de Franz Kafka (1883-1924), e A paixão segundo G.H. é inevitável. Apesar das diferenças, ambas exploram o tema da metamorfose, embora a natureza das transformações vividas pelos personagens seja muito diferente. Gregor Samsa sofre uma transformação física que foge ao seu controle, enquanto G.H. sofre uma transformação interna voluntária. Os estilos de escrita empregados nessas obras também divergem significativamente. Narrada na terceira pessoa, a obra de Kafka é concisa e objetiva. Por outro lado, A paixão segundo G.H é introspectivo e subjetivo, escrito na primeira pessoa. As conexões livres e o fluxo de consciência da obra criam uma sensação de angústia e deslocamento. Em síntese, ambas as obras apresentam baratas, mas com propósitos contrastantes: a de Kafka simboliza a desumanização de Gregor Samsa, enquanto a de Clarice simboliza a humanização de G.H.

A Paixão Segundo G.H. é uma obra que explora os aspectos da condição humana, buscando a espiritualidade e a autenticidade. Embora o livro aborde temas profundos, Clarice Lispector entrelaça as trivialidades da vida cotidiana com muita habilidade, usando detalhes aparentemente mundanos como catalisadores para as profundas revelações que se desenrolam ao longo da narrativa. Segundo Clarice, inclusive, a maioria das pessoas permanece alheia à verdadeira essência da existência, contentando-se em viver num estado de confortável ignorância, evitando a terrível revelação que as espera.

A potência que existe na linguagem surge como uma ferramenta para explorar esses temas profundos e complexos. A paixão segundo G.H. desvenda as nossas verdades mais secretas ao desvendar as diferentes facetas que compõem a nossa existência. É uma obra que embarca o leitor numa viagem turbulenta em direção às nossas regiões mais densas. Com o apoio dele, ela descobre que abraçar a alteridade é uma jornada emocionante. O texto literário é crucial para refletir a autopercepção, servindo como canal para que o autor rascunhe a imagem daquilo que é ou finge ser. É por meio da linguagem que o leitor e o autor convergem e constroem os seus próprios mundos.

“Mas, se eu não forçar a palavra, a mudez me engolfará para sempre em ondas. A palavra e a forma serão a tábua onde boiarei sobre vagalhões de mudez.”
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Nado 30/12/2020

Incrível como Clarice faz o leitor viajar com a sua dança de palavras.
A obra tem uma premissa que poderia ser trivial: "uma mulher que reflete sobre a sua vida diante de uma barata morta". Mas o que Clarice faz com o texto é o que se pode exemplificar melhor como a mágica que a literatura pode fazer.
Recomendo a leitura.
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pl.tai 12/08/2022

Livro denso demais para uma única leitura.
Só hoje, dias após ter terminado o livro, eu me senti pronta para falar sobre ele. Antes de lê-lo, eu não sabia nada a seu respeito, exceto pela cena icônica da barata sendo... Bom, eu não sabia nada, e isso fez com que eu me confundisse. Sobre alguns aspectos ainda estou confusa, mas acredito ter captado a ideia principal.

Desde a sua origem, o homem foi mudando por conta dos acréscimos da "evolução", e da vida neutra e simples ? como a vida das baratas ? passamos ao que somos hoje: seres que seguem rituais impostos, que mentem, que discriminam, que vivem de aparências, que se sentem superiores às outras espécies...

Depois de analisar a crítica que a empregada Janair deixara na parede do quarto, G.H. abre o armário e se depara com uma barata. Ao sentir nojo, sua epifania começa. A mulher percebe que só somos diferentes das baratas porque carregamos esses acúmulos da humanidade.

"Por que teria eu nojo da massa que saía da barata? não bebera eu do branco leite que é líquida massa materna? e ao beber a coisa de que era feita a minha mãe, não havia eu chamado, sem nome, de amor?"

Então G.H. passa a querer voltar ao início, à origem, pois lá somos como as baratas ? ou como qualquer outro ser vivo. Voltando à origem, ela se despiria de suas características advindas dos acúmulos, passaria a ser realmente viva. Não iria mais apenas sobreviver sendo aquilo que a sociedade e a "evolução" inventaram que é o certo.

