Natureza e Missão da Teologia

Natureza e Missão da Teologia Papa Bento XVI




Resenhas - Natureza e Missão da Teologia


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Krauss 30/04/2020

Ótima leitura para quem quer entender melhor sobre a teologia cristã.
Joseph Ratzinger em seu pequeno livro Natureza e Missão da Teologia faz um grandioso serviço à Igreja. Sobretudo a nós, novos estudantes da teologia. Com maestria e vasto conhecimento, o então Cardeal Ratzinger discorre sobre todo sentido da teologia cristã, recordando quais são seus pressupostos e a sua natureza mesma. Do teólogo, recorda o purpurado, são esperadas muitas coisas. É ele quem deve ensinar aos homens de nossos tempos o sentido das palavras do evangelho e das tradições cristãs. É do teólogo também que se espera uma capacidade de responder aos anseios transcendentes do homem do presente. É dele também esperado uma sóbria discussão ecumênica e com o mundo moderno e seus temas.
Entretanto, e faz necessário que, ao fazer teologia, o teólogo nunca se esqueça de certos conceitos que lhe dão sua base. Pois se assim não for, a teologia corre sério risco de deixar de cumprir sua missão. Missão esta que se evidencia ao longo da história, de auxiliar os fiéis a estarem prontos a dar a razão de sua fé. E assim chegamos ao começo do livro, a relação entre a razão e a fé. Essa é uma relação de necessária harmonia para que possa existir uma verdadeira teologia. Afinal sem uma verdadeira fé, não há sobre o que fazer teologia. A fé nasce como o motor de uma resposta ao amor recebido de Deus. A fé busca o intelecto porque ama aquele em quem crê. Também sem uma verdadeira razão não se faz teologia. Afinal, a fé não é irracional, em contrário, ela busca compreender melhor, pois ama e quer amar melhor. Portanto, razão e fé são e devem ser aliadas na busca da ciência teológica.
Seguindo seu raciocínio, o autor continua recordando que só faz teologia aquele que se converte ao Cristo. É necessária uma profunda adesão à vida de Cristo a ponto de, tal como o apóstolo Paulo – viver em Cristo, mas não em si mesmo. Só o novo homem em Cristo que não mais vive seu egoísmo, mas vive a vida de Cristo na Igreja é capaz de ser verdadeiro teólogo. Afinal, o teólogo não pode comunicar a si mesmo, nem tampouco simplesmente suas próprias ideias. Ele é sobretudo aquele que, conhecendo Cristo, descobriu a Verdade e se apaixonou por ela. Quem conhece a verdade é libertado e busca melhor compreendê-la.
E assim se alcança no texto mais um risco à teologia cristã. O de querer se tornar apenas mais uma ciência entre tantas. O fato de a teologia hoje ser ainda ensinada nas universidades e não nas dioceses, trouxe certamente grandes benefícios. É inegável que o fato de que dentro do meio acadêmico ainda se falar de Deus, da fé e dos anseios transcendentais do homem seja realmente assombroso, afinal nossa sociedade se seculariza cada vez mais. No entanto o teólogo acadêmico corre o risco de se perder da Igreja. Perdendo-se do povo de Deus, dos pequeninos de Deus, o teólogo demasiado acadêmico tende a esquecer-se da fé do povo, da simplicidade do Pai, que quis revelar seus mistérios não aos sábios, mas aos que pouco sabem.
Ratzinger chega ao fato de que os altivos teólogos academicistas esquecendo-se dos pequenos e da Santa Igreja, perdem-se numa teologia abstrata, que nada tem a dizer à fé do povo, e passam a encarar então o Magistério da Igreja como um tribunal inquisidor. Pois quando o Magistério Sagrado busca com sua autoridade relembrar esses teólogos, usando de seu múnus de ensino, que sua teologia deve ser fiel a tradição da Igreja, esses são vistos como tiranos em busca de cercear a “liberdade acadêmica” em fazer ciência. No entanto como pode ser possível que haja uma ciência teológica desconexa da unidade e comunhão eclesial? Como pode ser possível haver uma sã teologia que se esqueça dos anseios dos pequeninos? É certamente impossível chamar esse produto de teologia. Sendo apenas um desserviço ao povo de Deus.
Em suas linhas o Cardeal Ratzinger nos elucida com seu estilo muito claro e sóbrio, sempre a cada página aprendemos mais, não há uma linha sequer desperdiçada em repetições. Ao longo da leitura percebemos que fala com paixão sobre os teólogos modernos, sendo ele próprio pertencente a esse grupo e estando à frente da congregação da doutrina da fé, fala com muita propriedade, pois já rebateu diversas vezes aqueles que se dedicaram a fazer uma teologia dissociada da Igreja e de seu magistério. É uma leitura que prende a atenção do leitor do começo ao fim.
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