"O único destino com que nascemos é o do ritual. Eu chamava 'máscara' de mentira, e não era: era a essencial máscara da solenidade. Teríamos de pôr máscaras de ritual para nos amarmos. [...] Ah, o amor pré-humano me invade."

Após decidir que, sim, voltaria ao "pré-humano", a protagonista começa a pensar em como faria isso.

"A despersonalização como a destituição do individual inútil ? a perda de tudo o que se possa perder e, ainda assim, ser. Pouco a pouco tirar de si, com um esforço tão atento que não se sente a dor, tirar de si, como quem se livra da própria pele, as características. Tudo o que me caracterizava é apenas o modo como sou mais facilmente visível aos outros e como termino sendo superficialmente reconhecível por mim. Assim como houve o momento em que vi que a barata é a barata de todas as baratas, assim quero de mim mesma encontrar em mim a mulher de todas as mulheres."

Quando G.H. se sente confiante no seu objetivo, faz o que faz com a barata. Faz porque precisa sentir, literalmente, aquilo que permanece inocente, que permanece na origem.

E é sobre isso que o livro reflete, sobre a paixão ? alusão à paixão de Cristo ?, a dor que a vida humana pode ser até o momento da glória, da redescoberta da neutralidade, da simplicidade, da origem.

"Sei que parece que estou tirando a tua e a minha humanidade. Mas é o oposto: estou querendo é viver daquilo inicial e primordial que exatamente fez com que certas coisas chegassem ao ponto de aspirar a serem humanas. Estou querendo que eu viva da parte humana mais difícil: que eu viva do germe do amor neutro, pois foi dessa fonte que começou a nascer aquilo que depois foi se distorcendo em sentimentações a tal ponto que o núcleo ficou sufocado pelo acréscimo de riqueza e esmagado em nós mesmos pela pata humana."

A epifania de G.H. passa por diversos pontos, mas esses eu ainda não absorvi completamente. Por isso ? e para ter a experiência já conhecendo o seu significado principal ? acho que a releitura desse livro é indispensável. Espero fazê-la em breve.
Joao 12/08/2022minha estante
Resenha sensacional!!!


Milena.Saleh 13/08/2022minha estante
Realmente fora da curva a tua descrição do livro. Deu mt vontade de ler!


pl.tai 13/08/2022minha estante
Obg! Não é a leitura mais prazerosa do mundo, mas é bem interessante.


Alê | @alexandrejjr 13/08/2022minha estante
Excelente análise, Tainá! Texto muito bem argumentado onde a gente acompanha a tua linha de raciocínio juntamente com trechos do livro, clareando ainda mais a tua exposição. Eu também estou devendo a mim mesmo as minhas impressões de ter lido "Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres", que é um romance bem acessível da Clarice, mas igualmente profundo, como todos os escritos dela. Obrigado por compartilhar conosco a tua experiência!




Craotchky 30/12/2022

De quimeras mil, um castelo ergui
Cá estou eu, uma vez mais escrevendo sobre ela, ainda que já tenha dito que dissertar sobre Clarice é esse tanto difícil. Revelar Clarice é tentar expressar o indizível; é tentar concluir o indefinível; é tentar responder ao núcleo da vida. Sei que escrever sobre Clarice é sempre um risco. Portanto, não vou falar sobre ela. O que segue abaixo, bem lá no fundo, é apenas uma declaração de maravilhamento.

A paixão segundo GH não é um livro que se entregue facilmente. Talvez seja mesmo a obra mais arisca da autora. Minha leitura foi uma perpétua perseguição, em parentesco com a tarefa de Sísifo. Assim que eu apreendia o que Clarice estava querendo dizer, ela já dava um jeito de se evadir. (Quem a conhece sabe como Clarice é escapadiça.) O jeito é compreender que "[...]a aproximação, do que quer que seja, se faz gradualmente e penosamente[...]". Restam duas possibilidades: ou nos perdemos em espaços hostis, ou nos percebemos fora do mundo possível (é que Clarice às vezes me expulsa de mim); pelo menos ainda temos o direito ao grito.

Ao descobrir a barata, esse ser tão ancestral quanto a própria Clarice, no interior da caverna da empregada, GH tem sua iluminação. Em sua epifania, GH como que esbarra em certa Verdade, certo Segredo, certo conhecimento supremo nos arredores do Mistério. Passa então a se descascar diante da barata. Através de seu contato com o inseto passa a se desconstruir como se regredisse no tempo conforme de descolasse das convenções, dos padrões de comportamentos, das noções artificiais da civilização, em busca de sua origem selvagem, sua condição primitiva e desnuda.

Eis a via-crúcis de GH, que parece pretender renascer sem as sequelas da carne humana; mas para se criar novamente ela precisa se queimar como uma Fênix, e por isso como que inaugura uma nova espécie de processo genealógico, consciente desde o princípio de que tudo que sabemos sobre o mundo, a vida e o que entendemos quanto a nós mesmos não passa da Mentira descartável. E ao provar o gosto da queda através da hóstia branca da barata, ela como que se desmisterifica, abandona a bagagem civilizatória, a sopa cultural; se desumaniza na essência; fica só em alma viva... Essa é a profunda obsessão pelo selvagem coração da vida.

Clarice provoca e inquieta.
Clarice causa espasmos.
Clarice desampara e machuca.
Clarice faz nascer desassossegos.
Clarice é um autodevorar-se.
Clarice é um autopsiar-se

Clarice é simultânea em mim.
E nossa!, o quanto me custa ser Clarice nessas fatias do eterno!

É que viver é meio que um modo de Clariceficar-se.
Craotchky 30/12/2022minha estante
CURIOSIDADES:
? Clarice chegou a afirmar, em entrevista publicada no Jornal do Commercio, 18 dez. 1977., que GH foi o melhor romance que escreveu.
? Segundo alguns críticos, as iniciais GH supostamente significariam Gênero Humano, em uma possível intenção da autora de universalizar a personagem. (Pessoalmente acho bonita essa interpretação)
? Para mim uma das partes mais difíceis de qualquer texto é o título. Para essa resenha pensei em alguns outros: Palavras que fazem mais do que dizer; Paixão: uma queda para cima; Clarice: gênese e apocalipse; ...e a vida fermentando por baixo; Uma brecha no cerne do mundo; És fascinação.


Nath 30/12/2022minha estante
? Melhor resenha do ano que vc fez! Realmente vc pegou bem a cerne do que Clarice quis passar com a história de comer a batata.. GH abandonou a bagagem civilizatória e voltou a essência da criação da vida


Nath 30/12/2022minha estante
Jornal do Comercio é o maior jornal daqui de Recife. Não sabia dessa entrevista. Vou procurar.


Craotchky 30/12/2022minha estante
Que? Comer BATATA?!!? Nem percebi que GH comeu batata além da barata. Glutona ela! HHAHAAHAHAHAHAH
Quanto à entrevista menciona, ela está referenciada na página 456 (na edição que tenho) da biografia escrita pela Nádia Gotlib.


Nath 03/01/2023minha estante
? O corretor me trolooou!! Eu quis dizer BARATAAA! Aff ? Procurarei essa entrevista; como eu disse, o Jornal do Comércio é o maior jornal daqui de Recife.


Alberto.Tisbita 27/01/2023minha estante
Caramba, que resenha foi essa?!


Craotchky 27/01/2023minha estante
Valeu, Alberto. Clarice acho que inspira!


Mano Beto 30/01/2024minha estante
"É que viver é meio que um modo de Clariceficar-se." Rapaz, fiquei impressionado. Parabéns! Não só pela resenha, mas por você escrever tão bem também! Foi o primeiro livro que li dela e fiquei sem palavras por vários momentos (nunca marquei tanto um livro com caneta marca texto rs).


Craotchky 03/02/2024minha estante
Obrigado, Mano. se você fez tantas marcações só pode ser em razão de ter gostado esse tanto. Recomendo o Livro do desassossego. Pode lembrar Clarice em termos de linguagem. Com certeza você quererá fazer inúmeras marcações nesse monumento do Fernando Pessoa.


Mano Beto 05/02/2024minha estante
Anotada a dica meu meu caro! Muito obrigado!


Craotchky 09/02/2024minha estante
Bem, aproveite, Mano!




Isadora1232 21/12/2020

Um convite ao mergulho em nossos próprios abismos
Terminei de ler ?A Paixão Segundo G.H.?, há algumas semanas, totalmente sem palavras. Esse é um daqueles livros que permanecem dentro da gente por muito tempo após a leitura, evoluindo e acompanhando nossos pensamentos. Somente hoje senti segurança pra escrever sobre ele.

G.H. é uma mulher de classe média alta (bastante elitista, pra ser sincera) que, após uma visita ao quarto da empregada recém-demitida, toma a coragem de atravessar o vazio do ser e, para tanto, pede nossa mão para que a acompanhemos. Quem é esta mulher além do que a sociedade lhe atribui e além de suas iniciais ostentadas em suas malas?

Damos a mão a G.H. não para compreendê-la, mas para senti-la. Pra atravessar o deserto proposto por Clarice, é fundamental que deixemos um pouco de lado a fome do nosso lado racional ? a urgência que temos em tentar ver sentido em tudo.

O livro mantém em todas as suas páginas um tom epifânico, metafísico. Em muitos momentos, e em especial no primeiro capítulo, a experiência foi pra mim quase transcendental. 
Agora entendo a fama de que o que Clarice Lispector faz não é literatura mas sim magia.

"Ouve, por eu ter mergulhado no abismo é que estou começando a amar o abismo de que sou feita".
jade martins 21/12/2020minha estante
resenha incrível, terminei de ler recentemente também e não sabia como expressar o que li, mas você conseguiu ??


Isadora1232 21/12/2020minha estante
Aaaa que linda ? obrigada Jade! Clarice me deixa totalmente sem palavras. Não há muito o que falar, e ao mesmo tempo qualquer coisa que falamos sobre ela soa como uma análise simplista e superficial. Só lendo mesmo pra sentir a grandiosidade dessa obra ?


Andre392 21/12/2020minha estante
Nossa essa resenha foi tudo Isadora! Excelente! ??... Eu sou suspeitíssimo pra falar de Clarice kkkk... Fã mesmo da Diva! ?


Isadora1232 22/12/2020minha estante
Obrigada André!! E obrigada pela oportunidade de lermos juntos essa pérola ?


Carlos 02/01/2021minha estante
Muito boa a sua resenha, parabéns.


Isadora1232 04/01/2021minha estante
Muito obrigada, Carlos!


Alê | @alexandrejjr 10/09/2021minha estante
A resenha é extraordinária mesmo. Parabéns, dá muita vontade de furar a fila e pegar o livro pra ler agora!


Isadora1232 10/09/2021minha estante
Muito obrigada Alê! Nossa, esse livro é excelente! Uma viagem que em alguns momentos até fez minha cabeça doer kkk mas uma experiência única mesmo! Vale a pena dar uma chance


Douglas Finger 04/04/2022minha estante
Este livro é porreta de mais!




Cleber 15/03/2021

Que leitura instigante!
Tomei coragem de ler esse livro através da leitura coletiva do canal lerantesdemorrer e gostei muito. Ainda estou processando o modo filosófico em que a Clarice nos conta a história, em vários trechos eu voltava para ver se era aquilo mesmo o que eu achava que tinha entendido. Valeu muito a pena a leitura, principalmente com o apoio da leitura coletiva.
Eliana 25/03/2021minha estante
Eu também faço as leituras coletiva do Ler antes de morrer, e esse em especifico me deixou muito confusa, mas irei ler novamente. Não desisti.




*Carina* 03/07/2010

Uma mulher mata uma barata. Dito assim, fica difícil acreditar que esse livro possa ser bom. Realmente, bom não é o adjetivo que usaria para "A paixão segundo G.H.". Eu diria - estou dizendo, aliás - que é um livro intenso, cortante, angustiante, demasiadamente lindo e absolutamente aterrador. Tenho sempre muita dificuldade em falar sobre leituras como essa, leituras que me tomam e me transformam, das quais não consigo apreender nenhum conceito ou saber, mas apenas vivo-as como se fossem parte de mim. E sobre "A paixão segundo G.H." o que tenho a dizer é que foi uma leitura mortificante. Morri com a barata que G.H. esmagou, e voltei à vida com as palavras da mesma G.H. - mas minha vida nunca mais foi a mesma.
Citando Clarice (que diz de mim melhor do que eu jamais poderei fazer): "Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável."
Leiam. Deixem partes de si pelo caminho. É preciso morrer um pouco para, então, viver.
Pris 10/11/2010minha estante
É preciso morrer um pouco para, então, viver.


Jacy 31/07/2012minha estante
"...assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável." depois de ler essa frase fiquei louca para ler o livro. Parabéns pela sua ótima resenha!


Juh 14/12/2012minha estante
Mesmo ele sendo confuso demais ele te faz refletir sobre tudo, mas se ele não fosse confuso ele não seria escrito por Clarice


Qlucas 16/07/2021minha estante
Adorei sua resenha.




Murphy 06/09/2023

"Sou cada pedaço infernal de mim."
Não vou dizer que é uma leitura fácil e leve, porque nada da Clarice Lispector é assim. Ler esse livro foi como gritar no escuro até ficar rouca. Clarice é intensa, não suave. Ler seus livros não é simplesmente entender as palavras e frases, acho que é realmente uma experiência sensorial. O mais bacana é que conseguimos perceber que ela é exatamente como seus livros; transmite uma sensação estranha, e uma sabedoria e amargura impressionante, conseguimos sentir que ela não espera mais nada de nada nem de ninguém, e a escrita dela é sua maior força de expressão.

Transmitir um sentimento em palavras é um dom incrivelmente raro, e a Clarice consegue evidenciar e moldar isso de uma maneira tão complexa que é como se olhássemos para um nada todo cheio de algo que não fosse nada.

Em "A Paixão Segundo G.H.", Clarice nos leva por uma viagem literária profundamente introspectiva. Nesta obra, acompanhamos G.H., uma mulher da alta sociedade que decide realizar uma limpeza no quarto da empregada. O que parece ser uma atividade mundana, mas rapidamente se transforma em uma jornada filosófica.

O ponto de virada ocorre quando G.H. esmaga uma barata com a porta do armário. Esse evento trivial desencadeia uma avalanche de reflexões existenciais. A autora habilmente nos guia pelos recantos mais profundos da mente de G.H., enquanto ela questiona a própria natureza da realidade, a separação entre o eu e o outro, e até mesmo o significado da vida. Quando parece que você começa a entender o livro, você percebe que não entendeu nada, a falta do sentido é o verdadeiro sentido, G.H. é uma incógnita porque é real, são sentimentos reais, são realidades imateriais que ao serem materializadas ficam sem explicação, sem sentido nenhum. Afinal, o que é que faz sentido nessa vida?

O livro desafia as convenções literárias tradicionais, oferecendo uma narrativa que é ao mesmo tempo desafiadora e gratificante. À medida que acompanhamos G.H. em sua jornada de autorreflexão, somos empurrados a refletir sobre nossas próprias vidas e identidades.

Acho que não é possível ler algo da Clarice e ter um psicológico inabalável, a mulher simplesmente adentra tua mente e abala completamente sua estrutura, eu comecei a ler esse livro completamente feliz comigo mesma, e quando cheguei na página 5 já estava chorando e pensando "o que eu estou fazendo da minha vida?". É incrível. Eu ofereci minha mão inconscientemente a G.H. e quando ela soltou, me senti tão sozinha que percebi que durante duas semanas eu fiz com que a G.H. fosse minha terceira perna. Me sinto vazia e acuada. Não sei como vou prosseguir, mas vou tentar lidar com essa crise existencial e levar esse livro gravado na alma. (destruiu meu psicológico....recomendo).
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Jeison 22/07/2011

A Paixão Segundo G.H
Existem dois livros que eu escolhi nunca fazer uma resenha. Um deles é A Paixão Segundo G.H. Eu não tenho absolutamente nada para falar do livro, ou tenho tantas coisas que jamais conseguiria falar tudo. O momento foi o mais inoportuno para lê-lo, o livro foi o livro mais inoportuno para o momento. E as inoportunidades arrancaram-me brutalmente a terceira perna. E o que escrevi aqui não é resenha, é não-resenha. Que fique registrado.
Lamyla 24/05/2013minha estante
Tentei ler este livro numa fase não muito boa da minha vida, ainda era uma menina com 14 anos. Não lembro o motivo, mas abandonei a leitura, agora lendo sua 'não-resenha' me peguei com desejo de ler novamente, quem sabe dessa vez até a última página do livro.


Jeison 24/05/2013minha estante
Oi, Lamyla!
Acho que todos os leitores de Clarice concordam que você precisa estar no momento certo, no estado de espirito certo para ler os livros dela.
Confesso que lendo alguns trechos do livro depois, eu não entendi por que ele tinha me arrebatado tanto. Mas algum tempo depois eu entendi tudo de novo! hehehe




Max 15/03/2024

Clarice? Não entendo tudo, mas amo!
Este é sem dúvida o melhor livro que li de minha eterna "crush".
Aqui a autora, em minha humilde opinião, alcança o ápice de sua capacidade provocativa acerca do humano. Sua ardilosa técnica de ir de mansinho, quase carinhosamente, levando-nos da mansidão ao desespero sem sentir...
Sua escrita cheia de aforismos, quase poesia, contendo um reunido de indagações puramente Kafkanianas, Drummondianas, Dostoievskinianas, ufa...
E de onde vem tudo isso?
Da cabeça de uma mulher, uma mulher como só o é Clarice Lispector!
Super recomendo!
Regis 15/03/2024minha estante
Que resenha instigante, Max! ????


Léo 15/03/2024minha estante
Adorei a resenha, Max, coloquei o livro na lista. Rsrs ?
Estou lendo um livro de contos dela e estou encantado pelo jeito que ela escreve...


Max 15/03/2024minha estante
Obrigado, querida Régis! ?
Culpa da Clarice! ?


Max 15/03/2024minha estante
Obrigado, amigo Léo!


Mel 16/03/2024minha estante
Parabéns pela resenha, Max!! Sua escrita é divina, querido!! ?


Max 16/03/2024minha estante
Obrigado, Mel, pela generosidade! ?


priscyla.bellini2023 18/03/2024minha estante
Preciso ler, também amo dona Clarice. ?


Fabio.Nunes 19/03/2024minha estante
Clarice é incrível Max! Só li a hora da estrela e fiquei embasbacado. Agora com essa dica sua aí, já tô correndo atrás.




bibia 08/10/2023

A paixão segundo G.H.
Com meus míseros 15 anos, eu não diria que sou exatamente o tipo de pessoa adequada para essa leitura, não me considero uma pessoa de alma já formada. Mas entrei na aventura de sentir todas as emoções destacadas por G.H.

G.H. era uma mulher que tinha tudo que uma pessoa pode querer na vida: boa condição financeira, uma casa de luxo, sucesso profissional. Mas ao ver suas próprias fotos, ela não se identificava com si mesma, não acreditava na veracidade do sorriso estampado no seu rosto. Ao demitir sua empregada, resolve limpar o quarto da mesma para a chegada para próxima empregada. No armário do quarto ela se depara com uma barata e, a partir desse trama, G.H. experimenta várias sensações numa busca por si mesma, numa busca por amor.

A leitura gira em torno de existência, desilusão, pecados, coisas imundas e amor.

Tentar entender o que Clarice quis dizer com uma livro onde ?a mulher come a barata? é impossível. O livro é para ser sentido. A leitura faz você entrar em um mix de sentimentos na busca por sentir de G.H.

G.H queria sentir. Ela queria buscar sensações além da vida humana. Queria entender o sentimento do amor e se encontrar com esse desafio.

Como disse a própria protagonista, ?um amor que não senão aquilo que sente? e A paixão segundo G.H. é exatamente isso.

Essa é a segunda obra que eu leio de Clarice Lispector, a confusão na mente foi esperada, mas com cada livro eu sinto ainda mais necessidade de ler o tanto que Clarice que eu conseguir na vida.

Indico muito muito!
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Giselle Abreu 19/03/2021

Perfeito!
As obras da Clarice são simplesmente fenomenais!! Amei essa leitura! Ansiosa pros próximos livros dela.
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